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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Privataria Tucana e o livro de Aloysio Biondi

Por Jasson de Oliveira Andrade

O livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. é um fenômeno de vendas. Segundo consta da capa do livro, a obra revela “a fantástica viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas”. Fantásticas e estarrecedoras. Em um capítulo do livro, Amaury comenta o livro de Aloysio Biondi, “O Brasil Privatizado”, que trata do mesmo assunto, mas A PRIVATARIA TUCANA é mais completo, visto que trata da lavagem de dinheiro, baseado em documentos da CPI do Banestado, desconhecidos por Biondi. Em 1999, escrevi um artigo, publicado pelo Jornal do Guaçu, que já não existe mais. O que se vai ler a seguir, é o que escrevi naquela época.

O BRASIL PRIVATIZADO
JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE
“O economista Aloysio Biondi escreveu um pequeno grande livro, focalizando as privatizações no Brasil. Por esse livro, “O Brasil Privatizado”, podemos constatar que existem privatização e “privatização”. A respeito da primeira, ensina Biondi: “A febre da privatização e o impulso ao chamado neoliberalismo teve seu ponto de partida na Inglaterra, com a primeira-ministra Margaret Thatcher. Mas mesmo a “dama de ferro” fez tudo diferente do governo Fernando Henrique Cardoso: a privatização inglesa não representou a doação de empresas estatais, a preços baixos, a poucos grupos empresariais [como aconteceu no Brasil]. Ao contrário: seu objetivo foi exatamente a “pulverização” das ações, isto é, transformar o maior número possível de cidadãos ingleses em “donos” de ações, acionistas das empresas privatizadas”.
Já a “privatização” à brasileira (Collor e FHC) é diferente. Ao invés de democratizá-la, concentra a venda a poucos privilegiados. Além disso, existiram facilitações, as quais, segundo Biondi, transformaram-na em um “negócio da China”. Praticamente, a “privatização” foi uma doação.
E os benefícios que as “privatizações” trouxeram ao Brasil? Segundo Biondi, o governo dizia que o dinheiro arrecadado com a venda serviria para reduzir a dívida interna (do governo federal e dos estados). O economista afirmou que aconteceu o contrário: “o governo “engoliu” (assumiu) dívidas de todos os tipos das estatais vendidas, isto é, a privatização acabou por aumentar a dívida interna”. Disse ainda Biondi: “as empresas multinacionais ou brasileiras que “compraram” as estatais não usaram capital próprio, dinheiro delas mesmas, mas, em vez disso, tomaram empréstimos lá fora para fechar os negócios. Assim, aumentaram a dívida externa do Brasil. (…) Em resumo: as privatizações agravaram o “rombo” externo e o “rombo’ interno. A política de crédito do BNDES (aos “compradores”) agravou a recessão (e, conseqüentemente, o desemprego)”.
Um fato revelado pela VEJA (14.06.1995, página 62) confirma as revelações de Aloysio Biondi. A revista diz que o líder sindical Luiz Antônio Vieira Albano (Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda) e fundador do PT, “desde 1990, quando brigou com os colegas do sindicato para sair em defesa da privatização, começou a melhorar de vida. Por baixo seu patrimônio é calculado em 500.000 dólares”. Albano declarou à VEJA: “Se todos ganharam com a privatização porque o neguinho aqui não iria ganhar? “ Sem comentários!
Outro fato que endossa as críticas de Aloysio Biondi são as declarações do empresário Antonio Ermírio de Moraes ao jornalista Antonio Carlos Seidl (Folha, 3/11/1999). Ao comentar a decisão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de financiar grupos estrangeiros no leilão (privatização) da energética paulista Tietê (CESP), ele disse: “Para o capital de fora é até vergonhoso [na minha opinião vergonhoso foi FHC permitir isso]. Que tragam o seu dinheiro para cá. Nós somos pobres e eles são milionários. Por que precisam da gente? [gente aí é FHC]. É UM ABSURDO (destaque meu). O ponto básico é esse: tragam o dinheiro para cá, mas não chupem os cofres daqui, que já são tão limitados”.
Eis aí o retrato do “Brasil privatizado”. Pelo menos Collor (Fernando I) e FHC (Fernando II) poderiam ter imitado Margaret Thatcher!
A frase do liíder sindical à Veja, em 14/6/1995, tornou-se atual com a publicação do livro “A Pirataria Tucana”.
JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE é jornalista em Mogi Guaçu.
Dezembro de 2011

VIA: http://humbertocapellari.wordpress.com/2011/12/26/a-privataria-tucana-e-o-livro-de-aloysio-biondi-por-jasson-de-oliveira-andrade/

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