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domingo, 24 de junho de 2012

em 10 suaves prestações (epílogo)


― Então a senhora não sabia? Aquela região é campeã desse tipo de ocorrência, ali, já viu, tem de ficar de olho no gato e na frigideira. Ainda mais, mulher sozinha em carro sem insulfilm... ― o escrivão me atendia com uma, para mim, incompreensível má-vontade; talvez o meu caso estivesse piorando as estatísticas daquela delegacia. ― Trouxe o meu carro... se vocês quiserem dar uma olhada, sei lá, periciar... ― Periciar?! A senhora anda assistindo CSI demais, viu como é que a coisa tava lá na sala de espera? ― o subtexto era claríssimo: com tantos casos piores para dar conta, ocorrências banais se encerram com o preenchimento de um papel. ― Não tem, tipo, um álbum com fotos para reconhecimento? Quer dizer, não é que eu tenha visto grande coisa... ― pela cara que ele fez, percebi que era hora de me retirar. Estava a ponto de desacatar uma autoridade no cumprimento de suas funções, imaginem, sugerir que algo deveria ser feito. Irmanando amigos e autoridades, e até os próprios ladrões, havia um curioso discurso convergente: melhor esquecer, pôr uma pedra em cima do assunto, já que não tinha acontecido “nada” comigo. O dinheiro era o de menos. Bloqueei todos os cartões roubados com facilidade. O problema foi negociar o prejuízo com os bancos; só os dois cartões vinculados a conta corrente e poupança haviam sido usados para saques no valor de quinhentos reais cada. O Santander devolveu-me integralmente a quantia roubada com a apresentação do boletim de ocorrência e o extrato de movimentação. No Banco do Brasil a conversa foi bem outra. ― Olha, se a senhora quiser, dá pra preencher este formulário de solicitação de ressarcimento... mas é política do banco, senhora, precisa quitar o empréstimo primeiro. Um detalhe: os caixas eletrônicos das agências oferecem empréstimos pré-aprovados na tela inicial dos aparelhos; de posse da senha, os seqüestradores contraíram um empréstimo de mil reais que o banco com o nome do meu país agora me dizia que não negociaria comigo. Com a metade que restava na conta (não sacada por exceder o limite diário) paguei o valor roubado, mas os quinhentos residuais seriam descontados em dez parcelas mensais da minha conta corrente. Quem não concorda sempre pode entrar na Justiça. Consultei um amigo advogado que tratou de esvaziar meu balão. ― Difícil ganhar da União. Eles sempre recorrem, em todas as instâncias; no final, você vai ter gasto bem mais do que o valor em questão. Não compensa. Fala-se muito da velocidade com que as relações atualmente vêm se transformando ― a célebre constatação de Marx de que no capitalismo tudo que é sólido se desmancha no ar. Talvez seja mesmo verdade, talvez a sociedade em que vivemos se encontre num processo frenético de financeirização de tudo e de todos. Tudo vira mercadoria e tudo se torna intercambiável. Ali, dentro do carro, eu só queria que a máquina do mundo vomitasse logo o dinheiro que me resgataria do desamparo extremo em que me encontrava. Eu quis ser apenas uma caixinha que eles abrissem, tirassem o que queriam e me deixassem intacta o mais rápido que isso fosse possível. Eu queria ser apenas um número para eles ― e que eles passassem logo para o próximo número. Não queria virar notícia. “A senhora não sabia?”, a frase do escrivão me vem à mente de tempos em tempos. Quanto mais procurava tomar atitudes práticas sobre os fatos, mais ouvia que, pragmaticamente, a melhor coisa a fazer era não fazer coisa nenhuma. Sequer posso tirar o Banco do Brasil da minha vida, porque há cursos, supervisões e grupos de estudo que realizo que só podem me pagar nessa conta. Todas as (poucas) vezes em que ainda utilizo uma caixa eletrônica do BB, olho bem na direção da câmera filmadora que existe sobre a tela de opções e digo: “Vocês sabem mesmo por que estão me espiando?” Tenho um amigo, também psi, que afirma que até as ditaduras são o reflexo da vontade de um povo; para ele, “tudo é desejo”. Não sei. Não desejei para mim o que me aconteceu, nem desejo pra ninguém, aliás. Se algo aprendi com tudo isto, foi que somos submetidos a dois níveis de violência mutuamente dependentes: um, mercadológico, em que a integridade corporal está diretamente em jogo; e o outro, que é a jaula cinzenta e invisível da burocracia. A burocra não é sólida nem se desmancha no ar. A minha é uma história relativamente comum na cidade em que vivo, mas acredito que poderia acontecer na maioria das ruas, cidades e países do mundo. O que chama a atenção é a mania nacional, a compulsão creditícia, a paixão por dividir tudo em vezes no cartão. Em que outro lugar do mundo se poderia pagar um seqüestro em dez suaves prestações?
LER O INÍCIO DA ESTÓRIA EM: http://miradaanterior.blogspot.com/2012/01/em-10-suaves-prestacoes-epilogo.html

MEC define teto de renda máxima de estudantes que podem financiar ensino superior


O Ministério da Educação (MEC) estabeleceu um limite de renda familiar para os interessados em financiar seus estudos por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O rendimento familiar máximo bruto não poderá ser superior a dez salários mínimos, segundo as regras publicadas nesta quinta-feira (12) no Diário Oficial da União. Não havia critério de renda para que o estudante pudesse contratar o financiamento. Nos casos em que o financiamento custear 75% da mensalidade do curso, a renda familiar mensal do aluno poderá ser de até quinze salários mínimos. Quando o financiamento for de 50% da mensalidade, o limite do rendimento mensal será de até 20 salários mínimos. O programa financia a mensalidade de estudantes em instituições particulares de ensino superior. O aluno só começa a pagar a dívida depois da formatura. O financiamento pode ser solicitado em qualquer etapa do curso por meio do portal do Fies. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal são os agentes financeiros do programa. O financiamento estudantil pode ser solicitado em qualquer etapa do curso e em qualquer mês. Desde que as inscrições foram abertas em 31 de janeiro deste ano, cerca de 42.734 contratos foram firmados e cerca de 25 mil estão em fase de preenchimento. Juros anuais de 3,4%, maior prazo de quitação, criação do Fundo de Operações de Crédito Educativo fazem parte das regras que desburocratizaram o Fies em 2010. MODIFICADO DE: http://macroabc.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12052:mec-define-teto-de-renda-maxima-de-estudantes-que-podem-financiar-ensino-superior&catid=81:educa

ECAD AGORA QUER OS BLOGS


Aqueles que acompanham este sujo blog sabem que tenho inúmeras divergências com relação à atuação do ECAD tanto no campo da legalidade como no campo da legitimidade. Sou obrigado a retornar ao tema quando tenho conhecimento de que o ECAD entendeu, da noite para o dia, que a sua atitude de cobrar direitos autorais de blogs que divulgam vídeos postados originalmente no Youtube é legal. Sim prezado(a) leitor(a), além de realizar outras cobranças no mínimo discutíveis, o escritório central de arrecadação e distribuição entendeu que os blogs também devem pagar os direitos autorais de vídeos por entender que tais publicações são iguais a uma execução pública. Para o escritório, é cabível a absurda tese de que se a própria banda quiser divulgar o seu trabalho "de graça" o pagamento deve ser feito.Vale lembrar que, no caso específico, o Google já paga o que é devido. Trata-se de mais uma atitude descabida e, simplesmente, voltada para o interesse econômico. A política de ignorar o direito de acesso à cultura criando obstáculos através da cobrança segue sem limites para os paladinos do entretenimento capitalista. O caso é tão absurdo que o Google Brasil chegou a publicar a seguinte nota: 1- Google e ECAD têm um acordo assinado, mas ele não permite nem endossa o ECAD a cobrar de terceiros por vídeos inseridos do YouTube. Em nossas negociações com o ECAD, tomamos um enorme cuidado para assegurar que nossos usuários poderiam inserir vídeos em seus sites sem interferência ou intimidação por parte do ECAD. Embora reconheçamos que o ECAD possui um papel importante na eventual cobrança de direitos de entidades comerciais, nosso acordo não permite que o ECAD busque coletar pagamentos de usuários do YouTube. 2- O ECAD não pode cobrar por vídeos do YouTube inseridos em sites de terceiros. Na prática, esses sites não hospedam nem transmitem qualquer conteúdo quando associam um vídeo do YouTube em seu site e, por isso, o ato de inserir vídeos oriundos do YouTube não pode ser tratado como “retransmissão”. Como esses sites não estão executando nenhuma música, o ECAD não pode, dentro da lei, coletar qualquer pagamento sobre eles. 3- O ECAD pode legitimamente coletar pagamentos de entidades que promovem execuções musicais públicas na Internet. Porém, o entendimento do ECAD sobre o conceito de “execução pública na Internet” levanta sérias preocupações. Tratar qualquer disponibilidade ou referência a conteúdos online como uma execução pública é uma interpretação equivocada da Lei Brasileira de Direitos Autorais. Mais alarmante é que essa interpretação pode inibir a criatividade e limitar a inovação, além de ameaçar o valioso princípio da liberdade de expressão na internet. É inadmissível que o ECAD siga tal conduta contra o livre acesso à cultura realizado pela internet. Cultura não é mercado! Vale lembrar que o escritório possui um acordo assinado com o Youtube no tocante a cobrança como esclarece a nota da empresa no Brasil. A sociedade precisa ter o esclarecimento sobre a função, a atuação e a necessidade de sua existência. Chega de tergiversação!
MODIFICADO DE: http://midiacaricata.blogspot.com.br/2012/03/ecad-agora-quer-os-blogs.html

Projeto amplia lista de práticas discriminatórias no trabalho


BRASÍLIA (RJ) – A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 2893/11, criado no Senado, que amplia a lista de práticas discriminatórias e crimes que deverão ser combatidos durante o processo de admissão e no próprio ambiente de trabalho. A proposta inclui entre as práticas discriminatórias a negativa de contratação de candidato por deficiência física ou por existência de restrição ao crédito. O texto também amplia a relação de crimes por práticas discriminatórias. Entre eles estão: teste para saber da predisposição genética para doenças; exigência de certidão negativa de reclamatório trabalhista; e anotação de desabono na carteira de trabalho e Previdência Social, referente a desempenho profissional ou comportamento, religião, deficiência, entre outros. O projeto altera a Lei 9.029/95, que proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho. Autor da proposta, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) lembra que o direito ao trabalho está entre os direitos sociais fundamentais do cidadão. “Garantir esse direito ao trabalhador, por conseguinte, importa em assegurar-lhe existência digna e promover a valorização do trabalho, na qual se funda a ordem econômica e a ordem social”, afirma o parlamentar republicano. O projeto ainda será distribuído às comissões técnicas da Câmara dos Deputados. Fonte: Agência Câmara Publicado no site do PRB
MODIFICADO DE: http://marcelocrivella.com.br/site/2012/02/projeto-amplia-lista-de-praticas-discriminatorias-no-trabalho/

sábado, 23 de junho de 2012

Eles têm muito mais que as iniciais em comum: Vidas Paralelas: Rupert Murdoch E Roberto Marinho


Rupert Murdoch e Roberto Marinho têm muito mais que as iniciais em comum. Ambos perderam o pai cedo, uma tragédia pessoal que, paradoxalmente, acabou por empurrá-los vigorosamente na indústria da mídia. Os dois herdaram, jovens ainda, um jornal, Murdoch em sua Sidney, na Austrália, Marinho no Rio de Janeiro. Isso foi determinante para estabelecer nos dois um amor invencível pelos jornais. Mesmo quando já tinham construído, cada qual do seu jeito, um império de mídia diversificado, o jornal continuaria no centro da atenção dos dois. A língua foi determinante para estabelecer a maior diferença. O inglês facilitou a Murdoch montar um grupo mundial: da Austrália foi para a Inglaterra, nos anos 1960, e acabaria depois incluindo espetacularmente os Estados Unidos no mapa de seus negócios. Sua News Corp, baseada em Nova York, onde Murdoch mora, é dona de marcas como a Fox e o Wall Street Journal. Roberto Marinho, até por não falar inglês, ficou essencialmente restrito ao Brasil até morrer, em 2003, aos 98 anos. Por isso a influência de Murdoch – ainda vivo e ativo, aos 81 anos — é global, e a de Marinho foi nacional. Como típicos barões da imprensa, deixaram sempre evidente que a voz de seus jornais e demais mídias era a deles e de mais ninguém. “Se alguém quer saber minhas opiniões, basta ler os editoriais do Sun”, diz Murdoch. Sun é seu tablóide londrino, um campeão de vendas e de controvérsias. Marinho não disse isso, mas nem precisava: estava patente. Cercaram-se de jornalistas que sabiam que jamais deveriam brilhar tanto a ponto de ofuscar o dono. Quando Murdoch comprou o lendário Times na década de 1960, um passo essencial no seu ganho de poder na Inglaterra, sabia-se que os dias do grande editor Harold Evans no jornal estavam contados. O editor Evandro Carlos de Andrade, que dirigiu o Globo por longos anos e depois o telejornalismo do grupo, fez questão desde o início de deixar claro a Roberto Marinho que era papista. Fazia o que o Papa mandava. Muito mais que o talento, foi esse traço de pragmática servilidade que explicou a duração da carreira de Evandro nas Organizações Globo. Murdoch e Marinho sempre disseram ter em vista, acima de tudo, o interesse público. Mas jamais deixaram de ser objeto de suspeita de que, fora da retórica, colocaram invariavelmente seu interesse pessoal acima de quaisquer outros. Em torno deles se construiu a imagem – exagerada — de homens capazes de fazer ou destruir governos. Ninguém acreditou mais nisso que os politicos no Brasil e na Inglaterra, e por isso adularam Murdoch e Marinho para além da abjeção. Buscavam sempre apoio, o que às vezes receberam – acompanhado, quase sempre, de uma merecida dose de desprezo. No código de etiqueta e de poder de Murdoch e Marinho, competiu sempre aos políticos ir atrás deles, e não o inverso. Roberto Marinho Lutaram, como todos os barões da imprensa, por estabelecer uma dinastia. As chances de êxito de Murdoch, nisso, são pequenas. Três filhos seus – uma mulher e dois homens – já estiveram na condição de herdeiros aparentes. O último deles, James, 39 anos, renunciou a seu posto depois que sua reputação foi destruída no escândalo das escutas ilegais telefônica de um tablóide do grupo, o News of the World. Murdoch tem dois filhos pequenos de Wendi, sua bonita mulher chinesa, mas é difícil imaginar que Murdoch vá estar vivo quando os dois estiverem em condições de tocar uma empresa. Roberto Marinho teve mais sorte aí. Seus três filhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, conseguiram até aqui manter o vigor – econômico, pelo menos — da Globo. São discretos, têm noção de suas limitações e, juntos, estabeleceram uma maneira de trabalhar em conjunto com a qual a Globo se manteve competitiva sem Roberto Marinho. Diferentemente do pai, parecem menos interessados em influenciar presidentes e mais focados no negócio em si. Não inovaram, mas já mostraram entender que o futuro é digital e saber que, se a Globo não transferir sua potência para a internet, o declínio é inevitável. Todos os três estão na faixa dos 50 anos, o que significa que a Globo não enfrentará tão cedo um novo teste de troca de geração. Pessoalmente, Murdoch e Marinho compartilharam uma vaidade que os fez claramente ficar incomodados com algumas características físicas. Murdoch durante boa parte da vida tentou esconder a calvície com um penteado em que fios longos eram estrategicamente dispostos de um lado ao outro da cabeça. Apenas recentemente desistiu do expediente. Roberto Marinho não se orgulhava de sua estatura, ampliada por saltos, e de sua tez mulata, na qual passava pó de arroz. Em suas vidas paralelas, Murdoch e Marinho dividiram, acima de tudo, o amor pelo poder, pela influência, pela manipulação – por todas aquelas coisas, enfim, advindas da propriedade de um império de mídia. No DiáriodoCentrodoMundo MODIFICADO DE: http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/2012/04/eles-tem-muito-mais-que-as-iniciais-em.html

O grito do desespero no fundo da covardia


Blogueiros, jornalistas, sindicalistas, opositores políticos, advogados, membros de minorias étnicas ou religiosas, defensores dos direitos humanos, membros de ONGs. O torturador não perdoa ninguém Dos 194 países integrantes das Nações Unidas, cem deles praticam regularmente a tortura, seja como meio para obter informações ou confissões, seja como metodologia para fazer reinar o terror. Síria, Egito, Argélia, Chile, Argentina, Brasil, Cuba, Estados Unidos, França, Espanha, China, Vietnã, índia ou Rússia: não há continente que esteja livre dessa barbárie. Esta é a vergonhosa conclusão do informe “Um mundo de torturadores”, publicado na França pela ONG Ação dos Cristãos Contra a Tortura. O artigo é de Eduardo Febbro. O século XXI segue sendo um mundo de torturadores. Dos 194 Estados integrantes das Nações Unidas, cem deles praticam regularmente a tortura, seja como meio para obter informações ou confissões, seja como metodologia para fazer reinar o terror. Síria, Egito, Argélia, Chile, Argentina, Brasil, Cuba, Estados Unidos, França, Espanha, China, Vietnã, índia ou Rússia: não há continente que esteja livre dessa barbárie. Esta é a vergonhosa conclusão do informe “Um mundo de torturadores”, publicado na França pela organização não-governamental Ação dos Cristãos Contra a Tortura (ACAT). As vítimas das torturas têm uma identidade comum a todos os países: jornalistas, sindicalistas, opositores políticos, advogados, blogueiros, membros de minorias étnicas ou religiosas, defensores dos direitos humanos, membros de ONGs. O retrato apresentado pela ACAT mostra que, ao invés de recuar, a tortura vem se mantendo em níveis altíssimos, apesar da “reconversão” de muitas ditaduras à democracia liberal. Jean-Etienne de Linares, delegado geral da ong ACAT França, destaca que não restam muitas zonas do mundo em relação às quais seja possível ter ilusões: “queremos acreditar que o uso da tortura é uma prática reservada aos regimes autoritários. Mas estes não têm a exclusividade desses crimes e os principais países reconhecidos como democráticos estão longe de ficar isentos de críticas nessa matéria”. FONTE: http://blogmanueldutra.blogspot.com/2011/12/o-grito-do-desespero-no-fundo-da.html

Flávio Dino desiste da Prefeitura de São Luís e elogia adversários de Castelo


Por Hugo Freitas

Em carta divulgada à imprensa, o presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB-MA), anunciou oficialmente sua decisão de não disputar o cargo de prefeito de São Luís nas eleições de outubro.

O motivo alegado por Dino foi a morte de seu filho de 13 anos, há 3 meses, "vítima de erros cometidos em um hospital de Brasília", que deixou o comunista e sua família profundamente abalada. "Tenho a obrigação moral de buscar, todos os dias, justiça para meu filho, inclusive para que em todo o Brasil outras crianças sejam salvas da negligência e do descaso", disse.

Em suas derradeiras linhas, Flávio Dino manifestou seu apoio político aos adversários do atual prefeito João Castelo, asseverando "a convicção de que os pré-candidatos Edivaldo Holanda Júnior, Eliziane Gama, Roberto Rocha e Tadeu Palácio, com o apoio de tantas lideranças importantes, como Bira do Pindaré, estarão unidos em torno de ideias novas e de uma forte aliança com o povo".

Confira o conteúdo completo da Carta:

Amigos e amigas, companheiras e companheiros,

Dirijo-me a todos vocês, cidadãos e cidadãs da minha querida cidade, para agradecer as manifestações de carinho diante da tragédia que ocorreu em minha vida, há 3 meses. Como vocês sabem, meu filho de 13 anos morreu vítima de erros ocorridos em um hospital de Brasília, cidade onde atualmente trabalho como presidente da EMBRATUR, ajudando a Presidenta Dilma.

Tenho a obrigação moral de buscar, todos os dias, justiça para meu filho, inclusive para que em todo o Brasil outras crianças sejam salvas da negligência e do descaso. Tenho também que dar especial atenção à minha família, profundamente abalada, como eu naturalmente estou.

Por tudo isso, dirijo-me a vocês para, com humildade e imensa dor, pedir desculpas por não poder concorrer às eleições para o cargo de prefeito de São Luís. Deus tem uma vontade superior e temos que nos curvar diante dos caminhos que Ele determina.

Fico imensamente grato com o apoio ao meu nome para disputar as eleições municipais, expresso na liderança nas pesquisas eleitorais. Sei que esse apoio é, acima de tudo, a um projeto de renovação verdadeira da política maranhense. De todo coração, muito obrigado!

Garanto que jamais me distanciarei do compromisso de ajudar a melhorar nossa cidade, tão castigada e abandonada. Apesar das dificuldades pessoais, na medida do possível estarei presente em todo o Maranhão, combatendo o modelo oligárquico e apresentando propostas que melhorem a vida do nosso povo. Apoiarei de modo claro e firme, em São Luís e em todo o Estado, os candidatos que tenham compromisso com o nosso programa de governo.

Finalizo com uma palavra de esperança: juntos, somos fortes e vamos vencer. Tenho a convicção de que os pré-candidatos Edivaldo Holanda Júnior, Eliziane Gama, Roberto Rocha e Tadeu Palácio, com o apoio de tantas lideranças importantes, como Bira do Pindaré, estarão unidos em torno de ideias novas e de uma forte aliança com o povo. Nem São Luís, nem o Maranhão, têm donos. Eles são de todos nós.

Abraços a todas as famílias, sob a proteção de Deus.

Flávio Dino
FONTE:
http://hugo-freitas.blogspot.com.br/2012/06/flavio-dino-desiste-da-prefeitura-de.html

Salada


Você já viu o estrago que o acido clorídrico faz na carne de um gato morto e apodrecido na calçada? Eu já. E fede. O vapor da carne misturado com a química subindo e a cara da molecada assustada ao redor é uma das lembranças que tenho do que chamamos de lances inesquecíveis da infância. O gato já estava meio esmagado ali há alguns dias. Acho que os ratos comeram os olhos e parte das pernas traseiras. Dizem que os ratos atacam os olhos e o ânus de um cadáver em primeiro lugar. Quem arrumou o ácido foi um daqueles garotos ao redor, pegou na prateleira do depósito na farmácia em que fazia bico de entregador. Ele também surrupiava camisinhas que a gente enchia d'água e jogava da janela do apartamento. Às vezes, raras, enchíamos de ar. O objetivo era acertar os tróleibus que vinham do Largo do Belém e iam para o Largo de Pinheiros. Atravessavam a cidade, a avenida Ipiranga, a São Luiz, subiam e desciam a Augusta, viravam ali na Faria Lima. Várias vezes subimos para descermos pela porta de trás e não pagarmos. Já paramos um deles para perguntar as horas para o motorista. Acho que foi a primeira vez que vi um adulto xingando uma criança com ódio mortal. Eu e esse garoto fazíamos essas coisas. Também jogávamos bolinha de gude pela janela do apartamento. Geralmente elas espatifavam no asfalto espalhando vidro feito uma granada de cristais. Uma vez, uma ricocheteou inteira na guia, saltou para dentro da lotérica do outro lado da avenida e arrebentou um daqueles vidros no balcão que separam o cliente do atendente. Deu até polícia. Ficamos lá do terraço vendo a encrenca desvanecer. A carne do gato chiava cada vez que eu tombava o tubinho espalhando a destruição. Quando continuei jogando na cabeça e parte do ácido escorreu para o ventre e derreteu pêlo e carne, vermes afoitos saíram do buraco e se arrastavam e se contorciam de dor. A dor do gato estava neles. Foi então que um daqueles moleques resolveu chutar o gato podre grudado no asfalto. Não foi o meu amigo farmacêutico, foi um cujo pai trabalhava pendurado nos postes arrumando fios de alta tensão pela cidade. Na verdade, em Osasco. Nessa hora, parte dos vermes e ácido foi para as pernas de um outro que estava agachado bem próximo ao gato, aliás o mais próximo do gato era ele porque o tubo estava comigo, mas eu jogava e me afastava por causa do cheiro. Alguns vermes foram parar na cabeça de careca por causa dos piolhos que ele sempre pegava. A maior parte do ácido, para sorte dele, pegou na perna. A pele da coxa dele também borbulhava e chiava feito as tripas do gato podre. Ele urrava de dor. A dor do gato estava nele. Estavamos numa esquina próxima ao Mercado da Cantareira e não havia nenhum bar aberto àquela hora de domingo para pegarmos água, pelo menos. Ele urrava e urrava. O garoto que chutou o gato gargalhava tanto que rolava no chão. Na cabeça do menino que urrava de dor havia três vermezinhos que rastejavam trôpegos no cabelo ralo raspado com máquina zero. Na cara dele também. A mãe do chutador de gato podre me ligou para saber o que realmente havia acontecido. Falou para eu ir lá contar as coisas. Lembro que a palavra realmente veio cheia de ênfase tipo "se você não me disser realmente o que aconteceu, conto pra sua mãe, seu bostinha". A mãe do chutador nem conhecia minha mãe e não disse nada disso, mas sabia que se contasse para minha mãe, eu tava fudido e mal pago. E ela gostava de mim, a mãe do chutador. Fui lá no dia seguinte. Eu e o chutador de gato podre íamos para a escola juntos, fiquei de almoçar lá. Ela estava fazendo salada. Lavava as cenouras com uma raiva militar. Raspava as cenouras com uma faca que de tanto ser afiada por um daqueles afiadores de rua, estava com o corte curvado para dentro. Enquanto me perguntou porque eu estava jogando ácido no gato e se aquilo era coisa de criança estar mexendo, lavava as verduras da salada. Eu estava meio cabisbaixo e observava atento as mãos daquela mulher lidando com as coisas culinárias. Fez as perguntas de tal modo que no final das contas, o garoto com vermes na cabeça era o boboca culpado pelo fato de estar tão perto dessa porcalhada que só moleque faz. As folhas da alface sofreram na mão daquela mulher. Ela batia tanto com aquelas folhas crespas na borda da pia que toda a cozinha ficou molhada e respingada com tal performance. Tive medo daquela faca, daquela mulher e de ser uma folha de alface apanhando na borda da pia. A faca realmente era afiada. Lembro das tiras finas que ela arrancava dos tomates sobre a tábua encharcada e da lentidão com que tombavam meio cansadas, quase mortas. Lembro do cheiro do tempero do feijão rajado aumentando minha fome. Logo ela fritou os bifes e ovos. Enquanto fritava, me contou que a mãe do careca que urrava tinha ido lá tirar satisfação. Ela levou um grande vai tomar no cu pra casa, isso sim. Foi assim que ela me disse. O pai que trabalhava pendurado nos postes de Osasco me disse que tinha pago todas as despesas medicas e que o moleque careca que urrava tinha levado seis pontos na coxa por conta do ácido. Tinham ido ao hospital ontem à noite mesmo. Eu e o chutador de gatos podres botamos a mesa. O irmão mais velho dele não parava de sacanear com toda aquela história. Era - ainda é? - um grande filho da puta retardado. Na tv da sala passava Globo Cor Especial em preto e branco e aqui ó, não comi porra nenhuma de salada não.
FONTE: http://corsarios-efemeros.blogspot.com.br/2012/04/salada.html

sábado, 2 de junho de 2012

Lei equipara trabalho a distância a presencial e inclui meios eletrônicos nas relações trabalhistas


Empregadores devem ficar atentos ao enviar mensagens no celular e e-mail ou fazer ligações telefônicas a seus empregados fora do horário e local de trabalho. Lei sancionada no último dia 15 de dezembro pela presidenta Dilma Rousseff, que altera o artigo 6o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), equipara os efeitos jurídicos da subordinação exercida por meios eletrônicos à exercida por meios pessoais e diretos no trabalho. A Lei 12.551/2011 também assegura as mesmas garantias ao trabalho executado no domicílio do empregado e o realizado a distância ao que ocorre no estabelecimento do empregador. A condição é que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. O texto afirma ainda que “os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio”. André Grandizoli, secretário-adjunto de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), explica que a medida representa o ajuste da legislação ao avanço da tecnologia. Para ele, a lei pode ser vista como “uma evolução, por reconhecer um tipo de trabalho que já ocorre, o chamado teletrabalho”. “A modernidade chegou e a legislação acaba de se integrar a essa modernidade”, disse. Na visão do secretário-adjunto, com as mudanças, não importa mais o local de trabalho, mas se o trabalhador executa a tarefa determinada pela empresa. Ele destaca ainda que pretende-se com esse dispositivo que o tempo do trabalhador em função do empregador seja reconhecido, independentemente do meio utilizado ou da presença física na empresa. “Se o trabalhador estiver à disposição do empregador fora do local de trabalho, por meio telemático, ele deve receber horas extras”, destacou. VIA:http://paranablogs.wordpress.com/2011/12/30/lei-equipara-trabalho-a-distancia-a-presencial-e-inclui-meios-eletronicos-nas-relacoes-trabalhistas/#more-3179

Quanto deve ganhar um juiz? (2)


Por Carlos Alberto Sardenberg, jornalista Juízes do Brasil todo reclamaram da coluna da semana passada, com o mesmo título acima. Protestaram mais, porém, magistrados do Judiciário estadual de São Paulo. Estes se queixam duplamente: dos vencimentos básicos, que consideram baixos, como todos, e de sua situação, digamos, desfavorecida. Os paulistas têm menos vantagens do que seus colegas de outros Estados. Muitos me enviaram links para as leis estaduais que regulam a remuneração dos juízes, algumas delas mais do que generosas. Muito citada foi a Lei n.º 5.535/09, do Estado do Rio de Janeiro, pela qual desembargadores e juízes, mesmo aqueles que acabaram de ingressar na carreira, chegam a ganhar mensalmente de R$ 40 mil a R$ 150 mil. A remuneração básica, de R$ 24.117,62, é hipertrofiada por “vantagens eventuais”. Alguns desembargadores receberam, ao longo de apenas um ano, R$ 400 mil cada,somente em penduricalhos, conforme apontou reportagem deste mesmo Estadão. Tudo dentro da lei, tem repetido o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos – mas a lei é alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade. Segundo juízes paulistas, o Judiciário do Distrito Federal é ainda mais escandaloso. Assim, por ironia, ficamos sabendo que a argumentação da coluna da semana passada fazia todo sentido. Por todo o Brasil, juízes e magistrados deram um jeito de driblar a lei do teto com “vantagens pessoais” que multiplicam muitas vezes o chamado “subsídio”. Ficamos sabendo, também,que há desigualdade entre os juízes e, de um modo geral, no quadro do aparelho Judiciário (promotores ganhando mais que magistrados, por exemplo). Os juízes paulistas que me escreveram não reivindicam esses “quebra-galhos”. Mas acham que ganham pouco e merecem mais. Dizem que R$ 20 mil por mês, no início de carreira, não está à alturado trabalho e da função social. Para escapar das avaliações subjetivas – todo mundo acha que trabalha muito e ganha pouco – , é preciso fazer comparações. Um juiz federal nos Estados Unidos começa ganhando US$ 174 mil ao ano, o que dá pouco mais de R$ 25 mil ao mês, ao câmbio de R$ 1,75. O juiz paulista ganha R$ 260 mil ao ano (13 salários), o que dá cerca de US$ 150 mil – ou US$ 24 mil a menos do que seu colega americano. Mas a comparação não se esgota aí. O juiz americano ganha o equivalente a 3,6 vezes a renda per capita nacional. O brasileiro ganha 12,5 vezes mais. Ainda na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o salário médio real do trabalhador brasileiro, em janeiro deste ano, foi de R$1.672. Ou seja, os juízes (e demais da carreira judiciária) ganham pelo menos 12 vezes mais que a média nacional. Resposta dos diretamente interessados: os salários são baixos no Brasil, não se pode nivelar por aí. Mas são baixos, comparados com os americanos, justamente porque o país não é rico. E aqui reparem: os Estados Unidos estão entre os países mais ricos do mundo e mesmo assim não pagam a seus magistrados 12 vezes mais que a média ou a renda per capita nacional. Muitos, de novo, compararam os salários da magistratura com os ganhos dos advogados do setor privado. Não faz sentido. John Roberts, presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, faturou US$ 1 milhão em 2003, seu último ano na iniciativa privada, como advogado. Ganha atualmente US$ 223 mil ao ano, ou cerca de R$ 32,5 mil por mês, pouco mais que o vencimento básico do juiz da Suprema Corte brasileira. Roberts tem batalhado pelo aumento salarial dos seus juízes, mas reconhece que não há como compará-los com advogados bem-sucedidos. Se fosse assim, observa, ele não teria como explicar por que trocou a advocacia pela magistratura. Mesmo porque, se quisesse ganhar mais dinheiro e se considerasse competente para enfrentar o mercado privado competitivo, ele poderia perfeitamente renunciar ao cargo na Suprema Corte. Como podem fazer todos os demais, lá e aqui. Já um outro membro da Suprema Corte, Stephen Breyer, sugeriu comparar o salário do juiz com o de um professor titular de uma boa faculdade de Direito. Lá, o mestre ganha mais. Aqui, bem menos. Tudo considerado, o juiz brasileiro, mesmo sem os penduricalhos, ganha proporcionalmente mais que seu colega americano e mais que os colegas de muitos outros países mais ricos. E muito mais que a média do trabalhador brasileiro, estando entre os mais bem pagos do setor público. Perderam a noção. Além dessa discussão, digamos, objetiva, há magistrados que, falando francamente, perderam a noção. Quando defendem o salário, dizem que não é líquido, pois descontam Imposto de Renda e previdência. Ora, todos os assalariados descontam. Dizem que pagam mais para a sua previdência, os 11% sobre o salário total. Verdade. Mas recebem aposentadoria praticamente integral, muito mais vantajosa do que a do pessoal do INSS. Reclamam de que não têm FGTS. Lógico que não, pois não podem ser demitidos. E há campeões nesse quesito. O novo presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Marcelo Bandeira Pereira, disse à jornalista Juliana Bublitz, do Zero Hora, sobre a “necessidade” das férias de 60 dias: “Trabalhamos com o raciocínio, com a cabeça, e o juiz é juiz 24 horas por dia. Existem dois meses de férias, mas um mês nós consumimos tentando recuperar o serviço atrasado”. Ora, quem não trabalha com a cabeça, além dos cavalos? E como um leitor sugeriu ao meritíssimo: “Faça como todo brasileiro normal, curta os 30 dias e trabalhe os outros 30 dias normalmente, que o serviço não atrasa”. sardenberg@cbn.com.br www.sardenberg.com.br
VIA: http://fabianamarionspengler.blogspot.com.br/2012/02/quanto-deve-ganhar-um-juiz-2.html

Lei aprovada na Assembléia Legislativa de SP entrega terras ao latifúndio no Pontal


30 de março de 2012 Por Isabel Harari Da Carta Maior Sob pressão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou, na noite de 28/03/2012, o projeto de lei 687/2011, que regulariza propriedades de até 450 hectares no Pontal do Paranapanema. Isso representa a transferência oficial de 90% das terras do Pontal para particulares, em sua maioria usineiros e grandes empresários do agronegócio. A oficialização da posse ocorrerá mediante o pagamento de 10% do valor da terra nua. “É um valor irrisório, se o valor agregado à propriedade for levado em conta”, afirmou o deputado estadual Simão Pedro (PT), coordenador da frente pela reforma agrária no parlamento paulista. A lei, segundo Delveck Matheus, da Direção Nacional do MST, é um retrocesso na política de reforma agrária em São Paulo. As terras públicas, no caso devolutas, deveriam ser destinadas à implantação de assentamentos que beneficiariam quase 2000 famílias na região. “A lei legitimará terras griladas, favorecendo os detentores do capital que tomaram posse dessas terras de forma ilegal. Agora,os proprietários terão mais controle sobre a terra e sobre a população que lá vive.” A justificativa do governo para a aprovação da lei é que a legalização de parte das terras favoreceria os pequenos e médios agricultores, além de permitir o crescimento da segunda região mais pobre do estado de São Paulo, por meio do desenvolvimento do agronegócio da cana. Ao todo, 900 propriedades correspondem a 80% das terras da região do Pontal do Paranapanema. Em sua maioria, elas têm dimensões de 300 a 500 hectares e pertencem a empresários com histórico de grilagem. A quantidade de pequenos e médios proprietários beneficiados pela regularização será mínima. A disseminação dos canaviais e o crescimento das empresas, promoverá a degradação do meio ambiente, diminuirá a quantidade de terras disponíveis para a implantação de assentamentos e a prática da agricultura familiar, aumentará os índices de desemprego, além de provocar um aumento ainda maior nos na fuga de capital para outras regiões do país e do mundo, segundo Simão Pedro e Matheus. Simão Pedro afirmou que a lei tem como objetivo assegurar as terras dos grileiros e posseiros que, no passado, ocuparam o território, e hoje mantêm suas propriedade de forma irregular. Segundo o deputado, a bancada do PT tentou um acordo para diminuir a área das propriedades a serem regulamentadas, de até 500 hectares para até 200. Em um primeiro momento o governo se mostrou aberto a tais medidas mas, por pressão de empresários e deputados da região, recuou na última hora. O resultado final foi uma modificação cosmética: o projeto original previa a regulamentação de propriedades de até 500 hectares, correspondentes a 96% das terras da região. Na votação de ontem, a dimensão foi reduzida para 450 hectares. Há outro projeto de lei, apresentado pelo pré-candidato a prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), que propõe a regulamentação de todas as propriedades da região do Pontal do Paranapanema, inclusive as com dimensões superiores a 500 hectares. Ou seja, transmitir todas as terras para a iniciativa privada, acabando com a possibilidade da implantação da reforma agrária na região. O PL está parado porque provocou uma grande reação popular. O deputado Simão acredita que o projeto apoiado por Alckmin foi votado rapidamente para esvaziar a mobilização da sociedade civil contra o projeto – e, uma vez aprovado, evitar a pressão de setores sociais para que vete a lei. A pauta foi colocada de última hora e não constava na agenda da Alesp, confirmando a previsão do deputado. “Em vez de promover o desenvolvimento do Pontal por meio da produção da pequena agricultura, como já acontece nos assentamentos da região, o que beneficiaria a maioria da população que lá vive, o governo pretende levar a cana e o agronegócio. Essea lei tenta transferir patrimônio público para pessoas privadas numa canetada só”, emenda Simão.
 MODIFICADO DE: http://www.mst.org.br/Lei-aprovada-na-Assembleia-Legislativa-de-Sao-Paulo-entrega-terras-ao-latifundio-no-Pontal%20