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sábado, 25 de fevereiro de 2012

A importância da Engenharia no desenvolvimento das nações

Conta-nos a mitologia grega, que em Delfos, nas costas do Monte Parnaso, havia um templo, onde uma sacerdotisa conhecida como Pitia, cujas aparições públicas se davam depois da ingestão de ervas alucinógenas ministradas por seus guardiões, fazia previsões sobre o futuro das pessoas que visitavam o templo. Todos, cidadãos comuns, comerciantes e personagens públicos queriam ouvir as palavras do Deus Apolo, emanadas através da sacerdotisa Pitia. O oráculo de Delfos, como ficou conhecido, era considerado pelos gregos como sendo o centro da Terra. Atualmente sabemos que na realidade, os transes a que estava submetida à sacerdotisa, eram conseqüência de sua permanência em um quarto que possuía fendas no chão, por onde saíam gases enervantes que a deixavam em forte estado de delírio.

Nos dias atuais, Apolo foi substituído por um Deus abstrato que atende pelo nome de Mercado Financeiro Internacional e a montanha onde se encontra o oráculo é Davos, de onde os sacerdotes do fundamentalismo econômico fazem sombrias previsões, deixando-nos a sensação de que estamos delirando.
Vivemos uma realidade tão irreversível que, depois de discutir durante anos, a OCDE - Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, formada por 29 países, finalmente concluiu que o que está acontecendo no mundo é uma "significativa transformação econômica".

A velha economia industrial, em qualquer parte do mundo que se manifestou, dava ênfase à massificação. A chamada nova economia é não só estruturalmente diferente como também opera de acordo com novos princípios. A produção em massa está caminhando para a clientilização personalizada; os mercados de massa estão dividindo-se em fragmentos cada vez menores, caminhando em direção aos mercados de um só. Ouvimos constantemente que a conectividade encolheu o mundo e mantém as pessoas cada vez mais próximas. As distâncias desapareceram. Esta é apenas uma das fases das mudanças. Existem hoje mais de 3 milhões de comutadores digitais para cada ser humano vivo no planeta. Eles não irão desaparecer. Há quase quinhentos milhões de computadores pessoais no planeta, um para cada 13 pessoas. Tampouco eles irão desaparecer. A Internet, expandindo-se a alta velocidade, da China e Índia às Américas, não vai desaparecer. As centenas de milhões de usuários de telefones celulares não irão jogá-los fora. O fato óbvio e irreversível é que a revolução é real, silenciosa e se manifesta em muitos níveis simultaneamente. Está surgindo no planeta uma nova civilização, da qual a nova economia é só um componente.

As grandes mudanças que vêm ocorrendo na vida das pessoas, no mundo moderno, geraram-se pela tecnologia. O ser humano tem atualmente ao seu dispor produtos que o conhecimento e a tecnologia se agregam de forma nunca alcançada antes. O futuro aponta agora para a tecnologia genética, que associada à informática, oferece enorme possibilidade de contribuição para o problema da fome no mundo. As comunicações instantâneas globais, os novos produtos químicos e farmacêuticos, a intensificação no consumo e produção de energia e transportes, o aumento da produtividade agrícola, a incrível cooperação tecnológica acrescentada à medicina, são exemplos flagrantes dessa revolução. A tecnologia e o conhecimento começam a abrir a cortina de um futuro rico e promissor para a humanidade. Sua influência sobre o social, o econômico e o político transformará totalmente a estrutura da nova sociedade.

Nós, engenheiros e agentes transformadores dessa nova realidade, devemos estar preparados para ela. Mas, se por um lado estamos mais perto das pessoas pelo outro estamos ainda longe de problemas que deveríamos estar resolvendo e que persistem ou crescem.
As alterações na natureza foram projetadas procurando otimizar os recursos técnicos e financeiros, mas deixando para um segundo plano os recursos sociais e ambientais. A urbanização excessiva é responsável pelas aglomerações de pessoas que vivem em condição sub-humana, nos cinturões de miséria das grandes cidades. O emprego é tratado, nas análises de custos empresariais, como um insumo igual a outros, sem maior consideração pela dignidade do ser humano. Quase a metade da humanidade ainda passa fome. São mais de 2 bilhões de pessoas consideradas abaixo da linha de pobreza em todo mundo, vivendo com menos de 2 dólares por dia. A má distribuição da riqueza, não só dentro de cada Nação, mas, também entre as Nações, persiste e as diferenças entre os que têm tudo para perder e os que nada têm que perder, continua gerando conflitos sociais nacionais e internacionais.

Jamais, o mundo pareceu tão desnorteado e perdido, tão desprovido de sentido de orientação e de um mínimo de ordem sustentada pela legitimidade e o poder.
Os sacerdotes do mercado financeiro sentem aversão crescente por qualquer risco, não só em países emergente, preferindo concentrar-se sempre no ganho especulativo de títulos emitidos pelos Governos e pelos hedge funds, em detrimento do investimento produtivo e gerador do desenvolvimento. São essas as causas que faz o medo alastrar-se no sistema financeiro mundial. Esclareço que quem assim pensa, não é um religioso, um idealista ou um sonhador latino americano, e sim o ex-presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn que disse: “Os pobres não podem esperar por nossas deliberações. E se não haver maior eqüidade e justiça social, não haverá estabilidade política, e, sem a estabilidade política, nenhum pacote financeiro, por mais dinheiro que se coloque nele, será capaz de nos trazer estabilidade financeira e crescimento econômico.”.

Essas considerações são necessárias para demonstrar que esta situação se caracteriza, justamente, por não ter donos nem autores; nem princípio nem final. É uma gente estranha que, apressada, confunde capitalismo com liberalidade financeira e liberalismo com anarquia. Por sua parte, George Soros conhecido mega investidor, chama-os de fundamentalistas de mercado. E nunca será demais recordar que o fundamentalismo econômico é tão ou mais perigoso que o fundamentalismo religioso..

Quando ocorrem as crises e agora mesmo estamos presenciando uma crise global, o sistema internacional, como Podécio Pilatos, lava suas mãos, porque simplesmente não há solidariedade existente em crise econômica, pois quem não se comportou de acordo com as expectativas será excluído do jogo e sofrerá as duras sanções do fluxo internacional de investimentos, cuja genética foi estruturada para ter coração de passarinho e pernas de lebre. Os parâmetros para mim estão claros: de um lado, a opção pelo capital volátil dos bancos internacionais, do outro, o rigor puro e duro aplicado aos pobres e indefesos.
Não é difícil decidir de que lado estarão a honra e a decência. Ao escolher o lado, os homens dos governos estarão igualmente escolhendo entre a esperança e o medo, entre a alegria e a vil tristeza da cobiça.

O principal tema que, entretanto, esta crescendo, é a “erradicação da pobreza”. O próprio Banco Mundial alterou sua missão e o novo lema passou a ser:: “nosso sonho é um mundo sem pobreza”, pois estão conscientes de que a manutenção da pobreza, nos níveis mundiais, é um sério problema para a segurança da humanidade.

É nesse cenário que precisa ser avaliado o papel da engenharia. Na retomada dos investimentos a engenharia civil terá um papel extremamente relevante e conhecido, mas as novas condições de execução das obras exigirão um maior controle por parte da sociedade dos mecanismos de combate à corrupção e, também, maior respeito e atenção aos impactos ambientais. A engenharia mecânica, a química e a de gestão, têm que redobrar suas preocupações pela manutenção e o processamento das plantas industriais. A engenharia elétrica deve procurar as melhores soluções para ampliar o fornecimento e a utilização da energia e superar a crise energética mundial, ameaçada de um lado – pela piora das condições climáticas e ambientais no mundo – e de outro – pelos riscos de desabastecimento do petróleo, cujas principais fontes estão na atual área de conflito internacional.

Será em torno desses cenários que a engenharia pan-americana terá que posicionar-se, a qual nos remete a profundas mudanças em qual deve ser o papel do engenheiro no desenvolvimento econômico e social. A qualidade de vida com que podemos contar nos dias de hoje é fruto do desenvolvimento tecnológico incorporado aos bens e serviços agora disponíveis, e no qual o engenheiro tem um papel fundamental.

É ele quem transforma o conhecimento desenvolvido nos laboratórios em produtos que vão melhorar a vida das pessoas. É ele o elemento principal da revolucionária transformação silenciosa que ocorre no mundo moderno. O compromisso da engenharia é com o ser humano e com a sociedade. A Engenharia deve ser entendida como uma cultura, aberta para a sociedade, ativa na promoção de seu desenvolvimento, auxiliar dessa mesma sociedade na integração à nova mentalidade mundial, procurando como propósito a melhor qualidade de vida. A engenharia deve estar na cabeça das pessoas, pois convive com elas o tempo todo, a vida toda. A engenharia em uma palavra é estratégica para nosso desenvolvimento.

Se a sociedade consegue compreender a extensão desses conceitos e da importância do papel do engenheiro no desenvolvimento social e econômico, poderemos transformar as previsões delirantes dos atuais oráculos do mundo moderno. E com isso, projetar ao engenheiro para que ocupe sua verdadeira posição na coordenação integrada dos grandes planos, englobando os aspectos sociais e do desenvolvimento social e humano.

Fonte: Associação dos Arquitetos, Engenheiros e Técnicos de Cotia - www.aetec.org.br
http://www.aeabb.org.br/site/index.php/component/content/article/2-institucional/43-a-importancia-da-engenharia-no-desenvolvimento-das-nacoes.html

Novo Estudo Mostra que o Aquecimento Global Terminou em 1997 - Possível Ameaça de Uma Mini Era do Gelo

O suposto "consenso" sobre o aquecimento global causado pelo homem está enfrentando uma inconveniente contestação após a publicação de novos dados de temperatura, que mostram que o planeta não se aqueceu nos últimos 15 anos.


Os números sugerem que poderíamos estar até caminhando para uma mini era do gelo, que iria até mesmo rivalizar a queda de temperatura que durou 70 anos e que permitiu que feiras fossem realizassem nas águas congeladas do rio Tâmisa no século 17.

Com base em leituras de mais de 30.000 estações de medição, os dados foram divulgados sem muito alarde na semana passada pelo Met Office e pela Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia (esta última peça central do escândalo Climategate). O estudo confirma que a tendência de aumento das temperaturas mundiais acabou em
1997.


Enquanto isso, renomados cientistas climáticos disseram ontem ao jornal The Mail on Sunday que, depois de emitir níveis anormalmente elevados de energia ao longo do século 20, o sol está agora caminhando para um "grande mínimo" de emissão de energia, podendo causar verões frios, invernos rigorosos e um encurtamento das estação disponíveis para cultivo de alimentos. A atividade solar passa por ciclos de 11 anos, com elevado número de manchas solares observados em seu pico.

Estamos agora no que deveria ser o pico do que os cientistas chamam de "Ciclo 24" - motivo pelo qual a tempestade solar da semana passada resultou em avistamentos da aurora boreal mais ao sul do que o habitual. Mas a quantidade de de manchas solares é menor do que metade das observadas durante os picos dos ciclos do século 20.

A análise feita por especialistas da NASA e da Universidade de Arizona, derivada de medições de campo magnético a 120 mil milhas abaixo da superfície do sol, sugere que o ciclo 25, cujo pico deve acontecer em 2022, será ainda mais fraco.

De acordo com um estudo divulgado na semana passada pelo Met Office, há uma chance de 92 por cento que tanto o Ciclo 25 como os que acontecetão nas décadas seguintes serão tão fracos quanto ou mais fraco do que o "mínimo de Dalton", que ocorreu entre 1790 e 1830 . Neste período,cujo nome foi em homenagem ao meteorologista John Dalton, as temperaturas médias em partes da Europa caíram 2ºC.

No entanto, também é possível que a nova queda de energia solar possa ser tão profunda quanto o "mínimo de Maunder" (em homenagem ao astrônomo Edward Maunder), que aconteceu entre 1645 e 1715 na parte mais fria da "Pequena Idade do Gelo", quando houve o congelamento tanto do rio Tâmisa como também dos canais da Holanda.


No entanto, em seu estudo, o Met Office (conhecido alardeador do Aquecimento Global Antropogênico) afirmou que as conseqüências agora seriam negligenciáveis, porque o impacto do sol sobre o clima é muito menor do que o de dióxido de carbono causado pelo homem. Embora a energia do sol seja susceptível de redução até 2100, "Isso só causaria uma redução das temperaturas globais de 0,08ºC'". Peter Stott, um dos autores, disse que: "nossos resultados sugerem que a redução da atividade solar para níveis não vistos em centenas de anos seria insuficiente para compensar a influência dominante de gases de efeito estufa."

Essas descobertas são ferozmente contestada por outros especialistas solares.
"As temperaturas mundiais podem acabar sendo muito mais frias do que agora por 50 anos ou mais", disse Henrik Svensmark, diretor do Centro Nacional para a Pesquisa do Sol e do Clima do Instituto Espacial Nacional da Dinamarca. "Vai ser necessário uma longa batalha para convencer alguns cientistas climáticos de que o sol é importante. Pode ser que o sol demonstre isso por conta própria, sem necessitar de ajuda."

Ele ressaltou que ao afirmar que o efeito do mínimo solar seria pequeno, o Met Office estava confiando nos mesmos modelos de computador que estão sendo minados pela atual pausa no aquecimento global.


Os níveis de CO2 continuam a aumentar sem interrupção, e em 2007 o Met Office afirmou que o aquecimento global estava prestes a "voltar com tudo". O Met Office disse que entre 2004 e 2014 haveria um aumento global de 0,3ºC e em 2009 previu que pelo menos três anos entre 2009 a 2014 iriam bater o recorde de temperatura estabelecido anteriormente em 1998.

Até agora não há nenhum sinal de que nada disse aconteça. Mas ontem um porta-voz do Met Office insistiu que seus modelos ainda eram válidos. "A projeção de dez anos continua sendo cientificamente inovadora. O prazo para a projeção original ainda não acabou", disse ele.

Dr. Nicola Scafetta, da Universidade de Duke na Carolina do Norte, é o autor de vários artigos que discutem que os modelos climáticos do Met Office mostram que deveria ter havido um "aquecimento constante de 2000 até agora".

"Se as temperaturas continuarem a ficar estáveis ou começarem a esfriar novamente, a divergência entre os modelos e os dados gravados acabará por se tornar tão grande que toda a comunidade científica vai questionar as teorias atuais", disse ele.

Ele acredita que como o modelo do Met Office atribui uma importância muito maior para o CO2 do que para o sol, acabou concluindo que não haveria resfriamento. "A questão real é se o modelo em si é preciso", disse Dr Scafetta. Enquanto isso, uma das especialistas climáticos norte-americanos mais eminentes, a Professora Judith Curry do Georgia Institute of Technology, disse que a previsão confiante do Met Office de um impacto "insignificante" é difícil de entender.

"A coisa mais responsável a se fazer seria a de aceitar o fato de que os modelos podem ter graves deficiências no que se refere à influência do sol," disse a professora Curry. Em relação à pausa do aquecimento, ela disse que muitos cientistas "não estão surpresos".


Ela argumentou que está se tornando evidente que outros fatores que não o CO2 desempenham um papel importante no aumento ou diminuição do calor, como os ciclos de 60 anos da temperatura da água nos oceanos Pacífico e Atlântico.
"Estes ciclos não têm sido insuficientemente apreciados em termos de clima global," disse Prof Curry. Quando ambos os oceanos eram frios no passado, como aconteceu de 1940 a 1970, o clima esfriou. O ciclo do Pacífico "mudou" para o modo frio em 2008 e também se espera que o do Atlântico provavelmente mude nos próximos anos.

Pal Brekke, conselheiro sênior do Centro Espacial Norueguês, disse que alguns cientistas acham a importância dos ciclos de água difícil de aceitar, porque isso significaria admitir que os oceanos, e não o CO2, causaram grande parte do aquecimento global entre 1970 e 1997.
O mesmo vale para o impacto do sol , que foi altamente ativo durante a maior parte do século 20.
"A natureza está prestes a realizar uma experiência muito interessante", disse ele. "Dez ou 15 anos a partir de agora, seremos capazes de determinar muito melhor se o aquecimento do final do século 20 realmente foi causado pelo CO2 do homem, ou pela variabilidade natural."

Enquanto isso, desde o final do ano passado, as temperaturas globais caíram mais de meio grau, quando o efeito do frio 'La Nina' ressurgiu no sul do Pacífico.

"Agora estamos bem na segunda década da pausa", disse Benny Peiser, diretor da Fundação de Políticas de Aquecimento Global. "Se nós não vermos evidências convincentes do aquecimento global até 2015, começará a ficar claro que os modelos são incorretos. E, se forem, as implicações para alguns cientistas poderá ser muito grave."

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Interessantemente esta é exatamente a opinião do nosso ilustre meteorologista Luiz Carlos Molion, professor de Climatologia e Mudanças Climáticas da Universidade Federal de Alagoas e pesquisador sênior do INPE.

Fontes:
Daily Mail: Forget global warming - it's Cycle 25 we need to worry about (and if NASA scientists are right the Thames will be freezing over again)

MODIFICADO DE: http://www.anovaordemmundial.com/2012/01/novo-estudo-mostra-que-o-aquecimento.html

A descoberta tucana

O blogueiro, por espírito democrático (há, há, há!), visita os blogs dos colegas de maresia digital.
Assim, descobri que o PSDB (em Pobre Só Dando Bordoada) vai instalar seu Núcleo Sindical (http://blogdobacana-marcelomarques.blogspot.com/2012/01/psdb-ira-instalar-nucleo-sindical-no.html) no Pará. Curioso, investiguei quais seriam os sindicatos que iriam integrar essa instância. Exclusivo aos meus leitores:
- Sindicato dos Professores do Estado do Pará;
- Associação de Soldados, Cabos e Sargentos da PM/Pa;
- Associação dos Bombeiros do Pará;
- Sindicato Autônomo dos Empregados do Banpará;
- Liga dos Concursados do Estado do Pará.
Todas essas categorias estão agradecidas pelo respeito recebido pelo governo Jatene. Espera-se para os próximos dias a adesão da construção civil (Jatene criticou duramente os empresários e deu uma dura no Flexa, quando da greve desta categoria) e dos fiscais de renda (Jatene tirou o PL da Lei Orgânica do Fisco da ALEPA a fim de incluir mais poderes aos auditores na autuação dos inadimplentes). O presidente desse núcleo será o deputado Sidney Rosa, notório entusiasta de novos direitos aos trabalhadores.
Além disso, há a posse de sessões municipais (http://blogdoespacoaberto.blogspot.com/2012/01/psdb-comeca-discutir-as-eleicoes.html): PSDB Juventude, PSDB Mulher e PSDB Diversidade.
PSDB Mulher – Será prestada homenagem ao Senador Mario Couto, em reconhecimento à forma respeitosa com que tratou a ex-governadora Ana Júlia e vem tratando a Presidenta Dilma, mesmo lhes fazendo oposição.
PSDB Diversidade – Palestra proferida por Jair Bolsonaro: “Motivos para criminalizar a homofobia”. Em seguida debate entre Ney Messias e Caveira: o uso criativo da maconha nas manifestações culturais. Além disso, será aprovada moção de apoio à União Civil de Pessoas do Mesmo Sexo, projeto da senadora petista Marta Suplicy (SP).
PSDB Juventude: Homenagem póstuma: Paulo Renato – universalização do ensino superior. Palestra: Dep. Júnior Hage (PR): Ampliação do Programa Bolsa Trabalho. Programação: Baile Funk – Nois na fita, mano!
A próxima setorial do PSDB (Pior Salário do Brasil) será a de moradores em área de ocupação (Carmenlandia-Pinheirinho: um só coração). Além disso, sob a co-liderança de Nazaré Brabo e Milton Nobre, o partido vai instalar um Fórum Permanente: Judiciário – humildade e transparência em respeito ao cidadão.
Conclusão do blogueiro: o PSDB descobriu a existência das mulheres, dos gays, dos jovens e dos trabalhadores.
Agora a coisa vai!

FONTE: http://professorcavalcante.com/2012/01/26/a-descoberta-tucana/

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Por Que Lula É Tão Querido

Paulo Nogueira

“Difícil não é subir”, escreveu o historiador francês Jules Michelet. “Difícil é, subindo, você permanecer o mesmo.”
Acho que essa frase explica a razão pela qual todos gostam de Lula, excetuada uma parcela retrógrada da classe média que tem preconceito contra pobres e nordestinos, sobretudo se eles ascendem.
Escrevi, no artigo anterior, sobre o oposto: por que Serra é tão amplamente detestado. Decidi ir para o inverso. Pessoalmente, tenho por Lula uma admiração moderada e distante. Entrevistei-o algumas vezes no começo dos anos 1980, quando os metalúrgicos do ABC sob seu comando articulavam as primeiras greves desde 1964. Nessa época, eu era repórter de economia da Veja. Achei-o vivamente inteligente: jamais confundi QI com a aquisição de diplomas.
Raras vezes votei em Lula. A ocasião em que tive mais convicção para votar nele foi quando seu adversário era Fernando Collor de Mello. Tive, na juventude, alguns problemas com o PT. Meu pai disputou a presidência do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo no final da década de 1970 contra uma chapa formada por pessoas que depois estariam no PT. O candidato rival de meu pai era Rui Falcão, de quem guardo uma imagem lhana e delicada. Jogou limpo e perdeu com dignidade. Mas muitos dos jornalistas que apoiavam Rui me pareceram arrogantes e grosseiros nas assembléias em que se debatia a greve. Alguns chamaram meu pai de “a voz dos patrões” porque ele antevira com presciência as enormes dificuldades que a greve enfrentaria para funcionar. Daí meu incômodo com o PT, que seria fundado em 1980, pouco depois da eleição do Sindicato de Jornalistas vencida por papai.
Lula, talvez por não ser um intelectual, jamais foi o típico petista que vê (ou via) o mundo de cima para baixo. Num determinado momento, muitos suspeitaram de que ele seria manipulado pelos intelectuais que o cercavam e o educavam. O tempo mostrou que isso jamais aconteceria. Lula, por sua extraordinária liderança, sempre comandou seus professores. Em nenhum momento foi teleguiado.
À medida que foi ganhando estatura, mexeu na aparência, mas não no conteúdo. Aparou a barba, colocou paletó e gravata. Mas não se vendeu. No começo de minha carreira, circulou uma história que, verdadeira ou não, mostra como Lula era visto. Uma montadora, no final do ano, teria deixado um carro na frente da casa de Lula como um presente. O objetivo era conquistar a aliança de Lula para que as reivindicações dos metalúrgicos fossem contidas. O carro, segundo a história, foi prontamente devolvido.
Lula é simples sem ser simplório. Fala como o brasileiro das ruas genuinamente. Se numa campanha vai a uma feira comer pastel com os eleitores, parece que está em seu habitat. Com Serra é o oposto: vê-se que ele, como o general Figueiredo, o último presidente militar, não gosta muito do “cheiro do povo”. Serra, para o brasileiro médio, jamais será o “Zé” de suas campanhas.
Lula, sob contínuos ataques da mídia no final de seu primeiro mandato, não vergou – o que é um sinal de força interior. Rumores afirmavam que ele estaria bebendo cada vez mais, e a ponto de renunciar ou cair como Collor. Vistas as coisas em retrospectiva, tais rumores soam como piada.
Um estadista tem que ter musculatura para suportar estoicamente as agressões. Conta-se que Fouquet, revolucionário francês, dormiu na sessão da Convenção em que era julgado e corria o risco de ser condenado à guilhotina.
No poder, Lula foi essencialmente o mesmo de sempre. Mudou o foco da administração para o combate à miséria – um ato que lhe dá um lugar de honra na história do Brasil. Ao mesmo tempo, foi pragmático o bastante para ajudar as empresas brasileiras – sobretudo as exportadoras. Jorge Paulo Lehman contou uma vez numa conversa da qual participei que Lula pegou o telefone e ligou para a embaixada brasileira em Buenos Aires ao saber que a Anbev de Leman enfrentava dificuldades burocráticas na Argentina. “Em situações parecidas, o Fernando Henrique dizia que ia resolver o problema e depois não fazia nada”, disse Leman. Vi também uma vez o então presidente da Vale do Rio Doce Roger Agnelli contar uma história parecida.
Lula subiu sem deixar de ser o mesmo, uma coisa rara como dizia Michelet. Por isso, acima de todos os outros motivos, é tão amado — e é também em consequência disso sobretudo que milhões de brasileiros, entre os quais me incluo, fecham o ano torcendo para que ele se recupere do câncer na garganta tão usada para defender os trabalhadores.
FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=6478

Danilo Gentili: 'Se Dilma foi presa e torturada, é porque foi idiota'

Luis Soares, Pragmatismo Politico

Você provavelmente deve conhecer alguém capaz de oferecer um pedestal para um boçal


O jornal britânico The Guardian publica matéria essa semana destacando uma possível febre enlouquecida por apresentadores de comédia stand-up no Brasil (recuso-me a intitulá-los humoristas). O título da matéria é 'Comediantes brasileiros de stand-up lideram revolução contra a poderosa elite', e Danilo Gentilli, integrante do programa CQC e contratado da rede bandeirantes de televisão, é tratado como um dos líderes desse movimento.

Tom Phillips, jornalista que assina a matéria, chega a essa conclusão com base em critérios completamente chulos. Ele acompanhou a performance de Gentili em alguns de seus shows, ficando impressionado com a reação do público que o ovacionou com energia desmedida. Também o impressiona o número de pessoas que seguem Gentili na rede social Twitter. Mas isso bastaria para alçar alguém à posição de, pasmem, líder brasileiro no novo milênio?

Seria preferível levar em conta o perfil da plateia que costuma se encantar com esse tipo de 'comédia' nos dias atuais. Sem querer rotulá-los, mas sofrer crise de risos com uma piada que refere-se à tortura de forma banal, é atestado de total desconhecimento da história do Brasil. Transcrevo Gentili: "Um presidente tem que ser esperto. Se ela foi capturada e torturada, é porque foi estúpida". De acordo com a matéria do Guardian, a frase citada reflete o ápice do show, sendo o momento mais divertido dos 80 minutos de monólogo. Assim reage a claque.

As mesmas pessoas que se divertem com essas colocações de mau gosto, são as que também não contiveram o riso quando Rafinha Bastos, amigo de Gentilli, falou pejorativamente de mulheres que amamentam em público, e que 'mulheres feias devem agradecer ao serem estupradas'. Não, esse público está longe de refletir a realidade nacional, assim como os seus famigerados líderes, mais preocupados em enriquecer as suas contas bancárias e integrar a elite econômica disseminando baboseiras, do que realmente contrariar uma suposta elite.

Se querem mesmo buscar uma imagem de líder ascendente na América Latina, tomem a chilena Camila Vallejo como exemplo, que encabeça um movimento engajado em mudar a realidade educacional do seu país, através de propostas consistentes, defendidas sob a ótica da racionalidade e com mobilizações populares de proporções tamanhas que impressionam o mundo, no cotidiano real, do embate, nas ruas.

FONTE: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/10/danilo-gentili-se-dilma-foi-presa-e.html

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

“CPI DA PRIVATARIA” PODE SER “COMISSÃO DA VERDADE” DO NEOLIBERALISMO

“Os meios de comunicação buscaram impor orientação conservadora ao país. Ganharam, apesar de derrotados nas eleições de 2010.

Embate pela agenda política de 2012 passa pelo destino que se dará à CPI da privataria. Ela pode ser uma espécie de “Comissão da verdade” do neoliberalismo. Tudo depende de existir pressão popular.

Por Gilberto Maringoni, em “Carta Maior”

“Teste seus conhecimentos e ganhe uma viagem de ida ao Iraque!

Lá vai: a mídia brasileira ganhou ou perdeu politicamente neste ano?

A) Perdeu;

B) Ganhou;

C) Quem perdeu foi o Santos;

D) Todas as anteriores estão corretas;

E) Nenhuma das anteriores está certa. O Santos é um eterno campeão.

Dando um desconto aos santistas, a coisa pode ser vista de duas maneiras.

Os entusiastas do governo marcarão sem dúvida a alternativa “A”. E terão um argumento insofismável, que é mais ou menos o seguinte:

A grande mídia brasileira perdeu em 2010 e em 2011. Em 2010, jogaram todas as fichas na candidatura de José Serra. Manipularam, distorceram e correram riscos. Não deu. Em 2011, fizeram o gigantesco jogo de “vaca amarela”, para abafar o sucesso editorial e político do livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr. Se lascaram e ficaram com a ridícula pecha de censores privados.

Opositores à esquerda do governo marcarão “D”. Poderão contra-argumentar, num raciocínio menos linear:

A indústria midiática perdeu a batalha eleitoral, mas ganhou politicamente em 2011. Ela conseguiu impor sua agenda quase integralmente ao governo Dilma Rousseff. Perdeu na embalagem, mas ganhou no conteúdo.

É como se a derrota nas urnas tivesse se transformado em uma vitória quando se examina o tipo de governo capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores.

A DISPUTA DE AGENDA

A grande disputa que os meios de comunicação fazem não se restringe a ganhar ou perder uma eleição, a vender mais jornais ou revistas e a aumentar a audiência, o que resulta em maiores receitas publicitárias. Isso já é muita coisa.

Os monopólios da mídia querem mais. Investem para definir a agenda dos debates nacionais, para que os grupos econômicos que os sustentam sigam dominando a situação. Impor os temas mais importantes e influir nas decisões oficiais vale mais do que saber se fulano ou sicrano foi o eleito pelas urnas.

A grande agenda de 2011, logo no início do governo, era definir os rumos da política econômica. Era preciso manter quem ganhou muito nos anos anteriores ganhando mais ainda.

As últimas semanas de 2010 e o início do ano que agora termina foram marcados por saber se o governo daria um fim ao que chamam de “gastança” do governo Lula e se teríamos uma gestão mais “responsável”. E nisso tiveram amplo sucesso.

O editorial principal do jornal “O Estado de S. Paulo”, de 13 de janeiro de 2011, já dava o tom no noticiário de todos os grandes meios de comunicação nos meses seguintes:

“O governo prepara cortes definitivos no Orçamento de 2011, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair de reunião com a presidente Dilma Rousseff, na terça-feira.
(…)

Uma política mais séria a partir de agora será uma condição de segurança para todo o mandato da presidente Dilma Rousseff.
(…)

O ajuste do Orçamento de 2011 será, na melhor hipótese, apenas o começo de uma arrumação muito mais ampla e cada dia mais necessária. A gastança populista esgotou suas possibilidades. A presidente Dilma Rousseff tem de seguir outro rumo”.

Não deu outra. Em 9 de fevereiro, o governo anunciou um corte em suas despesas. O valor do salário mínimo, anunciado em abril, limitou-se a repor perdas inflacionárias, não incorporando nenhum ganho real. E todo o primeiro semestre do ano foi tomado por cinco elevações seguidas nas taxas de juros do Banco Central.

DESENVOLVIMENTISMO E PIB ZERO

Quem esperava um desabrochar da política desenvolvimentista levemente esboçada no segundo mandato do presidente Lula teve a clara sensação de que, apesar da vitória eleitoral de Dilma, o programa aplicado era o dos ultraliberais do PSDB.

Ao longo do ano, o ajuste recessivo continuou. Para baixar as taxas de juros em 0,5%, o governo anunciou, em 29 de agosto, a elevação da meta de superávit primário em R$ 10 bilhões, alcançando a fantástica soma de R$ 127,9 bilhões, ou 3,3% do PIB. As sucessivas quedas da taxa de juros no segundo semestre nem de longe reverteram a trombada recessiva das medidas anteriores.

O esforço fiscalista contou. Ainda. com a aprovação da “Desvinculação das Receitas Orçamentárias” (DRU), no início de dezembro. O mecanismo, como se sabe, faculta ao governo desviar até 20% do orçamento de qualquer área para o pagamento das dívidas financeiras.

A opção ultraliberal não ficou nisso. No meio, houve o anúncio da privatização dos aeroportos mais rentáveis.

Todo o esforço governamental – amplamente apoiado pela grande imprensa – teve seu coroamento na divulgação do crescimento do PIB do terceiro trimestre: zero por cento!

O ORÇAMENTO DO APERTO

E o ano termina com a aprovação da “Lei de Diretrizes Orçamentárias” (LDO) para 2012, a partir de projeto enviado pelo governo ao Congresso. O gráfico com a divisão de verbas para o orçamento do ano que vem, preparado pelo movimento pela “Auditoria Cidadã da dívida pública” circula na internet. Quem ainda não viu e deseja tomar contato com os números, basta assessar esse endereço: http://www.divida-auditoriacidada.org.br/config/artigo.2011-12-21.1595011869/document_view.

Os dados são baseados no relatório final da LDO.

O gráfico fala mais do que mil discursos: o governo petista destina nada menos do que 47,19% de todo o orçamento de 2012 ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Banqueiros e especuladores agradecem tamanha bondade.

Resumo da ópera: a agenda central do país em 2011 foi preenchida pela pauta conservadora e liberal. Exatamente o que os meios de comunicação em uníssono propagaram ao longo do ano.

PRIVATARIA EMBOLA O JOGO

Apesar de a agenda do ano que vem já estar em grande parte definida pela aprovação da LDO, ela não está fechada.


O impacto do livro “A privataria tucana” deu uma embolada no jogo. A mídia, apanhada de surpresa, reagiu de duas maneiras. Primeiro, tentou ignorar o assunto. A repercussão da obra na blogosfera – que se traduziu numa explosão de vendas – não pôde ser contida pela censura corporativa. A segunda reação se deu pela via da desqualificação do autor e do volume.

O que está em questão não é o livro ou as possíveis liberalidades com a coisa pública tomadas por José Serra e seus seguidores. O que está em tela é um dos pilares centrais do modelo neoliberal, a privatização de ativos públicos. Se é para se falar em escândalos, a privatização em si – com os danos estratégicos causados ao país – é muito mais escandalosa que as propinas eventualmente cobradas.

Ao abrir essa caixa Pandora, Amaury Ribeiro Jr. vai muito além do que buscar falcatruas cometidas por uma turma de larápios do patrimônio público. Ele coloca em questão o centro de gravidade do governo FHC e de parte das ações dos governos petistas.

A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema será o grande embate dos próximos meses.

COMISSÃO DA VERDADE DO NEOLIBERALISMO

A CPI da privataria, caso instalada, pode tomar rumos inesperados e inaugurar uma nova agenda para o país. Ela pode se tornar uma espécie de “Comissão da verdade” sobre as ilegalidades cometidas por membros de governo e dirigentes de megacorporações globais, todas anunciantes das grandes empresas de comunicação. Sua viabilidade depende de um clamor nacional, com os setores populares à frente.

Setores do governo, parte da cúpula petista, a chamada “base aliada”, a velha direita (PSDB-DEM-PPS), a mídia, o capital financeiro e seus seguidores devem jogar pesado e de forma articulada para inviabilizar a instalação da Comissão.

Entre tais extremos, há múltiplas nuances. A disputa pela viabilidade da Comissão será briga de cachorro grande. Se ela vingar e conseguir, mesmo que timidamente, colocar em questão o processo de liquidação do Estado, representará uma derrota para os setores neoliberais de alcance internacional. E teremos uma saudável disputa sobre os fundamentos de um novo projeto de desenvolvimento para o país.

Nisso tudo, apenas uma coisa parece certa: todo esse imbróglio será muito mal coberto pela grande mídia nacional.”

FONTE: escrito por Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo). Artigo transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/gilberto-maringoni-cpi-da-privataria-pode-ser-uma-comissao-da-verdade-do-neoliberalismo.html). [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

VIA: http://democraciapolitica.blogspot.com/2011/12/cpi-da-privataria-pode-ser-comissao-da.html

CATASTERS


regime????EU????

FONTE: http://catasters.tumblr.com/

Aventuras dos “técnicos” da Eurozona...

JOSÉ MARTINS

A falência da nem um pouco comum moeda europeia (euro) avançou um pouquinho mais a partir de 21/12/2011. Inesperadamente, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu emprestar cerca de 489 bilhões de euros (635 bilhões de dólares) para os bancos privados do continente. Isso é inacreditável. Esse monumental volume de moeda equivale ou ultrapassa o valor do produto interno bruto (PIB) de economias médias da Europa, como Holanda (780 bilhões de dólares), Suíça (530 bi), Bélgica (470 bi), Suécia (460 bi) e Noruega (410 bi). É mais que o dobro do PIB da Grécia (300 bilhões de dólares) e o triplo do PIB de Portugal (230 bilhões de dólares) e da Irlanda (210 bi).
Como o BCE consegue “produzir” em poucos segundos um volume de capital bancário equivalente ao que a maioria das economias da eurozona demora anos para produzir em termos de valor real? Até antes do último período de crise (2008-2009), os economistas vulgares, como Krugman et caterva, chamavam Alan Greenspan, antecessor de Ben Bernanke na direção do Federal Reserve (Fed, banco Central dos EUA) de “assoprador de bolhas”. E agora, qual apelido eles poderiam dar ao atual presidente do BCE, um italiano que atende pelo nome de Mario Draghi?

CASA-DA-MÃE-JOANA – Signori Mário é mais um desses “técnicos” que empesteiam os governos e ambientes burocráticos europeus. Com eles, a tão festejada União Europeia transforma-se velozmente em uma imensa casa-da-mãe-joana. A linha de crédito aberta aos bancos europeus é de longo prazo (três anos) e a taxa de juros é baixíssima (1% ao ano). Compare-se com a taxa de 7% ao ano cobrado por esses mesmos bancos para absorver papéis do Tesouro da Itália, por exemplo. O BCE justifica a medida: possibilitar aos bancos privados comprar os papéis dos governos mais endividados e dar liquidez ao sistema. Não é uma maravilha? Toma-se empréstimo de longo prazo de 1% ao ano e empresta-se no curto-prazo com taxas de 7%. O livre mercado é a coisa mais natural e maravilhosa do mundo!
Mas, perguntaria o homem comum, se o objetivo é que esse dinheiro chegue aos governos endividados, por que não emprestar diretamente para os dito cujos? Porque, respondem prontamente os economistas, seria uma intervenção indevida no livre funcionamento das virtuosas e naturalíssimas forças do mercado. Afinal, quem é contra o mercado? Ou contra o lucro dos capitalistas? Para que, então, eliminar os criativos empreendedores intermediários? Por que duvidar da benemérita mão invisível do livre mercado, que sempre transforma a busca egoísta do interesse privado em virtudes públicas?
Além do mais, promete o cínico economista liberal, pelo menos esse dinheiro vai acabar chegando aos cofres da Grécia, Portugal, Itália e outros náufragos do sistema. A prova? Basta seguir os ensinamentos da trickle-down economics– expressão criada pelos nos EUA para propagandear que os cortes de impostos ou outros favores dos governos aos capitalistas e outras classes proprietárias beneficiará as pessoas pobres da sociedade indiretamente, pelo enriquecimento dos capitalistas e crescimento da economia como um todo. A expressão é quase intraduzível, mas a moral da história é muito clara – encha de dinheiro o rabo dos que estão em cima que sempre sobra alguma coisa para os que estão em baixo.

SALVANDO BANCOS – Na prática a teoria é outra, decretou o próprio mercado, alguns minutos depois da divulgação da destrambelhada (e altamente lucrativa) decisão dos “técnicos” de Frankfurt. Quando foi divulgada a notícia, todas as bolsas do mundo subiram; alguns minutos depois, feitas algumas continhas, caíram pesadamente. Havia um cheiro de mutreta no ar. Não se esperava, mesmo entre experimentados operadores do mercado, que os bancos fossem com tanta sede aos guichês do BCE para meter a mão na grana. Em poucos minutos, os bancos “devoraram” – para usar a expressão da Bloomberg, que acompanhava “in sito” os acontecimentos 1 – a totalidade dos 489 bilhões de euros da generosíssima linha de crédito disponibilizada pelos “técnicos” do BCE.
A suspeita de que esse dinheiro nunca chegará aos cofres das falidas economias europeias logo se transformou em certeza. Pior, a voracidade dos bancos em cima do fundo do BCE redobrou as dúvidas sobre a estabilidade do sistema bancário europeu. Calcula-se que o montante devorado nesta semana seja suficiente para alavancar apenas 63% dos débitos podres em poder dos bancos, que devem vencer no ano novo que se inicia dentro de dez dias. Resultado: a montanha de liquidez induzida pelo BCE continuará “empossada” nas reservas para caloteiros inveterados da contabilidade dos bancos. A análise do diário de economia La Tribune, de Paris, confirma essa suspeita: "A ação do BCE destina-se sobretudo aos bancos. Não é uma resposta direta à questão das dívidas soberanas. Estes financiamentos devem proteger as economias europeias de um credit crunch. Constituem uma resposta ao fato de os bancos terem deixado de fazer empréstimos entre si, que permitindo ao mesmo tempo que os estabelecimentos financeiros prossigam com os suas operações sem correr riscos maiores sobre as suas taxas de liquidez. Apesar das incitações do BCE, é muito pouco provável que os bancos utilizem esse fundo para comprar a dívida soberana, ou uma dose infinitesimal, de acordo com o princípio de cada um por si... O problema do financiamento dos Estados da zona euro continua igual. [...] O fato de o BCE se estabelecer como credor de última instância dos bancos tende apenas a apaziguar provisoriamente as preocupações. Mas o período de paz será curto, enquanto continuará a haver incertezas relativamente ao financiamento da dívida dos Estados." 2
Pode-se acrescentar que os banqueiros podem até comprar mais dívidas dos governos no ano que vem. Afinal, o mercado não vive sem grandes emoções. Seus lucros, na academia nos ensinam os manuais de moedas e bancos, são diretamente proporcionais à taxa de risco. Quanto maior o risco, maior o lucro. Neste ano, está em torno de 7%; no próximo poderá subir para 8% e assim por diante. Os bancos se salvam e as economias se ferram. Aos bancos não interessa nem um pouco que os devedores paguem suas dívidas, e muito menos que elas diminuam. Interessa apenas o pagamento em dia dos juros. A crise financeira do bloco tem que continuar, como nos informa La Tribune.

OS MORTOS VIVOS – Duas perguntinhas básicas que surgem de todas essas manobras: primo, por que o BCE tem plena autonomia para emprestar para os bancos privados (mesmo que fabricando o capital mais fictício do mundo) e não tem nenhuma autonomia para fazer a mesma coisa com os governos do bloco? Não procure a resposta nas atas de Maastricht, como fazem os economistas em geral. As contorções atuais do capital bancário europeu e as loucuras dos “técnicos” nos últimos dias desvelam melhor do que qualquer consideração cartorial (acordos, etc.) as verdadeiras bases e objetivos da assim chamada moeda comum europeia.
Secondo: de onde surgiram esses recursos empacotados pelo BCE na última semana? Não se dizia no mercado que o BCE era um elefante branco descapitalizado? A fonte (pelo menos a origem contábil) desse capital emprestado ainda é um grande mistério. Não foi mencionada nenhuma participação de qualquer governo mais ou menos poderoso da eurozona. O BCE não tem capital próprio (diferente do Fed dos EUA) nem para pagar suas despesas de água e luz. Nem reservas internacionais, que, mesmo se existissem, como em uma economia normal, não poderiam ser usadas para esse tipo de operação de salvação dos bancos. Isso tudo extrapola até a ideia de capital fictício, como conhecemos na teoria econômica e, concretamente, em infinitos produtos do moderno mercado financeiro e de capitais. A aventura dos “técnicos” europeus nesta semana é diferente: é uma criação em grande massa de capitais zumbis, de mortos vivos comandando a miséria dos ajustes fiscais e destruição da população européia.

1 Bloomberg News – European Banks Devour Record ECB Emergency Funding [ Bancos Europeus Devoram Financiamento de Emergência Recorde do BCE], 21/12/2011
http://www.bloomberg.com/news/2011-12-21/european-banks-devour-ecb-emergency-funds-amid-frozen-markets.html
2 La Tribune – La BCE veut éviter un "credit crunch" – Paris, 22/12/2011
http://www.latribune.fr/entreprises-finance/banques-finance/html
MODIFICADO DE: http://www.almascorsarias.com.br/2011/12/critica-semanal-da-economia_26.html
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Darwin não disse isso

por Gerardo Furtado


O Facebook é o novo ambiente de propagação de uma praga que já ocorre há um certo tempo. Bem antes das redes sociais na internet se tornarem populares andou circulando por aí uma poesia bastante piegas (talvez possa até dizer dela que era um tiquinho interessante) chamada “Instantes”, atribuída a Jorge Luis Borges. Para quem não lembra é aquela que começa com “Se eu pudesse novamente viver a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros…”. Quem quer que já tenha lido dez por cento de um conto de Borges sabe que ele jamais seria o autor daquela peça melosa e açucarada. Mas na internet, onde é tão fácil escrever (e reproduzir) informações, a praga das falsas autorias se alastrou. São bobagens (geralmente mal escritas, diga-se, sem querer ofender…) atribuídas a Luís Fernando Veríssimo, Shakespeare, Fernando Pessoa, Kafka… Lembro-me de, um dia, em sala de aula, encontrar fixado no quadro de avisos um texto de autoajuda, com todos aqueles chavões os quais não é necessário aqui reproduzir, que lá foi posto com o intuito de relaxar os alunos e diminuir a tensão anterior ao vestibular, o que é uma iniciativa louvável. Findando o texto, porém, havia um garrafal “Carlos Drummond de Andrade”. Bem, não tenho nada contra uma pessoa escrever um texto de auto ajuda, um texto motivacional. Mas assinar seu texto com o nome de Drummond é uma desonestidade, para dizer o mínimo. No Facebook encontramos Bob Marley, Clarice Lispector, Arnaldo Jabor e uma legião de outras criaturas cujo nome subescreve as mais diversas bobagens.

Muito bem, estava eu a perder o meu tempo (e o dos outros) no Facebook quando me deparo com uma postagem de um colega, onde na figura, que reproduzo abaixo, podemos ler uma simpática frase do nosso querido Charles Darwin. À primeira vista, nada de errado, certo? Bem, para começo de conversa, Darwin nunca escreveu isso. Depois de citar as fontes (sim, citar as fontes é um hábito perigosamente em desuso, tanto que um grande número de pessoas nem sabe o que isso significa), tentarei explicar por que essa frase não faz sentido, nem pra Darwin (aqui vou usar muita suposição, uma vez que Darwin já morreu e, a não ser que eu tenha essa mui complexa capacidade de falar com os mortos, não posso saber o que se passava na cabeça dele) nem para a biologia evolutiva dos dias de hoje.


Eis a imagem que circulou pelo Facebook (o selo "Darwin não disse isso" foi adicionado por mim).
Dizer que determinada personagem não é o autor de uma citação é uma tarefa não apenas inglória como também desnecessária: a pessoa que afirma uma determinada autoria é quem tem o ônus da prova, é ela quem deve ir procurar nos livros, revistas, entrevistas ou outros documentos e nos mostrar a citação. Mas, nesse caso, há dois facilitadores. Em primeiro lugar, toda a obra de Darwin (inclusive cartas e outros documentos pessoais) está digitalizada e é facilmente encontrada, como por exemplo no excelente site The Complete Work of Charles Darwin Online. Assim, é fácil fazer uma busca por uma palavra ou, para melhorar o filtro, por um conjunto de palavras. Mas, além disso, eu tive certa sorte: num site da universidade de Cambridge, não só essa citação (juntamente com outras) é explicitamente dita como não sendo de Darwin, como a universidade oferece um prêmio, uma cópia de uma obra, à primeira pessoa que seguramente identificar a origem da citação.

O que mais nos interessa aqui, contudo, é a interpretação dessa frase. Em primeiro lugar, me parece muito estranho Darwin falar de “espécies”. No pensamento darwinista ortodoxo qualquer nível organizacional pode sofrer seleção e, por conseguinte, ser o nível de ocorrência do processo evolutivo. Mas, para quem já leu Darwin, é estranho ouvir ele falar de “espécie”… Ele normalmente falaria de população, ou variedade, ou grupo, ou mesmo indivíduo. Convenhamos, porém, que essa é uma possibilidade. Há outro problema, e esse relaciona-se com as noções modernas da biologia evolutiva.

Essa frase associa evolução a mudanças no ambiente. Essa associação é infelizmente tão ubíqua que dificilmente a vemos sendo analisada ou mesmo contestada. Acontece que, compreendendo “evolução” como mudanças na composição genética de uma população, tanto pode ocorrer uma notável evolução nas espécies de um meio estável como, o mais importante, pode não ocorrer evolução alguma nas espécies de um meio instável. A razão disso é tão importante que irei aqui usar um bullet point:

A evolução é uma contingência.
O que quero dizer com isso é que o processo evolutivo é algo que ocorre, mas que pode muito bem não ocorrer. Uma população pode sofrer sucessivas mudanças em sua composição, ou ficar milhares de milhares de anos praticamente inalterada. Temos que parar de associar evolução a mudanças no ambiente, e sucesso evolutivo à capacidade de se adaptar a essas mudanças. Futuyma tem um parágrafo bastante esclarecedor a esse respeito:

It is naïve to think that if a species’ environment changes, the species must adapt or else become extinct. Not all environmental changes reduce population size. Nonetheless, an environmental change that does not threaten extinction may set lip selection for change in some characteristics. Thus white fur in polar bears may be advantageous, but not necessary for survival. Just as a changed environment need not set in motion selection for new adaptations, new adaptations may evolve in an unchanging environment if new mutations arise that are superior to any pre-existing genetic variations. We have already stressed that the probability of extinction of a population or species does not in itself constitute selection on individual organisms, and so cannot cause the evolution of adaptations.

Se quisermos considerar que a espécie é o nível onde se dão os processos seletivos, seria muito mais acertado dizer que a espécie que sobrevive (seja isso o que for…) é aquela que apresenta vantagens competitivas, apenas isso.

Por fim, me parece que essa frase tem um pouco do cheiro dos discursos de autoajuda que surgiram no fim do milênio passado, imbuída de um inegável juízo de valor: quem é capaz de suportar mudanças é melhor, quem é capaz de se adaptar em um novo meio é melhor. Bem, no mundo empresarial esses podem de fato ser conselhos de grande valia. Mas Darwin não disse isso.

Post Scriptum: Acabei de ver no site da universidade de Cambridge que o autor dessa frase foi identificado. Segundo o site, “the source he has identified is in the writings of Leon C. Megginson, Professor of Management and Marketing at Louisiana State University at Baton Rouge.”
FONTE: http://biologiaevolutiva.wordpress.com/2011/12/24/darwin-nao-disse-isso/

O problema é a margem de lucro

Já que não dá para confiar na NET - e em nenhum outro serviço de banda larga -, fui atrás de um modem 3G para qualquer emergência - hoje em dia, não dá para ficar sem internet, mesmo por períodos curtos.
Na loja da Vivo, queriam cobrar R$ 300 pelo modem. O plano pós-pago saía por R$ 30 mensais, mas exigia fidelidade de um ano. O cancelamento do serviço implicava o pagamento das mensalidades restantes.
Na Oi, o modem custava R$ 200, o plano também exigia fidelidade por um ano e a mensalidade também era de R$ 30.
Na Tim, surpresa: o modem saía por R$ 108, a mensalidade custava um pouco mais, R$ 35, sem fidelidade, ou seja, o serviço pode ser cancelado a qualquer hora, sem custo adicional.
O modem é um aparelhinho de nada, que deve ser fabricado por um preço de no máximo uns US$ 10.
O lucro que a Vivo está tendo só com a sua venda é estratosférico.
A Oi também lucra bastante, mas bem menos.
A Tim é a única que parece entender que o importante é conquistar o freguês, não só arrancar a sua pele.
O problema do varejo brasileiro é justamente esse. Nenhum comerciante vende seus produtos com uma margem de lucro de, no mínimo, 100%.
Estão aí as liquidações de início de ano das grandes redes, com descontos de até 70%, para confirmar esse despropósito.
O fabricante do produto também não é nenhum santo. Deve vender a mercadoria com margem similar ao do varejista.
E depois eles vêm reclamar dos impostos, do peso da mão de obra, do "custo Brasil", disso e daquilo. Só que nenhum deles informa o principal, que é justamente o lucro que têm na venda de seus produtos.
Exemplo cristalino disso são as montadoras, que nunca até hoje disseram quanto gastam para fabricar um carro e quanto os revendedores pagam por ele.
Por isso toda discussão sobre preços no Brasil é manca e completamente fora da realidade.
O problema todo é a margem de lucro.
Mas sobre ela, ninguém abre a boca.
FONTE: http://cronicasdomotta.blogspot.com/2012/01/o-problema-e-margem-de-lucro.html

CORREGEDORA DO CNJ, ELIANA CALMON, ABALOU AS ESTRUTURAS DO CENTRO IRRADIADOR DA DESIGUALDADE SOCIAL E ECONÔMICA

A democracia brasileira ficou grande demais para o judiciário aristocrático, arrogante, vitalício e pomposo que tem. Parado no tempo, talvez no tempo do império, o judiciário brasileiro se tornou anacrônico diante das transformações sociais e econômicas do Brasil nos últimos 20 anos de democracia.

A situação se agravou ainda mais nos últimos anos com as transformações econômicas, ascensão de uma nova classe média, multiplicidade de meios de comunicação, mesmo os tradicionais, novas formas de se informar como a internet e todas as novas tecnologias.

Há uma primavera democrática no Brasil dentro da própria democracia. Há grupos hegemônicos de mídia ainda com grande poder, mas esse poder está relativizado e ameaçado por uma legião de jovens, adultos e velhos educados nas últimas décadas e que se utilizam de redes sociais e novos espaços de interação e comunicação.

O Brasil talvez ainda não tenha se dado conta do tamanho e do significado da luta de Eliana Calmon, corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Essa não é uma questão que está limitada ao simples combate à corrupção, ela é infinitamente maior. Eliana Calmon foi no calcanhar da mais odiosa herança brasileira, a impunidade, a desigualdade econômica e social; foi direto no “olha com quem está falando”, no “cada macaco no seu galho”.

A corregedora mexeu no alicerce de 500 anos de história de autoritarismo, arrogância, desigualdade, cordialidade e conservadorismo jurisdicional. Eliana foi no alvo, no centro irradiador da desigualdade brasileira, que é a estrutura judiciária. É ali, na arquitetura, na ostentação, na vestimenta, no ritual, que se conserva e se legaliza a modernidade desigual e corrupta do país.

Um exemplo dessa situação é o STJ (Superior Tribunal de Justiça) que tem 33 juízes e 3.759 funcionários, ou seja, 100 funcionários para cada juiz, e uma dotação orçamentária em 2010 de R$ 940 milhões, ou seja, quase R$ 30 milhões para cada ministro. Que justiça se faz com 33 juízes gastando R$ 1 bilhão para funcionar. Isso não é um tribunal, é uma barbaridade!

Há uma lei muito clara que nossos desembargadores ignoram: quanto mais abusos e privilégios, menos justiça. Essa é uma lógica que tem agraciado parte da elite brasileira que se beneficia dessa estrutura perversa sustentada por séculos. Isso se reflete na atuação da própria justiça, que anula investigações como Castelo de Areia e Satiagraha, que beneficia políticos e empresários que, assim como os tribunais perdulários, usam e abusam do dinheiro público.

O apoio que teve da sociedade, o titubeada de órgãos da mídia, e a oposição raivosa de associações de juízes torna evidente que Eliana Calmon chegou ao centro estrutural da desigualdade brasileira.
FONTE:
/a>http://glaucocortez.com/2011/12/28/corregedora-do-cnj-eliana-calmon-abalou-as-estruturas-do-centro-irradiador-da-desigualdade-social-e-economica/

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Crise alimentar é o resultado do livre mercado e do abandono da política agrária

Escrito por Valéria Nader

Em face de mais uma crise mundial que parece explosiva, com a fome e a inflação de alimentos se tornando noticiário nos vários cantos do planeta, conversamos com o professor do departamento de Geografia da USP Ariovaldo Umbelino.

Para Umbelino, a atual situação não deixa a menor margem para diagnósticos ilusionistas: a crise alimentar resultou da total incapacidade do mercado para conduzir à segurança e à soberania alimentar. No Brasil, a ausência de reforma agrária foi também determinante, e a situação é tendencialmente explosiva em função da escalada dos biocombustíveis.

Confira abaixo entrevista exclusiva.

Correio da Cidadania: A que se pode atribuir, pensando globalmente, o atual problema da fome: à formação especulativa de estoques, à queda de safras, à tomada de terras para os cultivos agroindustriais, todos eles comprometendo a produção de alimentos?

Ariovaldo Umbelino: Em primeiro lugar, há de se levar em conta que a falta da produção de alimentos na atual conjuntura tem uma série de motivos, que vou tentar enumerar.

Primeiro, o que está em jogo é uma crise estrutural no interior do sistema produtivo que o capitalismo adotou no neoliberalismo, com a mudança da sistemática de controle da produção de alimentos, antes baseada no sistema de estoques e hoje baseada no livre comércio, ou seja, na disponibilidade dos estoques no mercado. Essa mudança está revelando agora suas conseqüências. Portanto, essa é uma primeira razão, e ela é estrutural.

Podemos também lembrar que há uma redução dos estoques em função da ‘subprime’, qual seja, dos problemas no mercado financeiro norte-americano. Uma parte dos fundos se dirigiu à compra de commodities (mercado de futuro), o que acelerou o processo especulativo em função da queda dos estoques e da possibilidade de oferta de alimentos no mercado futuro. Essas são questões estruturais e estão associadas.

A segunda razão é de natureza conjuntural, e deriva do aumento do preço do petróleo. Toda a produção do agronegócio pós-revolução verde, e agora, nesse período do neoliberalismo, está assentada no setor agroquímico, e evidentemente que este é comandado pela lógica do preço do petróleo. Se sobe o preço deste, o custo da agropecuária também sobe e, consequentemente, deriva daí parte da responsabilidade pelo aumento dos preços dos alimentos.

O terceiro motivo, nem por isso de menor importância, pois todos esses são processos simultâneos, está no aumento do consumo devido a uma certa melhoria das condições de algumas populações, sobretudo da China e da Índia, que têm ampliado a importação de alimentos. Mas não é essa a principal razão, como se quer fazer crer no Brasil.

CC: Nesse sentido, fazendo um parêntese para o Brasil, o presidente Lula chegou a declarar que a inflação de alimentos é decorrente de os pobres estarem consumindo mais, e não uma conseqüência da expansão do cultivo do biocombustível. Ao mesmo tempo, aparentemente corroborando a versão presidencial, sabemos que o motor do crescimento nos últimos meses tem sido realmente o aquecimento do mercado interno, em face da deterioração da balança comercial (exportações menos importações). Como você avalia essa situação?

AU: Isso é uma grande bobagem. É evidente que o aumento do consumo é parte da questão, mas não é nem a razão principal, muito menos a única, conforme disse.

CC: Mas voltando, então, aos determinantes da crise alimentar em escala global, você citaria algum outro fator, como, por exemplo, a produção dos biocombustíveis?

AU: Outra causa também conjuntural, que pode vir a se tornar estrutural, é a opção norte-americana pela produção do etanol a partir do milho, bem como o caminho tomado pelos países da União Européia de produzir o etanol a partir de grãos. É claro que essa opção dos EUA, hoje o maior produtor mundial de etanol, fez com que uma parte do milho destinado à alimentação humana e animal fosse destinada à produção de etanol, o que por sua vez gerou os mecanismos especulativos na queda dos estoques de milho. Essa queda, por sua vez, puxou pra cima os preços dos demais grãos: soja, trigo, arroz.

Volto a insistir, essa razão é conjuntural, mas pode vir a se tornar estrutural, porque os EUA não têm mais terras disponíveis à agricultura para ampliar sua produção de milho e continuar mantendo sua produção de trigo e soja. Essas três culturas competem entre si. Portanto, se aumenta a área de uma, diminui a de outra. Além do mais, ampliar a área de cultivo nos EUA sai muito caro, os preços dos alimentos não compensariam. E a essa questão interna dos EUA se soma o aumento do custo de produção, pelo efeito do petróleo.

Esse é, assim, o quadro que se apresenta no plano mundial.

CC: E como esse quadro rebate nos países emergentes, especificamente?

AU: Poderíamos dizer que os primeiros países onde esse rebatimento se deu de forma rápida foram os da Ásia, com a elevação dos preços do arroz, e também os países importadores de trigo. Nesses, o efeito foi imediato, pois, com a elevação do preço do trigo nos EUA, e consequentemente do trigo exportado para outras partes do mundo, os países importadores sentiram imediatamente a alta.

Quanto ao arroz, a elevação de seu preço fez com que os países produtores de arroz do sudeste asiático começassem a bloquear as exportações do produto, assim como agiu a Argentina com relação ao trigo.

Evidentemente que o lado cruel desse processo todo rebaterá na África, cujos povos precisam do trigo para sua alimentação básica, em função do grau de miséria que a região sofre. E aí entra o grito da ONU, pois ela tem seus recursos destinados a fornecer alimento a essa população que sofre com a fome e percebeu que não teria como comprar esses produtos em razão da elevação dos preços.

Mas não só a África sofre, como também a América, como se viu no Haiti.

CC: E o Brasil, como fica nessa conjuntura?

AU: No Brasil, o primeiro efeito aparece no trigo, já que, com o bloqueio das exportações da Argentina, precisamos comprar no mercado mundial, ou seja, nos EUA e Canadá, onde há trigo disponível para exportação. Sendo assim, os preços se elevaram. Não só os preços, pois agora há também o frete, que não existia quando se trazia trigo da Argentina.

Pois bem, o Brasil tem um consumo anual de 10 milhões de toneladas de trigo e produz três milhões, o que nos torna o maior importador mundial de trigo hoje. Sendo assim, inevitavelmente o efeito do trigo terá suas conseqüências no Brasil, não só no pão, mas em todos os produtos nos quais se utiliza trigo.

Somos o único país do mundo em se prega essa tese maluca do neoliberalismo, de que comida tem de ser oferecida no mercado a quem puder pagar mais, como propõem os economistas neoliberais. Claro que isso tira do país a possibilidade de obter uma mínima segurança alimentar, nem digo soberania.

A lógica do neoliberalismo é essa: manda-se comida a quem paga mais, não a quem tem fome. Nem para o próprio povo do país. A lógica neoliberal não está assentada na segurança, quanto menos na soberania alimentar.

Como parte desse mecanismo, agravando-o ainda mais, vêm os possíveis desdobramentos futuros. O Brasil, com seus três milhões de toneladas produzidas de trigo, vai fazer o que se a demanda do mercado mundial for superior? Os produtores de trigo vão exportar, como fizeram no ano passado.

Pensando, por exemplo, no feijão, por que chegou a faltar esse produto em nosso mercado, se o Brasil é um grande produtor mundial? Esse foi o reflexo indireto de outros fatores. O aumento, já desde o ano passado, do preço do milho e da soja, assim como o efeito da subida dos preços desses produtos no mercado interno, fez com que as terras destinadas à produção do feijão não o fossem mais. Os capitalistas converteram a área de produção de feijão em terra para cultivo do milho, que tinha preços mais vantajosos no mercado mundial, em função da escalada provocada pelo etanol americano. Escalada que atingiu também a soja, que, na falta do milho, o substitui na ração animal – não na alimentação humana.

É bem provável que nesse começo de ano, com a entrada da principal safra de feijão, não haja falta, mas a perspectiva é que, no final do ano, o produto venha a faltar. Se os preços do milho e da soja continuarem mais vantajosos, é óbvio que os capitalistas continuarão privilegiando a sua produção.

No caso do arroz, os estoques de que o Brasil dispõe, que são baixíssimos, mais a perspectiva de safra, já praticamente colhida, momentaneamente não sinalizam para uma situação de falta do produto. Porém, se os preços do mercado internacional estourarem, será iniciado um processo de se destinar parte da produção do mercado interno ao externo.

Temos, portanto, o ‘deus mercado’ determinando todos esses mecanismos nefastos associados a produtos essenciais à nossa segurança alimentar.

CC: Confirmando esses mecanismos, na atual polêmica relativa ao desabastecimento do arroz, onde se discute taxar ou não as exportações de produtores privados, o ministro da Agricultura Reinold Stephanes chegou a negar a medida.

AU: Veja, é por isso que comecei pela causa estrutural. O mercado de alimento não pode sobreviver ao mercado livre. Seguir essa trilha é colocar em risco a possibilidade de sobrevivência da humanidade. O mercado não é capaz de regular nada, exceto as vantagens dos capitalistas. E o problema da fome está aí, para demonstrar essa incapacidade.

No plano do mercado interno brasileiro, desde 1992, o país não aumenta nem a produção de feijão, nem a de arroz e nem a de mandioca, que são os três alimentos básicos da população brasileira. Pode-se pôr o milho aí, mas este não serve só para a alimentação humana, tem também o componente de matéria-prima para a ração.

CC: Ou seja, estamos pensando em produzir etanol sem sequer termos assegurado nossa segurança alimentar.

AU: E como o Brasil tem resolvido, em face da adoção da política neoliberal, o mercado de arroz e feijão? Quando há falta, importa. Então, o país usa a disponibilidade do produto no mercado mundial como instrumento de controle da sua segurança alimentar. Mas, à medida que os países bloqueiam a exportação, não existe mais essa possibilidade, ou seja, o Brasil não teria a chance de buscar no mercado mundial o arroz necessário para manter seus preços elevados no mercado interno.

Esse é o quadro mais crítico do mercado interno. Bom, pode-se questionar por que não se aumenta a produção de arroz, feijão e mandioca. A resposta é que a política agrícola voltada ao alimento básico no Brasil não permite aos agricultores reporem os custos de produção. Quem produz esses alimentos são, em grande maioria, os pequenos agricultores, e eles não têm como resolver o problema da produção, voltando sua atenção a outros produtos. Se pegamos Paraná, Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul, todos produtores de feijão, vemos que a tendência é plantar milho, pois possui preços mais vantajosos.

Portanto, o efeito na alimentação brasileira é direto e indireto no que se refere ao mercado dos alimentos básicos. Poder-se-ia colocar nesse bolo a carne. O Brasil está se tornando o maior exportador mundial de tudo quanto é tipo de carne. Conseqüentemente, é claro que, se a produção for destinada ao mercado externo, o interno passa a ser regulado pela disputa de preços. Ou o mercado interno paga preços compatíveis ao mundial, ou se investe em produzir para o mercado mundial.

Pensando ainda no etanol no Brasil: a cana é responsável direta pelo aumento no custo do alimento? Claro que não, mas de forma indireta, sim. Ainda que uma parte da expansão da cultura da cana seja feita em cima de área de pastagem.

CC: Nesse quesito, o físico José Goldemberg chegou a mencionar recentemente que os biocombustíveis estão envoltos em algumas noções falaciosas, já que as lavouras de cana ocupariam apenas 2% dos quase 3 milhões de Km2 utilizados pelo setor agropecuário e, ademais, seriam cultivadas pela conversão de pastagens – e o espaço ocupado por pastos estaria em decréscimo. O que você responderia a isso?

AU: Veja bem. Se tomarmos a área de crescimento da cana neste ano, da penúltima safra para a última, vê-se que, na maioria, não se invadiu a área da produção de alimentos. Mesmo assim, há locais em que isso ocorreu, o que é reconhecido por órgãos do próprio setor sucro-alcooleiro.

A cana, portanto, cresce sim sobre parte das terras que eram destinadas à produção de outros alimentos. E o principal efeito da expansão da cana, esse é o ponto primordial, é o sucessivo. Não se trata necessariamente de um efeito que irá se sentir de forma direta, entre um ano e outro. É um efeito que ao longo dos anos vai se somando. Se compararmos os dados do IBGE da produção agropecuária de 1990 a 2006, considerando-se somente os municípios que tiveram aumento na área plantada de cana e tomando como referência os municípios que cresceram em mais de 500 hectares essa área, o que encontramos? Uma redução de 261 mil hectares de área de feijão. E uma redução de 340 mil hectares de área plantada de arroz.

Desta forma, como a expansão da cana não afeta? Não só o arroz e feijão são afetados, mas também a agropecuária, pois nesses municípios houve uma redução de 460 milhões de litros na produção de leite, por ano. E também uma redução de 4,5 milhões de cabeças de gado bovino.

E aí aparece ainda o efeito perverso do desmatamento: a cana está deslocando a pecuária – assim como a soja no Mato Grosso também a desloca – para o Pará, onde existe hoje o terceiro maior rebanho do país.

CC: No estado de São Paulo, a paisagem se transformou de maneira incrível, só se vêem plantações de cana em longos trechos de suas rodovias.

AU: E para completar, naqueles 261 mil hectares que deixaram de ser plantados com feijão, seria possível produzir 400 mil toneladas do produto, ou seja, 12% da produção nacional. Pode-se dizer que o país não diminuiu essa produção, apenas plantou em outras regiões. É verdade, mas não houve incremento de produção. Seria possível plantar em outras regiões e fazer crescer a produção de feijão no país, mas isso não aconteceu. Quanto ao arroz, nos 340 mil hectares não plantados, poder-se-ia produzir 1 milhão de toneladas do produto, o equivalente a 9% do total do Brasil.

Este é um estudo que estamos ampliando para os demais produtos para mostrar exatamente que não estamos diante de um efeito momentâneo, e sim de uma tendência. Quanto mais se expandir a produção de uma cultura que disputa espaço com outras, naturalmente haverá reflexos nessa produção concorrente.

CC: Ou seja, a se permanecer esse modelo agrícola, as conseqüências podem ser catastróficas.

AU: Só não são catastróficas porque a política agrícola brasileira jogava com o mercado externo e até por isso o governo brasileiro bate forte com essa história dos subsídios da Europa e dos EUA. Querem, a todo custo, que o mundo continue com a política neoliberal. Europa, EUA e Japão estão abandonando a política neoliberal – há vários estudos que mostram esse fato– e o Brasil fica defendendo essa bandeira em nome do agronegócio.

Por outro lado, o que é cruel, não se fez avançar a reforma agrária, sendo que onde ela existe sempre se prioriza a produção de alimentos. Quer dizer, não se estimula a reforma agrária e fica-se nesse impasse da crise que o modelo neoliberal gera.

CC: Portanto, a reforma agrária seria uma das soluções a longo prazo?

AU: É uma solução a curto, médio e longo prazo. O pequeno agricultor produz primeiramente o alimento que precisa para consumo próprio e, automaticamente, ele gera excedentes. Se o Brasil tivesse assentado sua política de produção de alimentos na reforma agrária, hoje o país não estaria vivendo essa situação.

CC: Mas parece que essa possibilidade não se inscreve mais politicamente nesse governo, não?

AU: Não, pelo contrário. O que o governo, parte da mídia e intelectuais passaram a dizer? Que a reforma agrária não era necessária.

CC: Toda a extensa fundamentação que você fez aqui retrata uma crise profundamente estrutural. Mas o estouro dessa crise alimentar agora, em meio à crise hipotecária americana, não seria uma curiosa coincidência?

AU: Eu penso que a crise norte-americana é estrutural. Trata-se de uma crise do setor financeiro e este é o coração do capitalismo na etapa na qual vivemos. É também inegável que uma parte dos fundos investiu em commodities. Não se trata, portanto, de uma ação somente ideológica, onde uma crise vem para encobrir a outra, penso que não é esse o caminho. Há, isto sim, o efeito da crise nessa mudança dos fundos para as commodities.

CC: Mas uma bolha de commodities é então inegável?

AU: Exatamente.

CC: Em meio a toda essa discussão, às vezes surgem declarações como a do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, para quem, em face da crise alimentar, seria necessário ampliar o desmatamento legal. Como você encara uma declaração dessas?

AU: Enxergar no desmatamento a alternativa, num país que tem 120 milhões de hectares de terras comprovadamente improdutivas, registradas no cadastro do Incra, que não faz a reforma agrária porque o governo não quer, somente pode ser encarado como uma loucura do modelo do agronegócio.

Na realidade, há dois centros na produção de grãos. Um é o histórico, no sul. O outro é o Centro-Oeste, a nova área do agronegócio e onde ficam os defensores do desmatamento.

Esse setor do agronegócio situado no Centro-Oeste, que tem no governador Maggi seu representante maior, está acenando com essa alternativa porque, obviamente, na conjuntura atual, o preço da carne também está em alta no mercado mundial. Não compensa fazer a reversão de área de pastagem para a produção de grãos, como em anos anteriores. Então, na verdade, os atuais produtores de grãos estão espremidos entre cumprir a legislação ambiental e expandir sua área de produção. E eu só posso classificar isso como um ato de loucura.

CC: Seria também um ‘ato de loucura’ a declaração do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, ao dizer que o avanço da pecuária na Amazônia e a derrubada da madeira são conseqüências do baixíssimo valor econômico da floresta? Enquanto isso, ativistas do Greenpeace defendem ‘compensações econômicas pelo não desmatamento’. Há uma relação de causalidade entre esses dois enfoques?

AU: Penso que são dois pontos que devem ser colocados de maneira bem cuidadosa. Em primeiro lugar, a maior parte das terras da Amazônia com floresta está grilada, não pertence a quem quer derrubar ou está derrubando a floresta. Uma parte expressiva dessas terras é propriedade do Incra. Para se ter uma idéia mais exata, são 60 milhões de hectares, que deveriam ser destinados à reforma agrária e não o são porque estão grilados.

Assim, o primeiro ponto que deve ser levantado é o de questionar se essas terras pertencem a quem as cercou. Não pertencem! E o que fez o governo Lula? Baixou a MP 422 para regularizar a grilagem da terra na Amazônia! E isso vai permitir que o grilão, que está lá ocupando a terra, compre até 1500 hectares. Assim sendo, que historia é essa de baixo valor econômico?

Quanto ao Greenpeace, em algumas áreas, as pessoas têm o título de propriedade. Nesse caso, qual é a posição do Greenpeace, e de certo modo a do ministério do Meio Ambiente? Explorar economicamente a floresta, de forma sustentável. Isso é só para quem acredita em papai Noel e que o agronegócio brasileiro, sobretudo esse que grila terra na Amazônia, é capaz de respeitar alguma lei. O Estado na Amazônia está invertido. Quem ocupa o poder nos municípios da região é exatamente quem não cumpre a lei.

Colaborou Gabriel Brito.

FONTE: http://canufpr.wordpress.com/2009/09/23/crise-alimentar-e-o-resultado-do-livre-mercado-e-do-abandono-da-politica-agraria/

CATASTERS


OOPS!

FONTE: http://catasters.tumblr.com/

PEC 37 só vem a calhar à criminalidade

Por Leonardo Bellini de Castro

Veio a lume, quando do apagar das luzes do Congresso Nacional, a notícia sobre a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37/2011, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, a qual atribui exclusividade para as polícias para encetar investigações de natureza penal.

Realmente já não surpreendem iniciativas de tal jaez, destinadas como sói acontecer no Brasil, a cercear avanços democráticos e a solapar a consolidação republicana que o país vem conquistando a duras penas.

De fato, além de toda a sorte de disfuncionalidades jurídicas que a aprovação de da referida proposta pelo Congresso Nacional pode trazer, o que se revela com a iniciativa é justamente o inconformismo de dadas parcelas da sociedade com a possibilidade de serem trazidas à baila do Poder Judiciário.

Com efeito, em virtude de inúmeras investigações levadas a cabo pelo Ministério Público no Brasil, recorrentes tem sido as notícias de ajuizamento de ações penais em face de pessoas que gozam de poder econômico, político e social.

Além disso, o aspecto quase sindical da proposta revela uma disputa institucional que só vem a calhar à criminalidade, uma vez que a exclusividade na investigação criminal somente produziria uma ineficiência muito maior do que a verificada hoje.

De fato, o vetusto inquérito policial, burocraticamente conduzido, somente tem servido, com raras e louváveis exceções, a averiguar crimes de pequena monta cuja natureza não incomoda os verdadeiros responsáveis pelas inúmeras disparidades sociais que vivenciamos no Brasil, todas inequivocamente vinculadas ao degradante processo de corrupção no setor público.

Isso porque, é universalmente sabido que a polícia possui dificuldades muito grandes para investigações de casos envolvendo pessoas com poder político e econômico, haja vista a inexistência de garantias como a inamovibilidade e vitaciliedade para os delegados de polícia.

Desse modo, uma das conseqüências da aprovação da proposta todos sabemos, qual seja, o aprofundamento da imunidade penal material daquele extrato da sociedade responsável pelos grandes escândalos de corrupção que se verificam diuturnamente no Brasil.

Nesse prisma, é triste reconhecer que talvez essa exclusividade de investigação criminal se some ao foro privilegiado, à prisão especial e outras inúmeras características que tornam esse país apenas formalmente constitucional e quase que um paraíso jurídico-penal.

Louvável seria que ao invés de apresentar propostas que apenas atrasam o processo de consolidação democrática no país, o Congresso Nacional se ocupasse de aprovar leis endurecendo o combate a corrupção, a evasão fiscal, a lavagem de dinheiro e criasse mecanismos eficientes para o combate ao crime organizado.Talvez também fosse interessante a extinção da infindável cadeia de recursos procastinatórios que bem e apenas servem a elite da criminalidade e conduzem invariavelmente à prescrição.

Na mesma linha, talvez a prescrição penal também poderia ocupar a pauta de trabalho do Congresso Nacional, com a extinção dessa modalidade de extinção da punibilidade após o ajuizamento da ação penal, uma vez que aí já não verificada a inércia do Estado que a fundamenta.

A igualdade, no entanto, no Brasil apenas permanece como uma palavra vazia de conteúdo jurídico e social em um país que infelizmente continua a ser de poucos.

Leonardo Bellini de Castro é promotor de Justiça de São Paulo.




FONTE: http://www.conjur.com.br/2012-jan-01/pec-tira-direito-investigar-mp-vem-calhar-criminalidade

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MATÕES - REVOLUÇÃO EDUCACIONAL

Com Jorge Vieira

Prefeitura de Matões faz revolução na educação municipal

Convidado a conhecer o projeto educacional revolucionário que está sendo desenvolvido em Matões, um município administrado pela prefeita Suelly Pereira (PSB), voltei extremamente motivado a acreditar que no Maranhão ainda existe gente de bem na política, apesar dos péssimos exemplos que estamos acostumados a ver. Em três anos de administração a prefeitura inaugurou dezessete escolas e outras três estão em fase de obras.

Como a Educação é tida como prioridade das prioridades, os professores já receberam dezembro, décimo terceiro e vão receber o décimo quarto salário no final deste mês, como forma de estimular ainda mais os docentes a desenvolverem um ensino de qualidade.

Matões é administrado por uma prefeita da oposição, sofre todo tipo de perseguição do governo estadual, que praticamente virou as costas para o município, mas nem por isso seus dirigentes baixaram a guarda, pelo contrário, estão dando exemplo de como se administra com seriedade e competência os recursos públicos.

Na última quinta-feira (22/12) a prefeita socialista, em companhia de seu secretariado, vereadores, lideranças política do município e convidados, entregou ao povo de Matões a Escola Municipal Rodrigo de Oliveira, uma unidade de ensino modelo, construída com recursos próprios da prefeitura e equipada com o que existe de mais moderno para o conforto e aprendizado de 1200 alunos do 1º ao 9º ano, nos três turnos.

A inovação começa pelo nome da escola. Fugindo a regra de homenagear parentes ou a si próprio, Suelly preferiu fazer uma homenagem ao aluno da rede municipal de ensino Rodrigo de Oliveira, o “Diga”, um menino muito estudioso, vítima fatal de acidente de trânsito no dia do seu aniversário. O atropelamento e morte comoveram a cidade. A professora Madalena Oliveira, mãe de “Diga” agradeceu a Deus pela obra e pela homenagem.

O empreendimento educacional, que custou R$ 1,2 milhão ao município, possui onze salas de aula climatizadas com cadeiras estofadas, laboratório de informática, assim como toda uma infra-estrutura de salas de reuniões para professores e diretores, banheiros, refeitório, cozinha industrial e área de lazer.

“É uma escola diferenciada, acima daquilo que somos acostumados a ver. Estamos escolhendo 90 professores entre os melhores e capacitando-os para fazermos um ensino acima do normal e que nos permita galgar melhores índices no IDEB. Todo material didático será fornecido através de uma parceria com o Instituto Airton Sena e Grupo Suzano”, diz otimista o secretário de Educação de Matões, Inácio Carvalho.

Realmente, o que vi na inauguração foi uma estrutura educacional em condições de fazer o jovem adquiri o gosto pelo estudo, se concentrar nas aulas e aprender a ter esperança no futuro. Para o ex-secretário de Educação do Estado, Altemar Lima (PPS), presente ao evento, “o projeto pedagógico da escola é mais importante que o moderno prédio inaugurado”.

Filho da prefeita Suelly Pereira, o deputado Rubéns Júnior (PCdoB), era um dos mais entusiasmados com a conquista. “Tudo isso aqui foi construído com recursos próprios, o que mostra que quando o poder público quer, independente de ser governo ou oposição, faz. O dinheiro aqui de Matões dar para a prefeita fazer as obras porque é administrado com seriedade”, enfatiza Júnior.

O ex-deputado Rubéns Pereira, secretário de Obras, diz que o investimento na educação começa a produzir eleito na população. “Já conseguimos reduzir em 80 por cento o clientelismo e hoje temos o apoio da população porque o dinheiro está sendo investido em obras de melhoria da cidade. Aqui todo mundo ajuda, mas quem manda no dinheiro é a prefeita”, comemora.

MODIFICADO DE:
http://comcontinuacao.blogspot.com/2011/12/matoes-revolucao-educacional_24.html




domingo, 12 de fevereiro de 2012

domingo, 18 de dezembro de 2011 Comunistas de todo o mundo dizem que socialismo é o futuro

Foi realizado em Atenas, de 9 a 11 de dezembro, o 13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários. Após os debates, os 78 partidos presentes, dentre os quais estava o Partido Comunista do Brasil, aprovaram uma declaração conjunta.


O lema geral do encontro foi “O socialismo é o futuro”! Os comunistas de todo o mundo debateram a situação internacional e a experiência dos comunistas 20 anos após a contrarrevolução na URSS; as tarefas para o desenvolvimento da luta de classes nas condições da crise do capitalismo, das guerras imperialistas, das atuais lutas e revoltas populares, pelos direitos dos trabalhadores e do povo, o fortalecimento do internacionalismo proletário e da frente anti-imperialista, pela derrubada do capitalismo e a construção do socialismo.


Na declaração conjunta, os partidos comunistas e operários saúdam “as lutas populares, que têm enorme potencial emancipatório contra o imperialismo, contra a exploração capitalista e a opressão”.

Crise do capitalismo

A reunião foi realizada – assinala o documento – nas condições da “crise profunda e prolongada do capitalismo” e de prevalência de uma situação internacional “marcada pela escalada da agressividade do imperialismo”.

Os 78 partidos comunistas e operários destacam o acerto das análises e conclusões dos três últimos encontros internacionais – 10º, 11º e 12º – que tiveram lugar no Brasil (São Paulo) em 2008, na Índia (Nova Delhi) em 2009 e África do Sul (Tshwane) em 2010.

“Torna-se cada vez mais óbvio para milhões de trabalhadores que a crise é uma crise do sistema. Não são falhas no sistema, mas é o próprio sistema que gera crises regulares e periódicas. A crise é o resultado da agudização da contradição principal do capitalismo entre o caráter social da produção e a apropriação privada capitalista”, assinala o documento, com critérios de análise marxistas-leninistas.

A declaração conjunta enfatiza que a origem da crise não são as políticas de gestão do sistema ou quaisquer aberrações baseadas na ganância de alguns banqueiros ou outros capitalistas ou de a falta de mecanismos eficazes de regulação. O documento põe em relevo os limites históricos do capitalismo e a necessidade de fortalecer as lutas antimonopolistas e anticapitalistas por rupturas e pela derrubada revolucionária do capitalismo.

Prosseguindo a abordagem sobre a crise, a declaração conjunta dos partidos comunistas e operários ressalta que nos Estados Unidos, Japão, União Europeia e em outras economias capitalistas os impasses das várias versões da gestão burguesa estão sendo demonstrados e assinala que o capitalismo não tem outra resposta para a crise além da destruição em massa das forças produtivas, as demissões em massa, o fechamento de fábricas, e o ataque abrangente aos trabalhadores, atingindo os direitos sindicais, os salários, aposentadorias, seguridade social, provocando a redução na renda das pessoas, o enorme aumento do desemprego e da pobreza.

Reflexos políticos

Os partidos comunistas assinalam que a ofensiva antipopular se fortalece e se manifesta com particular intensidade em algumas regiões e a concentração e a centralização do capital monopolista intensificam o caráter reacionário do poder econômico e político.

O documento assinala que a intensidade da crise, a sua sincronização global, a perspectiva de recuperação lenta e fraca intensificam as dificuldades das forças burguesas na gestão da crise, levando à agudização das contradições interimperialistas e rivalidades enquanto aumenta o perigo das guerras imperialistas.

Os comunistas denunciam os ataques aos direitos democráticos e à soberania, que estão se intensificando em diversos países, onde os sistemas políticos se tornam mais reacionários e cresce o anticomunismo.

A declaração de Atenas chama a atenção para as medidas generalizadas contra a atividade dos partidos comunistas e operários, contra os sindicatos, as liberdades políticas e democráticas e destaca que as classes dominantes desenvolvem uma tentativa multifacética para impedir a manifestação do descontentamento do povo por meio de mudanças nos sistemas políticos, através da utilização de uma série de ONGs pró-imperialistas e outras organizações, através de tentativas de canalizar o descontentamento do povo em movimentos supostamente não políticos ou até mesmo com características reacionárias.

Uma saudação especial foi dirigida aos povos e trabalhadores em suas lutas e levantes, pelos direitos democráticos, sociais e políticos contra os regimes antipopulares no Oriente Médio e Norte da África, nomeadamente na Tunísia e Egito.

Ao mesmo tempo, o documento condena veementemente a guerra imperialista da Otan e da UE contra o povo líbio e as ameaças e interferência nos assuntos internos da Síria e do Irã, bem como de qualquer outro país.

O papel dos Partidos Comunistas

Nas opinião dos 78 participantes do 13º Encontro Internacional, estes acontecimentos confirmam a necessidade de reforçar os partidos comunistas e operários, a fim de desempenhar o seu papel histórico, para fortalecer ainda mais os trabalhadores e a luta dos povos na defesa de seus direitos e aspirações. A declaração conjunta enfatiza que sem o papel de liderança dos partidos comunistas e operários e da classe de vanguarda, a classe trabalhadora, os povos estarão vulneráveis à confusão e manipulação pelas forças políticas que representam os monopólios, o capital financeiro e o imperialismo.

Geopolítica

Ao analisar aspectos da geopolítica, os partidos reunidos em Atenas observaram os significativos realinhamentos na correlação de forças internacional. Constatam o enfraquecimento relativo da posição dos EUA, a estagnação geral das economias capitalistas mais avançadas e o surgimento de novas potências econômicas mundiais, nomeadamente a China. A tendência para o aumento das contradições está se fortalecendo, entre os centros imperialistas, e destes com as economias chamadas emergentes.

“A agressividade imperialista se intensifica. Já existem vários pontos de tensão regionais e guerras e eles estão se multiplicando: na Ásia e na África, no Oriente Médio com a crescente agressividade de Israel, em particular contra o povo palestino. Ao mesmo tempo, notamos o surgimento de forças neonazistas e xenófobas na Europa, as intervenções multifacetadas, as ameaças e a ofensiva contra movimentos populares e as forças políticas progressistas na América Latina. A militarização está a ser reforçada. O risco de uma conflagração geral a nível regional se torna ainda maior. Neste sentido, são fundamentais a expansão e o fortalecimento da frente social e política anti-imperialista e das lutas pela paz no sentido de erradicar as causas das guerras imperialistas”, assinala a declaração conjunta.

Caminho da libertação

Para os partidos comunistas e operários, existem dois caminhos de desenvolvimento: o caminho capitalista, o caminho da exploração dos povos, que cria grandes perigos para as guerras imperialistas, para os trabalhadores, os direitos democráticos dos povos; e o caminho da libertação, com imensas possibilidades para a promoção dos interesses dos trabalhadores e dos povos, para a realização da justiça social, soberania dos povos, paz e progresso. O caminho do trabalhadores e das lutas dos povos, o caminho do socialismo e do comunismo, que é historicamente necessário.

Os partidos comunistas ressaltam a contribuição que têm dado, lado a lado com o movimento sindical classista, para o fortalecimento das lutas dos trabalhadores na Europa e em todo o mundo e enaltecem a resistência dos povos: “A agressividade imperialista continua a se defrontar com uma resoluta resistência popular no Oriente Médio, Ásia, África e América Latina. Este fato, juntamente com a experiência acumulada até agora especialmente na América Latina, demonstram as possibilidades de resistência, de luta de classes, para que os povos deem passos adiante e ganhem terreno, infligindo golpes no imperialismo, tendo como objetivo derrubar a barbárie imperialista”.

Os comunistas de todo o mundo afirmaram a necessidade de intensificar a luta de classes, a luta ideológica e a luta política de massas, a fim de organizar a contraofensiva por rupturas antimonopolistas e anti-imperialistas, pela derrubada do capitalismo e o fim da exploração do homem pelo homem.

Defenderam também que a unidade classista, a organização e a orientação classista do movimento operário, são fatores fundamentais para garantir a efetiva construção de alianças sociais com o campesinato, a classe média urbana, o movimento de mulheres e o movimento juvenil.

A declaração conjunta aborda ainda a unidade e a atividade dos partidos comunistas e dos trabalhadores a nível nacional, regional e internacional. “A atividade conjunta e coordenada dos Partidos Comunistas e Operários, das organizações de juventude comunista e as organizações anti-imperialistas em que os comunistas têm uma importante contribuição, constitui um dos elementos mais confiáveis para a expansão da luta anti-imperialista e o fortalecimento da frente anti-imperialista”.

Também a luta ideológica ganhou relevo no documento aprovado no 13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, considerada de vital importância, a fim de defender e desenvolver o socialismo científico, para repelir o anticomunismo contemporâneo, para enfrentar a ideologia burguesa, as teorias anticientíficas e correntes oportunistas que rejeitam a luta de classes; combater o papel das forças sociais-democráticas que defendem e implementam políticas antipopulares e pró-imperialistas, apoiando a estratégia do capital e do imperialismo.

O documento conclui com a afirmação de que a derrubada do capitalismo e a construção do socialismo constitui uma necessidade imperiosa para os povos e sublinha a solidariedade com os povos que lutam pelo socialismo e estão envolvidos na construção do socialismo.

Apenas o socialismo pode criar as condições para a erradicação das guerras, desemprego, fome, miséria, analfabetismo, a insegurança de centenas de milhões de pessoas, a destruição do meio ambiente. Somente o socialismo cria as condições para o desenvolvimento de acordo com as necessidades contemporâneas dos trabalhadores.

Fonte: Vermelho

VIA: http://www.classista.blogspot.com/2011/12/comunistas-de-todo-o-mundo-dizem-que.html#more

Indústria do alumínio: A floresta virada em pó

André de Oliveira
Por convite do Núcleo Amigos da Terra Brasil, fui para a Amazônia acompanhar a pesquisa de campo que eles estão realizando sobre a cadeia produtiva do alumínio e realizar esta reportagem cinematográfica aí abaixo, que a Carta Maior publicou em primeira mão. Espero que as pessoas possam divulgar e ajudar essas comunidades, já que a gorda imprensa não dá uma linha sobre essa trágica situação.

O texto abaixo é da pesquisadora Bruna Engel, do Núcleo Amigos da Terra Brasil:

Violação aos direitos humanos e degradação da natureza andam juntos quando o tema é territórios ocupados pelas corporações de mineração e produção de alumínio. Tão útil e adaptado aos modos de vida moderno, por ser leve, macio e resistente, esse metal esconde um processo industrial penoso e degradante. A reportagem cinematográfica publicada aqui revela casos de destruição social e ambiental que empresas transacionais provocam nos Estados do Pará e Maranhão, onde está concentrada mais de 80% da bauxita explorada no Brasil.

Ao percorrer todas as etapas do processo industrial (mineração da bauxita, transporte por mineroduto, refino da alumina e a redução desta para obtenção do alumínio), a equipe de repórteres flagra diversas ameaças aos povos tradicionais e aos trabalhadores da indústria, e dá voz aos afetados. São populações rurais de baixa renda e sem assistência dos poderes públicos - com exceção do Ministério Público Federal, que ainda exige o cumprimento das leis e busca assegurar as reparações aos povos afetados.

A maioria das comunidades, até que a destruição comece, desconhece as estratégicas de inserção e apropriação de territórios exercidos pelas corporações mineiras, assim como seus direitos e a legislação que rege as relações comerciais do setor no Brasil. Só depois dos danos causados é que passam a se organizar e lutar por melhores condições de vida. O mesmo acontece com os trabalhadores, que aliciados por oportunidades de trabalho não imaginam que estão sendo pagos para adoecerem e terem reduzido o tempo de vida laboral.

A pressão do capital
Com o avassalador ingresso das indústrias, a região de mineração passa a depender economicamente do empreendimento. O processo anterior à mina, de expropriação e compra de terras, gera especulação imobiliária inflacionando o valor da terra. Esse processo incentiva pequenos agricultores a venderem suas terras, seduzidos pelas quantias oferecidas (de grande monta para a realidade deles, mas de baixo impacto para o mercado imobiliário), e engrossar as periferias dessas pequenas cidades, com aumento da violência, prostituição, analfabetismo, entre outros graves problemas sociais.

Quando as empresas se instalam sobre essas áreas fatalmente cessa a atividade de extração sustentável dos recursos na floresta, porque extrativismo e mineração são atividades excludentes. A degradação ambiental provocada pela instalação e operação das fábricas também resulta em impactos na economia local: a contaminação de igarapés, lagos e rios por lama vermelha (rejeito tóxico da limpeza da bauxita) provoca mortandade de peixes e destrói a possibilidade de pesca artesanal; com a poluição pelo ar, as árvores frutíferas próximo das fábricas não dão frutos, os açaizais (principal fonte de renda das famílias camponesas da região) sofrem queda de produtividade, assim como outras culturas tradicionais das regiões.

Hidrelétricas e finaciamento público
A cadeia produtiva do alumínio é eletrointensiva, ou seja, necessita de grande quantidade de energia elétrica e de água para se viabilizar. Para a expansão da produção do alumínio, o governo federal vem promovendo a construção de novas barragens na Amazônia, entre elas Belo Monte, que cederá parte de sua energia para as indústrias eletrointensivas. Além disso, bancos públicos, como o BNDES, assumiram papel fundamental para o fortalecimento da cadeia produtiva.

O financiamento público, aliado ao reaquecimento do mercado internacional, impulsionou a expansão das fábricas da Alunorte/Albrás, Alumar e CBA, incluindo o financiamento de novos projetos de refinaria em Barcarena, maior pólo do setor, a 50 km de Belém. E as fábricas não se expandem sozinhas, junto com elas vem a abertura de novas lavras, a construção de novas usinas hidrelétricas e termelétricas, duplicação de ferrovias, minerodutos e etc. Ou seja, a degradação ambiental que foi registrada nesta reportagem cinematográfica.

A força da grana
A exportação do setor metalúrgico, pelos dados mais atualizados, de 2009, correspondeu a 2,1% da balança comercial. Por sua vez, as exportações influenciam em 2% do PIB nacional. O alumínio é uma das principais commodities brasileiras e o país é o 6º produtor mundial do metal, atrás da China, Rússia, Canadá, Austrália e Estados Unidos. O Brasil possui a terceira maior jazida de bauxita do mundo e é o quarto maior produtor mundial de alumina. Contando toda a cadeia, foram produzidas 26074,4 mil toneladas de bauxita, 8625,1 mil toneladas de alumina e 1690 mil toneladas de alumínio.

Em termos de negócio, a produção brasileira perde muito em valor agregado, pois só produz produtos primários, concentrando somente os processos mais agressivos ao meio ambiente. Exportamos, no máximo, lingotes de alumínio. Quando chegam nos outros países, para as etapas seguintes de transformação do metal, o alumínio para a valer quatro vezes mais.

(*) O Núcleo Amigos da Terra Brasil, em contato com organizações e movimentos locais, foi registrar esses conflitos com ribeirinhos para avaliar os impactos sociais e ambientais que a indústria do alumínio provoca desde à década de 80 no Brasil. Para isso, organizou visitas técnicas em pelo menos um local de cada etapa da cadeia produtiva. Essa reportagem, acompanha a pesquisa de campo e revela os casos de ameaças aos povos tradicionais e aos trabalhadores da indústria, dando voz aos afetados.

http://coletivocatarse.blogspot.com/2011/12/industria-do-aluminio-floresta-virada_07.html

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=zzHK5ZdcRcs