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sábado, 31 de março de 2012

fim de fevereiro

Texto: Alan

Na minha rua passam cavalos, de vez em quando, de noitinha, dá pra escutar de longe, a rua não é asfaltada, e fica tudo escuro, só o céu iluminado, de vez em quando também passa avião piscando, até disco voador, eu já vi, eu e minha mãe, e quando vai amanhecendo a gente sente o cheiro de café, lá pelas quatro ou cinco da manhã, o galo canta e os vizinhos vão pras ruas, os mais velhos ficam nas janelas e logo as pessoas vão para fabrica trabalhar. Na minha rua tem uma fábrica antiga, de tecidos, coisa assim.

Aqui é cheio de crianças de tardinha, ficam nas ruas pulando elástico, brincando de cházinho ou polícia e ladrão, e tem uma vizinha que vende picolé e chup-chup, o picolé é um real, o chup-chup é cinquenta centavos e tem daquela cor azul que pinta a língua, aí as pessoas vão passando pelas ruas e as crianças vão mostrando as línguas.

A gente sente o cheiro de natal aqui na minha rua desde novembro, e quando dá dezembro o povo acende uma árvore de natal gigante que tem lá no alto do morro, e é tão antiga essa árvore de natal, que se no próximo ano ela não acender é capaz até de ter morrido pela idade que ela tem.

A rua da minha casa se chama “vinte e sete de abril”, que é o aniversário da minha cidade, e a minha cidade é um lugar lindo de se viver, e quando chega fim de fevereiro é sempre a mesma coisa, aqui pra mim, no escuro da minha rua:

é essa vontade de ficar na minha cidade com as crianças da vizinhança, com o cheiro de café quatro ou cinco da manhã, com o barulho dos cavalos galopando lá no fundo, no fundo da minha rua, no fundo, bem no fundo, onde eu jamais saí, onde eu jamais me mudei, onde eu sempre morei, com meu pai, minha mãe e o meu irmão.
MODIFICADO DE: http://alanblair.wordpress.com/2010/02/22/fim-de-fevereiro/

COLHER DE SOPA

Cora, a cachorrinha de casa, ficava assustada na virada do ano. Ela se escondia debaixo da mesa, da cama, das cortinas. Uivava para as janelas. Seus gemidos lembravam molas de antigos colchões. Dentes rangendo de insônia. Não se aquietava até que os rojões serenassem em fumaça.

Na troca de 2011 para 2012, ela estranhamente dormiu e não acordou com nenhum fogo de artifício. Suspirava no sofá. Uma colher de sopa perdida na almofada.

Aquilo me intrigou. O animalzinho traduzia tranquilidade de coma: anestesiada, desaparecida em si. Respirava fundo, avessa aos tormentos dos fachos.

Logo o animal que fugia dos trovões e das descargas elétricas nos morros.

A família se preocupou com a súbita quietude e fotografou seus movimentos nos dias seguintes. Quando ela caminhava de costas, invocávamos seu nome e ela não recuava. Batíamos palmas e ela sequer mexia o pescoço.

Reprisei que Cora não atendia nossa voz como antes, não obedecia pedidos para sentar ou deitar, não vinha na cozinha quando gritávamos "hora da comida", não abanava o rabo com a trilha sonora que Cínthya criou para ela.

Também latia menos e dormia o dobro.

Uma vitória-régia boiando na sala. Uma sanfona se coçando de vento.

Entrávamos de madrugada na residência e ela não respondia. Tínhamos que tocar em seu pelo para despertar uma reação. O tato era o seu último alerta.

As cenas foram esclarecendo os sintomas. Descobrimos que nossa cachorrinha está surda. Não escuta nada.

Despertou uma dor avulsa. Uma dor de azulejo de pares quebrados.

Cora não entende que foi ela que deixou de ouvir, mas acredita que nós deixamos de falar com ela.

Na cabeça da cachorrinha, sem explicação, todo mundo parou de procurá-la.

De repente, ninguém mais a chama, ninguém mais canta para ela, ninguém descreve as paisagens.

No seu universo preto e branco, a surdez é concebida como um castigo. Ela não sabe o que fez de errado para desaparecer o som de nossas bocas.

E treme de frio quando nos observa. Um frio de medo, não de vento. Um frio de quem precisa entender o que aconteceu. Olha longamente as vogais de sabão saindo dos nossos lábios e subindo aos céus. Palavras áereas, mudas, velozes.

Conto tudo assim porque amor é mudar, sempre mudar, sempre se adaptar. E nunca cansar de criar idiomas.

É agora pegar Cora mais no colo, é falar com as mãos, é se aconchegar ao seu corpo para que não mais estranhe o silêncio e reconheça os timbres pelo olfato.
Postado por Carpinejar
MODIFICADO DEhttp://carpinejar.blogspot.com/2012/01/colher-de-sopa.html


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CATASTERS


HUMMM!!!
FONTE: http://catasters.tumblr.com/

Gods and Generals - Jeff Shaara

“Se você acredita que algo é verdadeiramente importante, você tem a obrigação de lutar por isso.”
Pág. 205 (Tradução livre do original em inglês)
Joshua Lawrence Chamberlain

Entre 1861 e 1865 os Estados Unidos protagonizaram um conflito que colocou em trincheiras opostas amigos, irmãos, pais e filhos. A Guerra Civil Americana tirou a vida de 970 mil pessoas - dos quais 618 mil eram soldados - cerca de 3% da população americana à época. Os motivos que levaram à guerra são controversos e alvos de debate até os dias de hoje. Há quem defenda que os 11 Estados Confederados do Sul sublevaram-se após a eleição de Abraham Lincoln para manter o regime escravocrata que sustentava o plantio de algodão (grande propulsor da economia local à época). Há, também, quem diga que a escravidão não foi o motivo central do conflito, mas sim o direito de cada estado em auto-determinar sua legislação. Fato é que o Sul latifundiário e aristocrata levantou-se contra os estados industrializados do Norte, cujo desenvolvimento estava ligado à necessidade de crescimento do mercado interno e do estabelecimento de barreiras protecionistas. O crescimento Sulista, por sua vez, era baseado precisamente no oposto, ou seja: o liberalismo econômico que abria todo o Mundo as agro-exportações, com mão-de-obra escrava como base da produção.

Ao longo das primeiras décadas do século XIX, a imigração em massa e a intensa industrialização fizeram com que o poderio dos estados do Norte crescesse economicamente e ampliasse politicamente sua participação no governo. Grandes tensões políticas e sociais desenvolveram-se entre o Norte e o Sul. Em 1860, Lincoln, um republicano contra a escravidão, venceu as eleições presidenciais, assumindo a liderança de um país dividido. Em 1861, ano do início da guerra, o país consistia em 19 estados livres, onde a escravidão era proibida, e 15 estados onde a escravidão era permitida. Em 4 de março, antes que Lincoln assumisse a presidência, 11 Estados escravagistas declararam secessão da União e criaram um novo país, os Estados Confederados da América. A guerra começou quando forças confederadas atacaram o Fort Summer, um posto militar da União, encravado na Carolina do Sul, em 12 de abril de 1861, e terminaria somente em 28 de junho de 1865, com a rendição das últimas tropas remanescentes da Confederação.

Esta saga fenomenal, o mais épico confronto bélico ocorrido nas Américas, foi narrada com maestria em três romances de autoria de Michael Shaara e seu filho, Jeff Shaara. Em 1974, Michael publicou “The Killer Angels”, uma novela sobre os homens que lideraram a Batalha de Gettysburg (a mais sangrenta batalha da Guerra Civil). Não foi uma tentativa de documentar a história do evento, nem uma biografia dos personagens que dele participaram. Ambos já haviam sido feitos muitas vezes, anteriormente, por outros autores. O que Michael Shaara fez foi contar a história da batalha a partir da história dos homens, por meio de seus pontos de vista, seus pensamentos e sentimentos. Foi uma abordagem muito diferente, que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer de 1975. “The Killer Angels” é, primordialmente, a história de quatro homens: Robert E. Lee, Thomas “Stonewall” Jackson, Winfield Scott Hancoock e Joshua Lawrence Chamberlain. Mas, é também a história de outras pessoas, suas esposas e familiares, dos homens que com eles serviram no campo de batalha.

“Gods andGenerals” (Deuses e Generais), o livro que aqui resenhamos, narra os acontecimentos anteriores a Batalha de Gettysburg. A obra, de autoria de Jeff Shaara, dá continuidade à saga iniciada por seu pai (que faleceu em 1988) com “The Killer Angels”. A história por detrás do surgimento da obra é, por si só, digna de nota. Jeff Shaara, um criminologista graduado pela Universidade Estadual da Flórida, geria um negócio de moedas raras em Tampa (Flórida) quando... “O pessoal de Ted Turner me procurou (Ted Turner foi o produtor executivo da adaptação de “The Killer Angels” para o cinema – “Gettiysburg”). Ele queria filmar uma introdução e uma seqüência de Gettysburg”, diz Jeff. Resumindo a ópera: Ted sugeriu que Jeff assumisse a tarefa de escrever duas histórias que complementassem a obra de seu pai. Ele topou e, posteriormente, representando seu pai em uma reunião com a editora Random House, mencionou estar escrevendo uma introdução e uma seqüência de “The Killer Angels”. Os executivos da editora pediram para ver os manuscritos. Então, em 1995, Jeff recebeu uma ligação de Nova Iorque. “Era o pessoal da editora. Eles disseram que não queriam saber se aquilo era para um filme ou não, mas queriam o livro. Ofereceram um contrato. Aquilo mudou minha vida”. A introdução transformou-se em “God and Generals” (lançado em 1996, e também adaptado ao cinema alguns anos depois) e a seqüência foi “The Last Full Measure” (lançado em 1998).

A obra tem início nos primeiros meses de 1861, durante a campanha presidencial. Robert Lee, cuja vida serve como fio condutor da obra, é um veterano da guerra contra o México, um aristocrata e cavalheiro do estado da Virginia, casado com uma mulher cuja família remonta a George Washington. Graduado em West Point em 1829, o segundo em sua classe com o inigualável recorde de nunca ter recebido um demérito por sua conduta nos quatro anos como cadete, ele volta a sua terra natal após longos anos de serviço junto ao Exército dos Estados Unidos para uma licença de dois anos para administrar a propriedade da família. Mal sabia que se veria enredado no maior conflito armado já ocorrido nas Américas.

Nas primeiras páginas Shaara constrói uma imagem de Lee na qual o velho coronel encara a escravidão como um desígnio de Deus a ser superado quando da vontade divina. Lee, que já possuía alguns escravos, tomou posse de 196 negros ao retornar para a fazenda de sua família. O testamento de seu sogro, recém falecido, estipulava que os escravos deveriam ser emancipados tão logo quanto possível, mas Lee optou por retê-los por cinco anos, o máximo tempo que lhe era permitido por lei. A imagem de Lee construída por Shaara contrasta com outra, menos condescendente, que o retrata como um senhor de escravos cruel. Para compreender o modo como pensavam os aristocratas sulistas na época é preciso emergir na realidade do século XIX. Alguns, como Lee, adotavam uma atitude paternalista para com os Negros. Eram seres humanos, sim, mas em uma fase de desenvolvimento inferior a do homem branco. Outros, no entanto, nivelavam o Negro aos animais de carga. Ambas as noções eram fundamentadas com base na religião. Não se pode dizer, no entanto, que a relação entre brancos e negros fosse radicalmente diferente no Norte. A grande diferença estava no fato de que os estados do norte haviam incorporado a mão de obra negra às suas industrias, tornando a participação dos ex-escravos na sociedade – inclusive em patamares sociais que ultrapassavam a base da pirâmide - um fato irreversível. O preconceito, no entanto, existia em todo o país, em níveis diferenciados.

“Coronel, a razão pela qual eu voltei aqui... Eu levantei algum dinheiro. Eles me pagam bem. Nunca fui... bom em gastar muito dinheiro... eu apenas juntei este valor. Então, eu voltei aqui para lhe perguntar sobre meu irmão, Bo. Fiquei imaginando, senhor, se concordaria em me vender ele.”
Lee escutava a profunda voz do homem, reparando em suas roupas, um terno rude mas bem feito. Ele olhou para aquela face escura, marcada, sua voz sumindo dentro dele, uma sensação de mal estar.
“Você quer... comprar seu irmão?”
“Sim senhor, ele não serve para muita coisa. É aleijado desde muito cedo, não tem muita serventia para o senhor aqui”.
Lee compreendeu então quem era Bo, o homem sem um pé, um grave acidente na fazenda, muito tempo atrás. Ele se apoiava com uma bengala, fazia trabalhos que não requeriam muita mobilidade.
“Nate, as pessoas que ainda estão aqui não estão à venda. Eu ficaria satisfeito, muito satisfeito de deixar que qualquer um deles partisse, os que quisessem partir. O problema é que a maioria deles não tem para onde ir. É... fácil para você achar um emprego, você é... bem qualificado. Homens como Bo e mulheres como Rebecca, eles não têm muita esperança de achar trabalho.”
“Mas senhor. Bo não precisará trabalhar. Eu posso cuidar dele agora. Eu já conversei sobre isso com o senhor Van Dyke, ele disse que tudo bem.”
Lee sentou-se, alcançou um pedaço de papel, pegou a caneta e começou a escrever, então parou, olhou-o por um momento e perguntou. “Nate, perdoe-me. Não me recordo do seu sobrenome.”
O homem sorriu, um sorriso repleto de dentes. “Eles me deram um nome. Quando me viu pela primeira vez o senhor Van Dyke disse que eu era preto como carvão (n.t. Coal), então ele me chamou de Nate Cole. Eu até ouvi algumas pessoas me chamando de sinhô Cole.”
“Bem, senhor Cole, acho então que seu irmão deve ter o mesmo sobrenome... aqui.” Lee preencheu o documento, assinou-o com uma forte canetada. “Aqui estão os papéis. Ele é um homem livre.”
Págs. 73 e 74 (Tradução livre do original em inglês)

Lee refletiu, passou a mão em seus cabelos e disse, “Eu acredito... que os Negros são o que Deus quer que eles sejam, e quando Deus quiser que os Negros sejam livres, então ele os libertará. Deus o libertou, através das minhas mãos. Ele libertou seu irmão através de suas mãos. A hora chegará.”
“Coronel, o senhor é um bom homem, um homem decente, e eu agradeço pelo que o senhor fez por mim e por Bo. Mas perdoe-me Coronel, não quero desrespeitá-lo. Aqui está o seu nome, neste papel, não o de Deus. Se nós esperarmos que Deus nos liberte, esperaremos por muito tempo.”
Pág. 75 (Tradução livre do original em inglês)

Com a eleição de Lincoln, a tensão política alastrou-se e o presidente decretou a convocação de recrutas em todo o país, inclusive nos estados sulistas, para fazer frente a possíveis enfrentamentos. A convocação dividiu o exército. A quase totalidade dos oficiais e soldados provenientes dos estados sulistas se recusou a levantar armas contra seus estados de origem e muitos voltaram para suas casas, sabendo que um confronto seria iminente. À Lee foi oferecido o comando geral dos exércitos do Norte, mas ele declinou, deixando claro que jamais poderia levantar a mão contra seus parentes e vizinhos. Pouco depois, seu estado, a Virgínia, votou a favor da secessão, unindo-se à Confederação e Lee foi empossado como Comandante do Exército da Virgínia como general. A partir daí, sua carreira ascende até o comando geral das forças rebeldes cuja atuação transformou-o em um ícone das forças armadas norte-americanas e em um dos mais admirados militares de todos os tempos.

“Estou embaraçado em lhe dizer que estou entre os que nunca acreditaram que este país estaria nesta situação. Sempre tive a sensação de que éramos uma nação muito diferente... única, talvez. Fomos fundados por pensadores, homens brilhantes que construíram um sistema onde os conflitos seriam resolvidos pelo debate, onde as decisões da maioria prevaleceriam. Estes homens tinham confiança nesta maioria , eles tinham fé em que o sistema poderia, por definição, assegurar que homens razoáveis chegariam a conclusões razoáveis, e então governaríamos a nós mesmos, todos nós, a partir deste novo sistema, um sistema onde nossos conflitos e diferenças pudessem ser resolvidos por meios civilizados. Não há um sistema como esse, em parte alguma. E se a guerra for perdida... se a rebelião for bem sucedida, é possível que nunca surja outro.”
Chamberlain - Pág. 204 (Tradução livre do original em inglês)

Assim como o ardor nacionalista dominava os soldados sulistas, no Norte milhares de voluntários se apresentavam para manter intacta a União. Um deles, um professor com nenhuma experiência militar, se tornaria um dos maiores heróis da guerra: Joshua Lawrence Chamberlain. “Gods and Generals” também destaca a atuação de Winfield Scott Hancock, general da União cuja amizade com o general confederado Lewis Armistead é um dos momentos mais marcantes da história da Guerra Civil Americana. Outro protagonista da obra é o general Thomas Jonathan “Stonewall” Jackson, o grande herói da Confederação, oficial que inspirava os soldados do sul devido a sua inabalável fé e coragem no campo de batalha. Jackson é um dos maiores nomes da história militar norte-americana e a forma como é retratado em “Gods and Generals” é fascinante.

A religiosidade e a moralidade dos homens do século XIX são retratadas na obra de forma convincente. Muitos dos homens e mulheres retratados no livro possuem a convicção de estarem cumprindo a vontade de Deus ao cumprirem suas obrigações seculares, seja como esposas e maridos ou como soldados. Alguns, como Stonewall Jackson, têm sua relação com o divino trabalhada de forma magistral no livro. A história de vida de Jackson é forte. Ao perder a primeira esposa e o filho, mortos durante o parto, o general confederado passa a temer a felicidade, como se ela pudesse ofender a Deus e o fizesse tirar dele as pessoas a quem ele mais amava. A morte da pequena Jane, uma criança a quem Jackson se afeiçoara durante a estadia do exército nas proximidades de uma fazenda, contribui para esta sensação. Jackson é o protótipo do crente, presbiteriano, sua vida é entregue a Deus e a seus desígnios, o que não o impede de ser um dos mais temidos e implacáveis generais de sua época.

“Como é fácil esquecer... tudo o que temos feito... todos os horrores que temos visto... simplesmente olhando o rosto de uma criancinha. Há Providência aqui... nisso. As crianças são abençoadas.”
Jackson - Pág. 381 (Tradução livre do original em inglês)

Longstreet mascou seu charuto e disse. “Não estou certo se Deus está em todos os lugares em que gostaríamos que ele estivesse.”
Pág. 318 (Tradução livre do original em inglês)

Uma característica da Guerra Civil Americana - pelo menos em seus primeiros momentos - é que esta foi uma guerra travada por idealismo. Nos dois primeiros anos do conflito ambos os exércitos eram formados esmagadoramente por voluntários – embora seu número diminui-se com o passar dos anos – gente que lutava por um modo de vida que queriam preservar. Em especial o exército Confederado, um corpo armado composto por gente que considerava estar lutando por sua liberdade, pelo seu modo de enxergar o mundo. Era um exército homogêneo, formado por americanos brancos e protestantes, que combatia em busca da secessão do país. O exército da União, por sua vez, era heterogêneo, composto por imigrantes das mais variadas nacionalidades – irlandeses, holandeses, escoceses etc (muitos sequer falavam inglês fluentemente), gente que havia escolhido os Estados Unidos como seu lar. Este exército tão diferente, tão mesclado de raças e idiomas, lutava pela união do país. Estes milhares de homens lutaram por quatro anos defendendo o modo pelo qual consideravam correto ser governados. Trata-se de um feito político de magnitude sem precedentes nas Américas.

O Horror

A Guerra Civil Americana é considerada a fronteira entre o passado e o futuro das guerras. Até então, as tropas defrontavam-se caminhando diretamente sobre o inimigo, disparando salvas de mosquetes cuja precisão era péssima e o alcance limitado. Os soldados na era napoleônica agiam como grupos coesos para otimizar o uso das armas de fogo e a cavalaria tinha, ainda, papel crucial no campo de batalha. Com o desenvolvimento dos rifles, cuja precisão e alcance eram muito superiores aos dos mosquetes, e de artilharia de campo, mais poderosa e precisa, a mortandade no campo de batalha tornou-se terrível. Isso modificou totalmente a forma pela qual os exércitos se defrontavam. No entanto, estas mudanças se deram paulatinamente, de acordo com as experiências adquiridas em combate. Por isso, a Guerra Civil Americana é tida como um prelúdio à 1ª Guerra Mundial no que se refere aos horrores do campo de batalha. Centenas de milhares perderam a vida, outras centenas de milhares tornaram-se inválidos diante desta nova realidade apresentada pela ciência da morte. Apenas em Gettysburg, as baixas de ambos os lados somaram mais de 50 mil homens em apenas três dias de combate.

Taylor estava ao seu lado e Lee, olhando para o jovem, disse, “lembre-se disso, Major. Não há muitos dias como esse... quando você varre seu inimigo do campo de batalha e pode vê-lo correndo. Não há necessidade de relatórios oficiais, ou jornais, ou fofocas... você não precisa que ninguém lhe diga o que aconteceu.”
Pág. 235 (Tradução livre do original em inglês)
Lee, sobre a segunda batalha de Manassas

Longstreet aproximou-se ao seu lado e Lee continuava olhando para baixo, seus olhos fechados, e Longstreet tentou pensar em algo, disse, “É uma guerra real. Isso é o que a guerra pode fazer.”
Lee não olhou para ele, disse, “Não, General. Isso não é trabalho de soldados. Os homens estão certos... É o demônio em pessoa. Isso é o estupro da inocência.” Ele levantou a cabeça, olhou a volta novamente, e Longstreet viu lágrimas, olhos marejados e vermelhos.
Pág. 358 (Tradução livre do original em inglês)

“Impressionante, não é Coronel? Vê-los formarem linhas e caminharem direto sobre o fogo inimigo.”
Pág. 261 (Tradução livre do original em inglês)
Sargento Kilrain, conversando com o Coronel Chamberlain

“O que eu acho? O que isso importa, General? Você tem apenas um dever, apenas uma opinião a lhe guiar, àquela de seu comandante. Nós, civis, temos pouca influência sobre suas ações ou seus pensamentos. Meus leitores estão interessados em ouvir um ponto de vista que não venha dos quartéis generais, que não seja censurado pela lógica de um oficial. Guerra é um mal necessário e portanto qualquer tragédia, qualquer estupidez é apenas uma pequena parte desta grande maldição, que é claro todos vocês deploram. A população tem ouvido tudo isso, General. O que eles ainda não ouviram é alguma honestidade, a visão sem censura de alguém de fora de sua pequena e sangrenta fraternidade.”
Pág. 363 (Tradução livre do original em inglês)
O jornalista Cyrus Bolander, do Cincinnati Commercial, conversando com o General Winfield Hancock após a batalha de Fredericksburg.

O trecho a seguir é o relato do Coronel Joshua Lawrence Chamberlain que comandou seus homens na Batalha de Fredericksburg. Trata-se de uma mostra horripilante do que deve ter sido um combate durante o conflito.

13 de dezembro de 1862. Fim da tarde.

As reservas de Hooker finalmente cruzaram o rio, marchando, trêmulas, sobre os pontões desequilibrados, através da cidade destruída e queimada, formando suas linhas na borda do campo aberto. Era fim de tarde e o ataque de Sumner já havia sido realizado. Constantes fluxos de homens ensangüentados e alquebrados vinham pelo campo em sua direção, muitos passando calados através de suas linhas, outros amaldiçoando a própria sorte, ou alertando as novas tropas sobre o que as aguardava após a baixa elevação. Chamberlain não os olhou, manteve seus olhos à frente, encarando através da planície esfumaçada as pequenas colinas ocultas, o constante troar dos mosquetes, o constante trovejar dos grandes canhões.

Não houve uma ordem oficial, nenhum informe havia chegado, mas eles sabiam que o dia não seria bom. Do outro lado do rio eles não podiam ver o que acontecia em frente ao muro de pedra, mas agora, enquanto as unidades rompidas surgiam no terreno de fronte a eles e homens destruídos tomavam o campo, Chamberlain compreendeu. Seus homens eram a reserva, e seriam enviados pelo mesmo caminho.

O 20º Maine era parte da Terceira Brigada da Divisão de Griffin, Quinto Corpo. As outras brigadas de Griffin já haviam se movimentado e Chamberlain as observara partindo, diminuindo e desaparecendo na fumaça que pairava no ar. Agora ele ouvia novos clarins, e Ames, atrás das linhas, a voz familiar, “Avancem!” e a linha começou a se mover lentamente à frente.

Eles marchavam em três linhas. Chamberlaim olhou para o lado, para as curtas colunas, pensando, Não somos muitos e este campo é danado de grande. A sua esquerda ele viu os outros regimentos, homens de Nova Iorque, Pensilvânia, Michigan. Homens como esses, ele pensou, apenas fazendeiros e comerciantes, e agora éramos soldados, e agora estávamos prestes a morrer. O pensamento atingiu-o certeiramente, ele ficou chocado. Não sentiu medo, emoção alguma, apenas o lento ritmo dos seus passos chutando tufos de grama, pequenos e duros bocados de neve.

Ele esteve ouvindo os sons constantes por todo o dia, e nada havia mudado, e por isso não o afetavam agora. Os sons estavam próximos, talvez mais altos, mas eram os mesmos sons. Ele ficou curioso, pensando, Vamos ver agora, não vamos? Vamos aprender alguma coisa, do que isso se trata, do que se trata para os homens que estão diante de nós, os homens que estiveram diante de nós em Antietam, que já fizeram isso antes.

Na brigada em frente ele viu um homem sucumbir, virar-se e correr em sua direção, bem perto, e ele viu sua face, os olhos animalescos, o puro terror. Linha abaixo seus homens começaram a gritar e subitamente ele soube que era seu trabalho fazer... algo.

Ele tateou seu cinto, agarrou a pistola, puxou-a do coldre e apontou-a para a cabeça do homem. O homem olhou para ele, os olhos limpos por alguns segundos, e ele parou de correr, parando alguns metros a sua frente. Chamberlain continuava a avançar, seus pés em um ritmo próprio, o homem encarou a pistola, virou-se subitamente e começou a caminhar para frente novamente para frente do regimento.

Chamberlain baixou a pistola, impressionado, ouviu a comemoração de seus homens e olhou fixamente paras as costas do soldado solitário pensando, Tudo bem, está tudo bem. O instinto de auto-preservação está em todos nós. Ma o que aconteceu àquele homem, o que fez com que ele voltasse subitamente?

Ele começou a temer agora, uma súbita onda de mal estar dominando-o. E se eu correr? Não, não fará isso. Você pensa muito. Não se trata de pensar, é apenas... instinto, um instinto diferente do que o de sobrevivência. Ele tentou pensar na causa, sim, foco nisso... a razão pela qual... tudo isso. Tentou imaginar, escravatura, os direitos de todos os homens... porque eles estão fazendo isso? Não, não está funcionando.Sua mente está entorpecida, ele não sente nenhum grande fogo, nenhuma paixão por causa alguma. Para onde ele se foi, a emoção e o entusiasmo por fazer algo tão... necessário, sua viagem à capital, seu encontro com o governador. Estava tudo vago, memória fraca... e à sua frente as nuvens de fumaça e os pequenos clarões eram toda a realidade.

Os projéteis começaram a alcançá-los e o ritmo de seus passos era um rangido, o terreno tremendo, jogando-o à frente, e sujeira lançada sobre ele, sugando-o para o lado como um bafo de vento quente. Mas ele não caiu, olhou para trás, na direção da explosão, viu... nada, uma fenda na linha. Ele virou para frente, o ritmo retornando, pensou, Devia haver um homem ali... muitos. Mas sua mente não permitia que ele se prendesse a isso, e ele olhou para frente, viu as costas de seus homens, viu o soldado solitário marchando por conta própria. O barulho crescia agora, fortes silvos, gritos lancinantes. O terreno começou a inclinar novamente e agora ele podia ouvir algo mais, o som dos homens, e ainda assim olhava para frente, via as linhas unidas a sua frente, os homens avançando juntos, cruzando o canal, e pela primeira vez ele disse algo, emitiu um som, chamando seus homens.

“Mantenham a linha, parem!” Eles o olhavam, iriam fazer o que ele os ordenasse, e ele pensou nisso, em estar no comando, sentiu a força, um novo impulso de energia.

Ele os deixou para trás, movendo-se por conta própria até a beira do canal. Olhou para as pequenas e frágeis pranchas, o resto da Segunda Brigada cruzando-as e entrando em formação novamente do outro lado. Ele se virou, levantou sua espada, olhou por toda a linha, e então viu a sua esquerda, na direção do flanco direito do regimento, além, viu... nada. Havia outras unidades no flanco direito, dois regimentos, e eles não estavam lá. Ele sentiu um pânico gelado, caminhou naquela direção, olhou para trás, viu as linhas a cerca de cem metros atrás, e Ames com eles, na frente deles, gritando com irritação, trazendo-os com ele, e sentiu uma súbita raiva, impaciência. Este não é o momento para erro, para estupidez.

Ele gritou alto, sobre a cabeça de seus homens, “Venham para cá, para o flanco direito! Marchem!” e seus homens estavam virando, olhando para ele, e então ele viu: Ames estava guiando-os. Outros oficiais, seus próprios oficiais estavam gritando e movendo-se rapidamente pelas linhas, fechando a brigada.

Ele virou-se para o canal, sentiu suas mãos tremendo, o ritmo quebrando-se agora. Caminhou para frente, pisou em uma pequena ponte. Ele acenou com a espada para frente e eles começaram a formar uma linha, começaram a se mover pelas pranchas. No outro lado, no flanco esquerdo, ele viu os outros regimentos, viu que não havia pontes e os homens se moviam pelo canal em sua direção, para uma travessia seca. Não, ele pensou, não vai funcionar, e ele viu outros oficiais sacudindo suas espadas e os homens começaram a pular na água, atravessando-a onde não havia pontes. Olhou para baixo, para o canal, espessas massas azuis como pedras estriadas, os homens estavam contornando-as cuidadosamente, e ele viu que as pedras tinham braços, o fundo do canal estava cheio de corpos trajando uniforme azul. Ele parou, olhou para cima, para frente, lutando para manter o controle.

Houve um ruído contínuo, estridente, o som de algo chocando-se com a água e ele viu-se coberto por água fria. Olhou para baixo novamente e lá estavam mais corpos, corpos frescos. No fim do canal viu um clarão, uma bateria rebelde disparando diretamente sobre o canal. Outro grande impacto sobre a água e os pontões e outros homens foram subitamente varridos. Seus homens começaram a atravessar com mais rapidez, os que estavam abaixo forçando o ritmo, escalando rapidamente, cônscios de que aquele não era um lugar para se perder tempo, não havia cobertura. Agora ele foi pego por um fluxo de homens, empurrado através do campo, avançando com sua espada erguida. Eles começaram a se espalhar novamente, formando linhas e novamente marcharam adiante.

Não havia ritmo agora, cada passo, deliberado. Tentou enxergar os homens a sua frente, não havia nada, um campo de espessa névoa cinza. Então uma mão pousou em seu braço. Era Ames.

“Você está no comando do regimento! Tenho que assumir o lado direito da linha. Os comandantes caíram... Deus nos ajude!” e ele se foi.

Chamberlain sentiu-se desperto. Pôs-se sobre seus pensamentos, viu as faces que o olhavam, aguardando que ele as liderasse. Ele apontou a espada adiante, para a névoa desconhecida, gritou, “Homens! Adiante! Continuem!”

Os sons chegavam a ele um de cada vez, o solitário zumbir de uma bala de mosquete, o quente zunido de estilhaços, o ar atingindo-lhe em rápidas e quentes lufadas. Ainda não podia enxergar, movia-se a frente pela densa névoa, não olhava para os corpos pelos quais passava, o vermelho e o azul espalhados em grandes pilhas sobre a neve branca. Olhou para trás, para seus homens, novamente. Ainda estavam com ele, segurou o cabo da espada com firmeza, enterrando os dedos no aço, mas não era o suficiente. Alcançou a pistola, empunhou-a com a outra mão, segundo adiante.

Houve uma brecha, uma pequena fenda na névoa, e ele pode ver uma tênue depressão no terreno e uma leve elevação a seguir. Homens de azul agachados, alguns com mosquetes, disparando, recarregando, um grande número deles apenas... corpos. Além, ele viu um muro de pedra, levantou a pistola, sua mão tremendo com uma raiva fervente. Não estava pensando, sua mente não lhe dizia o que fazer. Começou a gritar, berrar para os mosquetes apontados para ele por detrás do muro, a face do inimigo e sua voz se mesclavam com o grande tumulto a sua volta. Houve uma explosão de chamas no muro e a sua volta homens tombaram, ele mirou a pistola, disparou e disparou novamente.

Págs. 341 a 344 (Tradução livre do original em inglês)

Postado por Barone
FONTE: http://escrevinhamentos.blogspot.com/2011/06/gods-and-generals-jeff-shaara.html

domingo, 25 de março de 2012

Complexo de yorkshire

ESCRITO POR PAULO METRI
TERÇA, 13 DE MARÇO DE 2012

Recentemente, o ex-ministro Delfim Netto escreveu em um artigo na Carta Capital de 29/2/12: “..., a mídia internacional já incluiu na pauta (da próxima visita da presidente Dilma aos Estados Unidos) o interesse americano de discutir parcerias na área energética, com destaque para as oportunidades de exploração do petróleo e gás das jazidas do pré-sal...”.

Segundo notícia recente do jornal Valor, o BNDES irá financiar US$ 1,8 bilhão para a Brittish Petroleum (BP) explorar petróleo no pré-sal. Desta forma, tenho medo de que o interesse estadunidense em parcerias na área do pré-sal, citado por Delfim Neto, consista de petróleo no subsolo da nação brasileira, financiamento do BNDES, renúncia fiscal do governo brasileiro, tecnologia da Petrobras, plataformas de estaleiros do exterior, petróleo produzido, lucro das empresas petrolíferas estrangeiras e migalhas de royalty ao país, estados e municípios.

A jornalista responsável pela matéria do Valor acrescentou corajosamente o seguinte trecho: “O BP Group espera que os termos definitivos do acordo relativo ao financiamento de 14 anos com o BNDES sejam firmados no segundo trimestre. Todo esse petróleo será extraído nas regras antigas do governo FHC, que cobram na média menos de 5% por petróleo extraído (naquelas regras, se o poço tira menos de 90 mil barris/dia não paga praticamente nada) e 90 mil barris dia é um mega-poço.”

A lei 9.478 da era FHC, dentre os inúmeros prejuízos causados a nossa sociedade, além do já citado, permite a renúncia fiscal por parte do governo brasileiro para as petrolíferas desenvolverem tecnologia. É de se estranhar que o Brasil, com o alegado déficit na Previdência e as enormes carências no atendimento da Saúde e da Educação para a sociedade, por exemplo, venha a abrir mão destes recursos para ajudar empresas bilionárias, com enormes centros de pesquisa nos seus países de origem, a ter maiores lucros. O déficit da Previdência só existe na hora dos cortes orçamentários?

O REPETRO, um regime especial de tributação para o setor de petróleo, criado na mesma época e partindo dos mesmos princípios da lei 9.478, acrescido de decisões erradas do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária), compõe o maior absurdo que se pode imaginar em política industrial, qual seja, o produto nacional pagar mais imposto que o produto estrangeiro. Assim, conseguiram que o Brasil fosse o único país do mundo que penaliza sua produção e incentiva a importação. Desta forma, o REPETRO e as específicas decisões do CONFAZ precisam ser extintos.

Cabe ainda contar que o destino pregou uma peça nos arquitetos do modelo neoliberal deste setor, introduzido nos anos 1990. Eles esperavam que as petrolíferas estrangeiras arrematassem grande número de blocos desde o primeiro leilão e, por isso, renúncias fiscais foram providenciadas.

Acontece que quem arrematou muitos blocos, sozinha ou associada, foi a Petrobras. Assim, esta empresa foi a maior beneficiária do REPETRO, em um momento em que precisava de muitos recursos para poder participar dos leilões com chance de vencer. Mas isso não pode ocorrer às custas das empresas nacionais.

É grande o número de empréstimos do BNDES a empresas estrangeiras de diversos setores, o que, só em situações específicas, pode ser recomendável. Por exemplo, se certo produto indispensável para a expansão de outros setores só pode ser fabricado por uma subsidiária estrangeira, que detém a sua tecnologia de produção, e tal subsidiária alega necessitar de financiamento, configurando, assim, uma possível exceção.

Não existe técnico ou dirigente dos diversos órgãos deste país que não saiba o que é soberania nacional e a sua importância para um real desenvolvimento do país. Falo do grande salto, não do aproveitamento de fase passageira, quando produtos primários estão valorizados no mercado internacional. O que é realmente relevante é não se ter uma visão errada da nossa economia como sendo acessória das economias centrais. Quando o BNDES empresta recursos para empresas estrangeiras, não operantes em gargalos ou sem trazer o último avanço tecnológico, é porque está sofrendo do complexo de yorkshire. Quem sofre desta doença apóia, sem pestanejar, o que os países desenvolvidos mandam os em desenvolvimento fazer.

Estranho ainda existirem adeptos da economia dependente como o correto caminho para o desenvolvimento, apesar dos retumbantes fracassos da tese no laboratório mundial, hoje e em passado recente. Por outro lado, existem também os de mau caráter, que obtêm compensações lucrativas ao recomendarem para a sociedade, representando o papel de especialistas em economia ou de políticos bem intencionados, esta tese tão prejudicial.

Após algumas décadas de domínio estrangeiro sobre nossa mídia, a confusão nos cidadãos é compreensível. Um deles perguntou para mim, usando os reflexos a que fora condicionado: “O fato de termos grande participação de empresas estrangeiras na economia brasileira pode não ser um erro. Elas investem aqui, pagam impostos, geram empregos etc.” Em respeito ao seu desejo de entender com uso da racionalidade, fiz algumas observações, mostradas a seguir, sobre esta afirmação.

Claro que é melhor uma subsidiária estrangeira produzir determinado produto no Brasil do que o mercado interno ser suprido pela importação do mesmo. Entretanto, melhor seria se existisse uma empresa de capital nacional produzindo tal produto no Brasil, porque iria encomendar engenharia e desenvolvimentos tecnológicos no país, comprar bens e contratar serviços também no país. Ou seja, quem mais compra, contrata e conseqüentemente emprega pessoas no Brasil são as empresas genuinamente nacionais. Além disso, as empresas estrangeiras remetem seus lucros obtidos no Brasil para o exterior, necessariamente.

Neste instante, o interlocutor retornou com nova argumentação: “Então, o erro é das agências reguladoras que não cumprem o papel de exigir que os interesses da nossa sociedade sejam atendidos. Elas poderiam exigir compras e contratações locais etc.” Lembrei a ele que a empresa genuinamente nacional tende a fazer tudo isso sem precisar de coerção e as empresas estrangeiras são entidades politicamente mais poderosas que as próprias agências, principalmente em países com baixo índice de politização.

Deve-se lembrar que para ocupar cargos de direção das agências são acolhidas em geral indicações feitas pelos próprios agentes econômicos a serem regulados, seguindo acordos políticos de longa data. O poder eleitoral de grupos econômicos não pode ser esquecido e, conseqüentemente, sua influência junto ao governo eleito. Assim, as agências reguladoras, com algumas exceções, são órgãos que visam mais garantir a lucratividade dos agentes econômicos do que os interesses da sociedade.

Hoje, não se consegue que as empresas de setores extremamente lucrativos não mais usufruam renúncias fiscais ou benefícios de créditos governamentais, o que diminuiria os seus lucros. Não se consegue paralisar os leilões da ANP, apesar de serem extremamente danosos, por todas as razões exaustivamente expostas neste fórum. O arcabouço legal que permitiu a criação de déficits de soberania, a partir da década neoliberal (anos 1990), não foi ainda desarticulado. Em um passo seguinte, este déficit se transforma na piora da qualidade de vida do brasileiro.

Aproveito para resgatar o prestígio do vira-lata, raça imprecisa, mas inteligente e feliz, que tanta alegria traz para seu dono. O comumente citado “complexo de vira-lata”, com todo respeito ao Nelson Rodrigues, não condiz com a realidade, uma vez que esta raça não é inferior, se considerarmos como critério de julgamento a felicidade do seu dono e a sua própria. Contudo, o complexo de yorkshire, sim, nos inferioriza e deprime.

Leia mais:
‘Governo brasileiro abriu mão do controle da política econômica do petróleo’

Paulo Metri é conselheiro da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros e do Clube de Engenharia.
FONTE: http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6911:submanchete130312&catid=26:economia&Itemid=58

Encontro de stalinistas

Em maio de 1978, o ditador romeno Nicolae Ceauşescu visitou a Coreia do Norte. Seu par norte-coreano, Kim Il-sung (o “presidente eterno”, sucedido em 1994 por Kim Jong-il e agora, por Kim Jong-un), recebeu-o de maneira apoteótica, como manda a cartilha stalinista.

Não era a primeira vez que Ceauşescu ia à Coreia do Norte. A visita anterior ocorrera em 1971, e fora “inspiradora”: o ditador ficara impressionado com a “mobilização ideológica”, a megalomania e o culto à personalidade de Kim Il-sung, e decidira aplicar algo semelhante na Romênia.

Não por acaso, as celebrações do dia 23 de agosto, em lembrança à libertação da Romênia do domínio nazista (1944), não eram muito diferentes da recepção que Ceauşescu recebera em Pyongyang. Performances que, imagino, devam ter sido ensaiadas várias centenas de vezes, além de muita bajulação ao ditador.

A megalomania também foi característica dos dois ditadores. Em 1º de maio de 1989, Kim Il-sung inaugurou em Pyongyang o que é na atualidade o maior estádio do mundo, o Rungrado May Day, com capacidade para 150 mil espectadores. Além de receber jogos da seleção da Coreia do Norte, também é palco de grandes celebrações de endeusamento dos líderes políticos do país.

Já na Romênia, enquanto o povo tinha de racionar tudo (até a calefação durante o inverno) para que o país pagasse sua dívida externa, Ceauşescu decidiu construir um novo centro para a capital Bucareste (arrasando assim vários prédios históricos), com destaque para o maior palácio do mundo, projetado para abrigar todo o poder político e também servir de residência para o ditador e sua esposa.

Em dezembro de 1989, a obra ainda não estava concluída. Mas o exasperado povo romeno, cansado de tanta opulência por parte de seus líderes políticos, depôs a ditadura. E há exatos 22 anos, enquanto eu brincava com o “Pense Bem” que tinha ganho de Natal (naquela época eu gostava de Natal), Nicolae e Elena Ceauşescu foram fuzilados após um julgamento sumário que os condenou à morte. O palácio, cuja construção era muito onerosa para os cofres públicos romenos mas sairia ainda mais caro para ser derrubado, hoje abriga, incompleto, o parlamento da Romênia.

————Vinte anos atrás, e dois após o fuzilamento do casal Ceauşescu, eu continuava a gostar de Natal. Por novamente estar me divertindo com os presentes, perdi um momento histórico naquele 25 de dezembro de 1991: a renúncia de Mikhail Gorbachev à presidência da União Soviética, fato que resultou na dissolução do país. Foi apenas a antecipação do fim, pois este já estava marcado para dali a seis dias.

Pouco após a renúncia de Gorbachev, a bandeira vermelha da URSS que tremulava no mastro do Kremlin foi arriada. Em seu lugar, foi hasteado o pavilhão branco, azul e vermelho da Rússia.
MODIFICADO DE: http://caouivador.wordpress.com/2011/12/25/encontro-de-stalinistas/

CATASTERS



TE AMO!
http://catasters.tumblr.com/

Linux lançado em maio passado na Venezuela tem um total de 111.420 downloads

O AVN versão do sistema operacional 3.0 Venezuela Canaima GNU / Linux, lançado oficialmente em 05 de maio do ano passado, um total de 111.420 downloads online durante 2011.

De acordo com um relatório do Centro Nacional de Tecnologias de Informação (CNTI), edição 3.0 incorpora "maior nível de segurança para os usuários, alta performance em mais de 100 aplicativos instalados e 33 000 programas gratuitos disponíveis no gerenciador de pacotes."

Além de descarregar no território nacional, existem outros países que têm, entre eles podemos citar Cuba, Uruguai, Colômbia, Argentina, Peru, EUA e China.

A CNTI disse que "após a resposta obtida pelo sistema operacional venezuelano, a equipe de desenvolvimento Canaima GNU / Linux funciona na versão estável 3.1, que apresentara entre ouras novidades um estilo visual renovado, atualizando pacotes de softwares e aplicativos de automação de escritório e ferramentas destinadas a pessoas com deficiência. "

Os interessados ​​nesta nova versão pode fazer o download no portal web http://canaima.softwarelibre.gob.ve/ , para fazer, atualizações, contribuições e sugestões necessárias para otimizar essa versão via e-mail @ desenvolvedores canaima.softwarelibre.gob.ve .

Da Agência Bolivariana de Notícias
VIA: http://boilerdo.blogspot.com/2012/01/linux-lancado-em-maio-passado-na.html

domingo, 18 de março de 2012

Mais dois jornalistas assassinados

Por Pedro Pomar

Mario Randolfo Marques Lopes, de 50 anos, e Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, de 51 anos, provavelmente não chegaram a se conhecer, embora tivessem a mesma profissão e quase a mesma idade. Mario trabalhava na região conhecida como Sul Fluminense (RJ). Paulo Roberto atuava na região de Dourados e Ponta Porã (MS). Ambos eram jornalistas. Ambos foram assassinados a tiros: Mario, no dia 9/2/12; Paulo Roberto, no dia 13/2/12.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) cumpriu seu papel, repudiando os assassinatos e cobrando “imediata e profunda investigação das autoridades competentes, com a conseqüente punição dos responsáveis”. A entidade afirma que exigirá do governo federal e do Congresso Nacional medidas urgentes para impedir a violência e a morte de jornalistas.

A Fenaj apoia o Projeto de Lei 1078/11, que propõe a federalização da apuração de crimes contra jornalistas. “Avançar para uma rápida tramitação e aprovação de tal proposta, diante dos dois recentes casos de violência contra profissionais de imprensa”, afirma a nota da Fenaj, “hoje se impõe não como um desejo corporativo, mas como uma necessidade premente de um país que realmente reconheça na liberdade de imprensa um pilar fundamental para o efetivo exercício da cidadania e da democracia”.

Obviamente, a Fenaj exerce o seu direito e, mais do que isso, cumpre o seu dever institucional de defender os jornalistas. É preciso dar garantias aos jornalistas e impedir que esses profissionais tornem-se alvos ambulantes de pessoas poderosas ou influentes contrariadas pela divulgação de determinados fatos. É preciso barrar a escalada de crimes contra jornalistas, e o mínimo que se pode esperar é a prisão e condenação dos seus autores, bem como providências do Ministério da Justiça.

Mario Randolfo e sua companheira, Maria Aparecida Guimarães, foram sequestrados e executados em Barra do Piraí. Paulo Roberto, mais conhecido como Paulo Rocaro, sofreu um atentado em Ponta Porã e foi socorrido a tempo de relatar o fato à sua esposa pelo celular, mas não resistiu. Em ambos os casos há fartas evidências de que os crimes estão relacionados à atividade profissional de ambos.

Dito isto, cabe acrescentar que a nota da Fenaj poderia ter avançado na sua análise. Os crimes contra jornalistas apenas acentuam um cenário de profunda insegurança, em que lideranças dos movimentos sociais, camponeses, indígenas e até sindicalistas urbanos são assassinados com frequência assustadora. Sem falar na espiral nacional de violência que produz cerca de 50 mil homicídios anuais.

Persistem na sociedade brasileira fatores deletérios poderosos, como os interesses econômicos organizados em torno de atividades ilegais, como o trabalho escravo, a grilagem, a extração de madeira em áreas protegidas e várias outras. Caso o governo federal não se disponha a enfrentar esses interesses, não haverá Estatuto do Desarmamento capaz de brecar a onda de violência.

Reproduzo a seguir importante artigo da jornalista Karine Segatto, presidenta do Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados (filiado à Fenaj), sobre o assassinato de Paulo Rocaro.

Sinjorgran lamenta assassinato do jornalista Paulo Rocaro
Por Karine Segatto

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Grande Dourados (Sinjorgran) lamenta a morte do jornalista e escritor Paulo Roberto Cardoso Rodrigues (Paulo Rocaro), 51 anos, vítima de atentado na noite de 12 de fevereiro de 2012, em Ponta Porã (MS).

Mesmo que a motivação do crime ainda esteja sendo investigada pelos órgãos de segurança, a violência contra a pessoa pode estar relacionada a atividade profissional, tendo em vista que Rocaro foi presidente do Clube de Imprensa da cidade e era editor-chefe do Jornal da Praça e do site Mercosul News.

Trabalhava há 31 anos na área jornalística, sendo que entrou em 1985 no Jornal da Praça e criou o site Mercosul News há aproximadamente cinco anos. Em 8 de novembro de 2011, quando o jornalista Helton Costa perguntou, para a dissertação ainda em elaboração referente ao Mercosul News, sobre as dificuldades e as vantagens que Rocaro destacaria para se trabalhar com jornalismo na região de fronteira, ele respondeu por escrito:

“O jornalismo é uma profissão de risco na fronteira. Contudo, a violência contra profissionais de Imprensa é maior por parte de autoridades e marginais brasileiros do que paraguaios. Quando um profissional constrói mais de 30 anos de carreira numa região assim, como é o meu caso, está preparado para trabalhar em qualquer parte do mundo, por ter que aprender algumas regras que não se ensina nas universidades. Entre os livros que escrevi, há um (e até o final do ano será publicado outro na mesma linha), intitulado ‘A Tempestade’, que trata especificamente dos grupos de extermínio e ‘pistolagens’ aqui na região de fronteira. Nem com isso tive problemas. A segurança de um jornalista na fronteira Brasil-Paraguai está numa linha muito fina e frágil do trinômio razão-verdade-responsabilidade. Escrevendo sob este prisma, está seguro. Se deixar escapar algum destes requisitos, aí ninguém pode garantir segurança”.

Em outro registro de seu pronunciamento, na entrevista que concedeu em 2007 para a tese de conclusão de doutorado (2008) do professor da UFMS, Marcelo Vicente Cancio Soares, intitulada “Território televisivo: Estudo da televisão e do Telejornalismo na Fronteira do Brasil com o Paraguai”, Paulo Rocaro denunciou a violência contra jornalistas.

“A gente tem na região de fronteira muitos líderes, seja no submundo do crime, seja no setor empresarial, na política, cuja mentalidade ainda é do interior é do coronelismo, do emprego da força física, da coação moral, das perseguições políticas e os profissionais de imprensa estão sujeitos a tudo isso. Uma matéria que não é do agrado de um político, de um narcotraficante ou de um pistoleiro fatalmente o profissional de imprensa vai responder por aquilo. [...] Enquanto nos grandes centros você publica uma matéria e a pessoa afetada procura a justiça, move ações, aciona a empresa ou o profissional, aqui não tem isso. Aqui o camarada ofendido pergunta: quem fez esta matéria? Aí vai direto ao jornalista, seja para ameaçar, seja para pedir um reparo ou direito de resposta. A parte ofendida vai direto por causa da proximidade”.

A própria criação do Clube de Imprensa era apontada como uma das maneiras de os profissionais se organizarem para proteção mútua contra a coação. Em relatório divulgado ano pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), durante o ano de 2011, 106 trabalhadores de comunicação (seis brasileiros) foram assassinados ou morreram de forma violenta e em 2010 foram 94 mortos. Esperamos que a violência contra o jornalista Paulo Rocaro não se torne apenas um número na lista de 2012.
VIA: http://www.rodrigovianna.com.br/geral/mais-dois-jornalistas-assassinados.html

Energia eólica

A energia eólica vem aumentando nos últimos anos sua participação no contexto energético brasileiro. Desde a criação do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), e, posteriormente, os sucessivos leilões de compra e venda deste tipo de energia, a participação na matriz elétrica brasileira passou de pouco mais de 20 MW para aproximadamente 1.180MW.
São 59 parques eólicos atualmente em operação. Nos últimos dois anos, o governo federal contratou a construção de 141 novos empreendimentos, que serão entregues entre 2012 e 2013. São investimentos de R$ 16 bilhões.
Hyoung-Il So/SXC;
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A energia eólica é uma opção complementar à fonte hidrelétrica, predominante no sistema brasileiro
O compromisso estabelecido pelo governo é diversificar a matriz energética, organizar leilões que contratem energia pelo menor preço e que garantam a sustentabilidade ambiental.
A energia eólica é uma opção complementar à fonte hidrelétrica, predominante no sistema brasileiro.
A expectativa para os próximos dez anos é de que a capacidade instalada no País aumente em 63.400 MW. Deste montante, 18 GW devem produzidos a partir das fontes alternativas complementares, entre elas a energia eólica.
O Brasil é o País mais promissor do mundo em termos de produção de energia eólica, na avaliação do Global Wind Energy Council, organismo internacional que reúne entidades e empresas relacionadas à produção desse tipo de energia.
A região que se destaca é a Nordeste: mapas eólicos desenvolvidos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica apontam que a área tem uma das melhores jazidas do mundo, contam com boa velocidade de vento, baixa turbulência e uniformidade. O potencial total é estimado em 30 mil MW. Em termos estratégicos, este tipo de matriz é importante, porque os ventos são mais fortes nos períodos de seca (entre junho e dezembro), quando a produção das hidrelétricas tende a cair.
Fontes:
Relatório Panorama de Energia Eólica Global do Greenpeace
Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
Centro de Referência para Energia Solar e Eólica – CRESESB
Atlas de Energia Elétrica no Brasil da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
MODIFICADO: http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/matriz-energetica/energia-eolica

Chamado de ‘ladrão’, deputado diz que é ‘macho’ e parte para cima de manifestante em Estreito

DO BLOG DO DECIO
Muita confusão nesta sexta-feira (16) na Câmara de Estreito. Conforme havia noticiado o blog ainda na terça-feira, o desembargador Jamil Gedeon, do Tribunal de Justiça do Maranhão, determinou o retorno de seis dos nove vereadores da cidade cassados ano passado. Um deles perdeu o prazo do ajuizamento da ação e outros dois ainda aguardam decisão para retornarem aos cargos.

Os seis vereadores foram tomar posse na Câmara hoje pela manhã. A ex-presidentes Reginalva Alves Pereira (PPS) tentou realizar uma nova eleição para presidente onde ela seria a candidata.

O vereador Tavane Miranda Firmo (PTC), um dos suplentes que assumiu ano passado e permanece no cargo, não aceitou. Disse que a eleição só seria realizada por determinação judicial. Formou-se uma grande confusão.

O deputado Antonio Pereira (DEM), que apoia o grupo dos vereadores cassados, se desentendeu com alguns manifestantes que lotavam o local. Ele foi vaiado e chamado de “ladrão”. “Quem apoia ladrão, é ladrão também”, gritavam os manifestantes.

Já na parte de fora da Câmara, o democrata tentou agredir um dos manifestantes que o xingava. “Eu sou homem e macho. Estou aqui tratando de coisa séria”, gritava o deputado que foi segurou por um PM. Vejas a imagens da confusão em http://www.blogdodecio.com.br/2012/03/16/chamado-de-ladrao-deputado-diz-que-e-macho-e-parte-para-cima-de-manifestante-em-estreito/#comments

Histórico
Os nove vereadores de Estreito foram condenados pelos juízes Daina Leão e Gilmar de Jesus Everton Vale, em momentos distintos, acusados de atos de corrupção e afastados dos cargos. Na época, o caso teve repercurssão nacional em vários jornais e sites de notícia após noticiado em primeira mão pelo blog.

De acordo com a ação movida pelo Ministério Público, os vereadores dividiram entre eles R$ 198 mil, sendo entregue R$ 22 mil para cada um. Esse valor teria sido repassado pela prefeitura para manutenção da própria Câmara Municipal. O rateio do dinheiro público em Estreito aconteceu em janeiro de 2009.

Segundo o promotor Luís Samarone, foram encontrados diversos cheques pagos conjuntamente a Edevandrio Gomes Pereira (presidente da Câmara em 2009) e Reginalva Alves Pereira (tesoureira em 2009 e presidente em 2011), que somavam quase R$ 97 mil; além de outros, sacados pelo então chefe do Legislativo Municipal (mais de R$ 50 mil) e, ainda, cheques nominais a Domingos Rodrigues dos Santos, marido de Reginalva, cujo valor somado era superior a R$ 10 mil.

Retornaram aos cargos Eriberto Carneiro Santos (PMN), Inocêncio Costa Filho (PV), José Rômulo Rodrigues dos Santos (PSB), Bento Cunha de Araújo (PT), Benedito Torres Salazar (PMDB) e Reginalva Alves Pereira (PPS).
FONTE: http://www.blogdodecio.com.br/2012/03/16/chamado-de-ladrao-deputado-diz-que-e-macho-e-parte-para-cima-de-manifestante-em-estreito/#comments

Aos jovens idealistas, Solla, Nahor e Ale, e à princesa Alice.

Este texto maravilhoso é de um blog muito bom, chamado "Um quê de Transgressão" da jornalista Eloísa Deveze e trata do tema corrupção, com um olhar crítico, ácido e verdadeiro sobre os "combatentes da corrupção" no mundo virtual. O texto completo pode ser acessado em (http://umquedetransgressao.blogspot.com/2012/02/aos-jovens-idealistas-solla-nahor-e-ale.html)


Essa pichação feita nos muros de Paris, em 68, ganhou o mundo e traduziu com perfeição o espírito libertário de uma juventude que queria mudar o mundo. Hoje, esse espírito, propulsor de revoluções sociais, culturais e científicas ao longo dos séculos, cedeu terreno para o discurso conservador que tem embalado os sonhos de um punhado de gente jovem e madura que quer acabar com a corrupção no Brasil.
Prova disso é que, poucos meses atrás, o movimento contra à corrupção ganhou, aqui, em São Paulo, a adesão da Associação da Parada do Orgulho GLBT e pronto: alguns integrantes torceram o nariz para essa aliança e dispararam posts e emails nas redes sociais, em que diziam, basicamente, que não engrossariam manifestações que, por contar com o pessoal da Parada, seriam contra a família e a ordem social.
Basta dar uma navegada nas páginas de alguns desses grupos para se ter a impressão que se, pudessem, diversos de seus integrantes não despachariam apenas os homossexuais para outro planeta. Eles também aproveitariam a nave espacial para se livrar de dependentes químicos, ex-moradores da favela Pinheirinho, empresários que contratam profissionais estrangeiros, defensores da legalização do aborto e/ou de uma política pública para, pelo menos, reduzi-lo, críticos da ditadura militar, favoráveis à campanha do desarmamento, além de petistas, simpatizantes, que ganharam o apelido de Petralha. E, em especial, qualquer um que conteste suas ideias, também chamado de Petralha, fake, infiltrado e autoritário.
Na contramão desse povo, eu tive o prazer de ver entrar em cena cavaleiros solitários que deram uma lufada de vento fresco a esses embates. É claro que falam para um exército com uma séria deficiência auditiva, que o impede de ouvir tudo o que não lhe soa bem. Mas esses jovens idealistas não são do tipo que jogam a tolha por falta de incentivo da torcida. O professor Nahor Lopes Jr., de 26 anos, e o atrevido Ale Brasil/Virgu Lino, de 28 anos, por exemplo, vira e mexe, enfrentam uma dezena de lutadores conservadores que, como dizia o bom e finado colunista social Athaíde Patreze, acham o deputado federal Jair Bolsanaro e o período da ditadura militar um luxo!
Nahor tira proveito de sua sólida formação cultural e vocação para transmitir e compartilhar conhecimentos, talvez até, para baixar a guarda e ampliar o leque de informações de alguns deles, com outras ideias, teorias e palavras. Como resultado, o professor, e não os seus argumentos, como seria natural, vira o alvo da discussão e ele começa a ser insultado. Ora de petista, ou melhor, Petralha, como dizem . Ora de professor que não sabe nada da história do Brasil.
Católico até a medula, o catarinense lembra que Deus condena o pecado, mas não o pecador. E já que citam tanto o Seu Nome nesses espaços, vale ressaltar que Ele, em sua infinita sabedoria e misericórdia, nos concedeu a vida, o livre-arbítrio e o perdão. O que, pra mim, indica que Deus não compactua com nenhuma forma de opressão e acolhe todos os seus filhos, e com todos os seus pecados.
Os desaforos, um dos pecados mais cometidos por essa turminha insólita, nem sequer arqueariam uma mísera sobrancelha se não saíssem da língua de quem enche a boca pra falar em democracia, mas é incapaz de manter um debate de ideias no campo das ideias. Que o diga Ale, analista de compras, de 28 anos, que, além de petralha, of course, também é tachado de comunista, hipócrita etc nesse território minado de convicções pra lá de ultrapassadas. Que, diga-se de passagem, foram soterradas e/ou descartadas há décadas por autoridades mundiais, que se debruçam, por anos a fio, sobre a tarefa de estudar, desvendar e encontrar soluções para n problemas contemporâneos.
De natureza impetuosa, esse paulistano solta o verbo, sem recorrer a ofensas e outras baixarias, em defesa da atual compreensão que pesquisadores do mundo inteiro tem de uma série de questões e enfrenta chumbo, cada vez mais grosso, disparado pela artilharia conservadora.
Outro jovem idealista, Francisco Solla, decidiu parar de, como dizem os chineses, atirar pérolas aos porcos desse exército virtual e foi lutar com outra farda. Dono de um bom senso de causar inveja, o estudante, de 18 anos, que acaba de ingressar na Unicamp, se movimentou com elegância entre esses internautas democratas que, ao serem contrariados, ardem na fogueira das vaidades e promovem uma espécie de caça às bruxas.As bruxas, no caso, são qualquer um que, além de discordar de suas brilhantes ideias, se atreva questionar decisões e "verdades". Como Solla cometeu esses crimes, ele, claro, também caiu na língua dos conservadores. Mas nem ligou para as ofensas. É que o estudante baiano já havia sido abatido pela perda de um sonho: o de acreditar que, no combate contra à corrupção, todos eram movidos, exclusivamente, pelo idealismo.
Esses rapazes são apenas três entre milhões que perdem batalhas para aqueles que comungam com o ideário conservador e autoritário. Se hoje, eles lutam contra os ganchos de direita da turma que reeditou no espaço virtual as famosas marchas com Deus, pela família e propriedade, contra a guitarra elétrica etc dos anos 60. Amanhã, terão de enfrentar golpes vindos de outros frontes.
E como acontece com todos, eles vão perder e ganhar nos sucessivos embates por uma vida e um mundo melhor. Em compensação, na volta, serão sempre recebidos pela princesa Alice - uma menina linda, de 15 anos, de apurado senso estético, que, como tantas outras meninas, nasceu para embelezar e zelar pela beleza do mundo.
Espero, também, que esses cavaleiros nunca comprem o discurso de que ser idealista, após uma certa idade, é burrice. Burrice pra quem? Há quem interessa arrefecer o entusiasmo de gente que quer fazer desse mundo um bom lugar para se viver?
Einstein dizia que é mais fácil dividir um átomo que quebrar um preconceito. Imagine, então, ter de lidar com preconceituosos e sectários para tentar promover mudanças que contribuam para o bem-estar da sociedade? Tai um combate que consome uma vida inteira. O desafio, no entanto, é talhado para gente de coração bom, mente arejada e espírito libertário como é o caso desses três meninos e dessa princesa do Brasil.
Allez les enfants! Soyez réalistes, demandez l'impossible! ( Vamos lá crianças! Sejam realistas, exijam o impossível). Até porque, cá entre nós, da vida não se leva nada mesmo. Nem as batatas de Quincas Borba, do genial e libertário Machado de Assis.

Postado por Jorge Scarpin
VIA: http://professorscarpin.blogspot.com.br/2012/02/aos-jovens-idealistas-solla-nahor-e-ale.html

sexta-feira, 16 de março de 2012

PULA, CAI NO CHÃO! Carnaval 2011

Pronto. Carnaval acabou e a cidade já voltou a sua normalidade. Congestionamentos, trabalho, chefe, volta as aulas, fila dupla, tripla, quádrupla, na porta das escolas, enfim, aquelas coisas normais de nossa querida cidade e de nossa própria vida.

O carnaval acabou, mas as histórias do carnaval ficaram.

Então, levantem a mãozinha pra o ar e... Segurem!

Todo carnaval é aquela mesma coisa que todos sabem: Pula, sai do chão, levanta a mãozinha, bata na palma, vamos tremer a avenida, etc, etc, etc. Mas o mais gostoso do carnaval de Salvador é a "pegação". E a pegação é geral. Ninguém é de ninguém e todo mundo é de todo mundo. "Eu quero mais é beijar na boca" já diz a letra da canção. E é assim nesse espírito carnavalesco de azaração total que muitos se dão mal. (até rimei). Vejam por exemplo a história de minha amiga, Nélia. Ela, assim como eu, sempre se mete em furadas. Não é à toa que somos amigos. Vocês lembram da história do caranguejo? Ela, era quem estava comigo parecendo um cachorro rosnando com uma perna cabeluda de caranguejo na boca, lembram? Vejam agora como ela tem realmente o dom de se meter em barcas furadas.

Sábado de carnaval, Barra - Ondina. Galera bonita, sol, calor, cerveja, axé, mulheres maravilhosas, homens fortes, altos, bonitos, sarados, e foi assim que Nélia se deu mal.

Um ano inteiro pagando um abadá. Quase mil reais pra sair em um bloco de elite. Nélia é pobre, mas é metida. E metida demais. Quase passa fome, mas comprou o abadá só pra realizar o sonho de sair no bloco com o símbolo da patinha verde e que tem um ex cantor barbudo que agora ficou com cara de cágado. E a ousada da Nélia comprou. No dia de buscar o abadá me ligou na maior alegria me pedindo pra ir com ela, pois é muito perigoso sair por aí com um abadá na mão. Ainda mais um tão caro e tão visado. Reformou, reformou não. Customizou (reformou é coisa de quem ainda usa mortalha), ela mesma, o abadá em casa. A camiseta virou um topzinho. E Nélia, vestida no abadá, ficou até gostosa. Ela estava se achando. Andou aqui na rua pra cima e pra baixo só pra todo mundo ver que ela estava com o abadá do "gambá-leão". Se achou única. Até chegar na concentração do bloco e ver que tinha umas duas mil e quinhentas mulheres iguaizinhas a ela. Pensou: "Tem problema não eu ainda sou única no bloco". E era mesmo. Acho que ela era a única negra, baiana e da periferia dentro das cordas do bloco. Chamou atenção assim que chegou. No meio de tantas loiras de chapinha, luzes e o escambau no cabelo ela se sobressaiu com seu cabelo afro cheio de tranças. Pulou, gritou, quase entrou em transe de tanta emoção quando o "tartaruga ninja" cantou "Tá lisinho, tá lisinho". Lisinho ficou foi o bolso de minha amiga. COITADA!

Mas o bom de ser um pobre ousado é que você pode se dar bem. E Nélia, como boa pobre ousada, começou se dando muito bem nessa história. Pode até não parecer, mas começou se dando bem.

No meio do bloco haviam vários caras lindos, sarados, bombados, loiros, morenos, ruivos (até ruivos eram bonitos nesse bloco). Cada peitoral de deus grego que só vendo (vou até parar por aqui pra que ninguém duvide da minha masculinidade). E Nélia lá no meio se achando. Todo mundo beijando todo mundo, mas ninguém chegava na coitada da Nélia. Ela chegou a fazer biquinho na frente de um cara que quando viu que a garota destoava do restante do bloco achou que ela estava recebendo um santo em plena avenida. O cara gritou um "saravá, meu pai!" e se embrenhou no meio da galera. E Nélia ali quase dando cãibra nos beiços. Já estava quase desistindo de achar um gatinho quando a sorte SORRIU pra minha amiga. E o SORRISO da sorte era branco e perfeito.

Gente, nem minha amiga acreditava que aquele cara loiro, lindo, forte, cabelos de príncipe, nariz afilado e SORRISO perfeito (o cara era o próprio He-man), estava olhando pra ela daquele jeito tão sensual. Ela se beliscou duas vezes. Uma pra ver se estava acordada outra pra ver se não estava bêbada. Ela estava acordada e ainda não estava tão bêbada. O cara estava realmente olhando pra ela. E agora estava se aproximando olhando nos olhos dela. Por um momento ela não ouvia mais o som do trio elétrico, ainda que os decibéis estivessem quase duas vezes acima do que o ouvido humano pudesse suportar. Ela ouvia só o tum, tum, tum dos tambores do coração. (Pô! Fui profundo agora. Me arrepiei). Ainda que estivesse o maior empurra, empurra dentro das cordas do bloco, ela só enxergava aquele ser mágico e maravilhoso vindo em sua direção.

O cara nem disse oi. Também se dissesse não daria pra ouvir. Também ela não queria saber de papo ela queria era "pegada" e o cara tinha "pegada". Chegou chegando. Segurou ela pela cintura, puxou contra seu corpo másculo, seu membro ereto e pulsante, seus músculos apertavam-na com a força viril de um macho no cio, (está parecendo aqueles romances porno/erótico que as mulheres adoravam ler no passado) sua mão grande passeava pelo corpo dela até parar sobre suas nádegas que, na onda das mulheres frutas que existem por aí, parecem duas bandas de jaca. Podres. E o garanhão encostou seus lábios nos lábios ávidos de minha amiga Nélia. E o beijo foi ardente, voluptuoso, de tirar o fôlego, cinematográfico. Quase cinco minutos se beijando sem parar. Quando o beijo acabou as pessoas ao redor aplaudiam. As câmeras de tv filmavam pra todo o Brasil ver aquela cena tão quente, tórrida, a verdadeira demonstração do calor do verão baiano. Até o cantor cara de cágado fez uma menção lá de cima do trio. PERFEITO. A única coisa mais perfeita do que toda aquela cena, era o SORRISO daquele cara.

O ruim de ser um pobre ousado é que pobre é sempre azarado (senão não seria pobre, né?) então quando tudo parece perfeito sempre acontece alguma coisa pra desandar o negócio. E, quando tudo está desandado, sempre pode piorar.

Após o beijo o camarada a convidou para irem juntos para o carro de apoio. Ele queria ficar mais a vontade com ela e conversar um pouco. O cara era sempre solícito e SORRIDENTE. E o SORRISO dele era tudo de bom (segundo Nélia). Quando chegaram no carro ele fez questão que ela subisse primeiro. Um lord. No meio daquela confusão toda um príncipe encantado estava ali pronto pra ser o gentlemam perfeito pra minha amiga. Ela subiu e virou na escada pra ver aquela obra divina em forma de folião subir no carro de apoio. Ô, desgraça, meu Deus! O cara errou o pé no degrau do carro de apoio, saiu raspando a canela na escada. Sabe quando você toma aquele arranhão que primeiro a pele fica branca, depois é que o sangue começa a aparecer em forma de pontinhos? O cara que já era branco então... A raspada de canela foi o mínimo, o cara caiu de joelhos, meteu a caixa dos peitos na quina da escada e isso ainda não foi o pior. O pior foi que com a porrada na caixa dos peitos o cara cuspiu a uns dois metros de distância o SORRISO PERFEITO que tanto encantou minha amiga. Sim o loiro e lindo e forte, bombado, cabelos "numseioquê", tinha uma dentadura na boca que ele cuspiu com o impcato da queda. A perereca caiu no meio da galera, no chão, no chão da avenida, chão cheio de cerveja, umas poças de lama, misturado com aquele perfume que a rapaziada da limpurb passa assim que acaba o dia de festa. E gente pisava, chutava e o cara levantou meio grogue correndo atrás da perereca que pulava pra um lado e pra outro no ritmo da levada. Era chutada pra lá e pra cá, e ele de quatro no meio do bloco, sem ar por causa da porrada que levou nos peitos, a canela ardendo pra porra, e sem um dente na boca.

Ele achou a dentadura. Tudo bem, faltavam uns três dentes, mas ele achou. Pior: ele só deu uma lavadinha com cerveja mesmo, Enxugou no abadá e meteu na boca. Encheu a boca com mais três goles de cerveja, gargarejou, buchechou, cuspiu, e SORRIU. Nélia, a essa altura, já estava quase colocando os bofes pra fora de tanto vomitar. Cada vez que ela lembrava do beijo que o cara deu, a língua dele passeando por dentro de sua boca, a ânsia de vômito voltava. O camarada era duro na queda, ele ainda voltou querendo ficar com ela. Disse que nunca beijou alguém que tivesse um beijo tão gostoso como o dela. Falou em casamento e tudo mais. E como o som era muito alto, pra ser ouvido era necessário falar de pertinho. Imaginem o bafo do cara... Uma mistura de cerveja com chulé com lama com alfazema dos filhos de Gandhi com detergente da limpurb com odor de banheiro químico e baba. Ele falava e minha amiga vomitava.

Coitada da Nélia. Um ano sonhando esse sonho pra virar um pesadelo desse jeito. Ela me confessou que agora só sai de pipoca. Se sair. Mas eu conheço a Nélia, ela é ousada. Ano que vem ela sai de camarote. Quer apostar?
Postado por Luciano Salba
FONTE: http://contosnabandeira2.blogspot.com/2011/03/pula-cai-no-chao-carnaval-2011.html

Corrida por biocombustíveis traz prejuízos sociais

por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil


Estudo da Coalizão para a Terra indica que de todas as grandes aquisições de áreas ocorridas de 2000 a 2010, apenas 25% tiveram relação com a produção de alimentos, sendo a geração de biocombustíveis responsável por mais de 40%



O crescimento populacional, o aumento do poder de consumo mundial e o maior interesse de investidores em biocombustíveis têm elevado cada vez mais a disputa pela terra, sobretudo em países em desenvolvimento, trazendo muitas vezes malefícios à produção de alimentos.



Agora, um novo relatório mostra que a produção alimentícia não é a única prejudicada por essa corrida por propriedades, alertando que as populações rurais mais pobres podem ter seus direitos desrespeitados e seu meio de sobrevivência comprometido.



O Land Rights and the Rush for Land (Direitos de Terra e Disputa por Terra), desenvolvido pela Coalizão Internacional para o Acesso à Terra (ILC) e publicado nesta quarta-feira (14), é, até o momento, o documento mais abrangente sobre grandes aquisições de terra em países em desenvolvimento. A pesquisa reúne os resultados de 28 estudos de caso e análises regionais produzidos por 40 organizações



A pesquisa aponta que, entre 2000 e 2010 – período avaliado pelo trabalho – foram vendidos ou arrendados cerca de 200 milhões de hectares de terras – oito vezes o tamanho do Reino Unido –, dos quais aproximadamente 71 milhões foram catalogados pelo estudo.



O que surpreende é que destes 71 milhões, a maioria não foi destinada para a produção alimentícia. De acordo com a pesquisa, 25% foram dedicados a colheitas para a geração de comida, outros 27% para a mineração, o turismo, a indústria e a silvicultura, e 40% para a produção de biocombustíveis.



Dependendo da região, a diferença foi ainda maior: no continente africano, 66% dos acordos de terras estavam relacionados à produção de biocombustíveis, e apenas 15% à de alimentos. Já na América Latina, a produção alimentícia teve uma porcentagem maior dos acordos de terra: 27%, contra 23% da extração mineral, por exemplo.



E segundo a análise, embora grandes investimentos de terra tragam benefícios, eles também trazem prejuízos, sobretudo à população mais pobre. “Eles provavelmente causam mais problemas para os membros mais pobres da sociedade, que frequentemente perdem o acesso a terra e recursos que são essenciais para seu modo de vida.”



“Sob as atuais condições, acordos de terra em larga escala ameaçam os direitos e meios de vida de comunidades rurais pobres, e especialmente as mulheres”, alertou Ward Anseeuw, do Centro de Pesquisa Agrícola Francês para Desenvolvimento Internacional (CIRAD).



Isso porque muitas vezes os pobres não têm direitos legais sobre as terras que usam e os benefícios prometidos a eles, como empregos e melhores condições de vida, não se concretizam. Além disso, na corrida para atrair investimentos, alguns governos fazem acordos apressados em vez de buscar aqueles que trariam mais melhorias à população rural. Soma-se a isso o fato de que possíveis benefícios muitas vezes são desviados para as elites locais.



“Como os governos possuem a terra, é fácil para eles arrendar grandes áreas para investidores, mas os benefícios para as comunidades locais são frequentemente mínimos. Isso enfatiza a necessidade de as comunidades pobres terem direitos mais fortes sobre a terra na qual vivem há gerações”, observou Lorenzo Cotula, do Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento.



“A competição por terra está se tornando cada vez mais global e desigual. Governo fraco, corrupção e falta de transparência na tomada de decisões, que são fatores-chave do ambiente típico no qual aquisições de terra em larga escala acontecem, significam que os pobres ganham poucos benefícios desses acordos, mas pagam custos altos”, concordou Madiodio Niasse, diretor do secretariado da ILC.



A análise indica que enquanto acordos comerciais internacionais oferecem proteção jurídica a grandes investidores, não há muita proteção para pequenos usuários de terras, que são justamente aqueles que dificilmente conseguem representação legal. Os governos, legitimando essa situação, costumam favorecer proprietários e fazendas de escala industrial em vez de propriedades de pequena escala.



“Há pouco nas nossas descobertas para sugerir que o termo ‘grilagem de terras’ não seja amplamente merecido”, comentou Michael Taylor, gestor do programa do secretariado do ILC. E embora o texto afirme que “a desapropriação e marginalização dos pobres rurais não é algo novo”, o relatório sugere que a atual disputa por terras está acelerando e agravando esta condição.



Mas o documento aponta que há medidas para contornar esse problema, como fazer com que as leis de direitos humanos funcionem para os pobres, tornar as decisões sobre terra transparentes, inclusivas e responsáveis e garantir a sustentabilidade ambiental nas decisões sobre terra e água de aquisições e investimentos.



O estudo ressalta também que os modelos de investimentos não devem envolver aquisições de terra em larga escala, colocando a pequena produção no centro das estratégias de desenvolvimento agrícola e reconhecendo e respeitando os direitos de terra e de recursos da população rural, para que a produção agrícola desta população possa contribuir para suprir a demanda de alimentos e recursos no futuro.



Segundo o relatório, já há exemplos de iniciativas que estão movendo a população contra grandes acordos de terra, como ocorreu em agosto deste ano no Sudão, quando foi lançada uma campanha contra o que teria sido o maior acordo de terra do país – o arrendamento de 600 mil hectares por uma empresa norte-americana. Já em novembro, agricultores se reuniram em Mali para uma conferência internacional para combater a disputa por terras.



“De modo otimista, pode-se até esperar que as comunidades rurais em muitas partes do mundo sejam capazes de finalmente atingirem um acesso seguro e controlarem sua terra através de lutas catalisadas pela crescente demanda de terra. É de se esperar que a disputa por terras agirá como um alerta, provocando uma reconsideração do caminho em que estamos”, concluiu a ILC.

Fonte: Extraido do site Envolverde
VIA: http://brasileducom.blogspot.com/2011/12/corrida-por-biocombustiveis-traz.html

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SUA MAJESTADE
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quarta-feira, 7 de março de 2012

Aposentadoria de servidores públicos: benesse de marajá?

Engraçado como a imprensa em geral aborda essa questão da aposentadoria dos servidores públicos.
Faz um paralelo entre duas pessoas – uma da iniciativa privada e um servidor público – que ganham R$ 26.900,00 e opta por “simplificar a questão” dizendo que o primeiro vai se aposentar com R$ 4.300,00 (teto da Previdência Social) e o segundo vai se aposentar com os mesmos R$ 26.900,00 da ativa. Revoltante não?
Não diz de forma clara que o servidor paga um preço altíssimo para essa “benesse”. Não diz que este servidor, pra se aposentar com o salário de R$ 26.900,00, pagará à sua previdência durante 35 anos de serviço, R$ 3.000,00 todo mês, enquanto que o da iniciativa privada que ganha os mesmos R$ 26.900,00, paga míseros R$ 340,00.
Caso esse “detalhe” fosse dito de forma clara não haveria a revolta da sociedade, a benesse seria vista como ela de fato é: um tratamento diferente a quem contribui diferente por toda a vida profissional. Mas ao invés do falar de forma clara, a imprensa (quando muito), fala, de forma repartida e diminuindo o volume da voz, que o servidor “contribui com 11%”.
Ora, a maioria da população não é treinada para decifrar charadas! Quantos dos ouvintes raciocinarão que 11% de R$ 26.900,00 é mesmo R$ 2.959,00? E que isso se dá todo mês?
É o triunfo da meia-verdade! É querer dizer que servidor público é tudo igual: grandes oportunistas do cargo que ocupam.
E ainda põe o camarada da iniciativa privada dizendo que gostaria de manter o seu padrão na aposentadoria, dando, triunfante, a palavra final.
Ora, ele pode sim manter o padrão! Tem a opção. Basta fazer o plano de aposentadoria complementar e entregar a um banco mais R$ 2.500,00 todo mês pra, depois de 35 anos (R$ 30.000,00 por ano; R$ 1,05 milhão em 35 anos), manter o seu padrão. Mas... será que ele quer? Será que está disposto a abrir mão do presente, das viagens para a Europa com a família, pra investir num futuro seguro?
O servidor, ao contrário, não tem esta opção. Ao ingressar num cargo de R$ 26.900,00 não poderá optar por descontar apenas R$ 340,00 por mês e arcar com a aposentadoria baixa. Terá que contribuir compulsoriamente com R$ 2.959,00 por mês. Passará os 35 anos de serviço temendo o golpe final – alguém dizer a ele que é igual a todo mundo e que por isso terá que se aposentar ganhando R$ 4.300,00.
Francamente. Eu esperava isso de diversos setores da imprensa, deixei de ser assinante de Veja de forma definitiva justamente por causa dessas verdades de conveniência. Mas ouvir isso no Jornal Nacional, esperando até o final que fosse dita toda a verdade e não a ouvindo, por uns momentos me faz acreditar que a imprensa é realmente toda igual. Um bando de oportunistas da função que exercem, pois adoram falar meias-verdades."
Nicomedes Lopes do Rego Filho, servidor público concursado do estado de Pernambuco, empossado aos 20 anos de idade (somente se aposentará com 58 anos, portanto contribuirá 38 anos) e desconta não 11%, mas sim 13,5% todo mês.
Com a dica de Itárcio José de Sousa Ferreira
VIA:http://contextolivre.blogspot.com/2012/03/aposentadoria-de-servidores-publicos.html

TRT/RS condena Santander a reintegrar e indenizar funcionário com LER

Por decisão da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT/RS), o Santander deve indenizar em R$ 39 mil um empregado que contraiu doenças osteomusculares relacionadas com o trabalho (Dort) e lesões por esforços repetitivos (LER). Do valor, R$ 20 mil referem-se a danos materiais e R$ 19 mil a danos morais.

A decisão confirma sentença da juíza Lígia Maria Fialho Belmonte, da 30ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, porém os desembargadores do TRT/RS diminuíram os valores indenizatórios em 50%. Mesmo assim, tanto o banco quanto o trabalhador ainda podem recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Admitido em janeiro de 1985 e despedido em fevereiro de 2009, o funcionário alegou que estava em licença médica no momento da dispensa, recebendo benefício previdenciário. Anexou atestados médicos e laudos periciais ao processo. Os documentos demonstraram que as lesões foram agravadas pelo trabalho.

A magistrada também concedeu antecipação de tutela para a reintegração imediata do empregado, que tinha direito a estabilidade no emprego por um ano após a alta previdenciária.

Conforme o diretor de Saúde da Federação dos Bancários do RS, Juberlei Bacelo, essa era a prática do Santander: intimidar e demitir empregados doentes.


Fonte: Contraf-CUT com Correio do Povo

VIA: http://www.contrafcut.org.br/temasAcao.asp?CodSubItem=56

CATASTERS


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domingo, 4 de março de 2012

Bruxelas: "Grécia é um protetorado da banca"

O 'acordo' de ajuste assinado entre Atenas e a troika do euro na madrugada desta 3ª feira, em Bruxelas, passará à história como o mais draconiano e humilhante exemplo da rendição de um país aos mercados em tempos modernos. O que se deliberou é pior até que os termos devastadores do Tratado de Versalhes, de 1919, que colocou a derrotada Alemanha da Primeira Guerra de joelhos, impondo-lhe reparações equivalentes a 3% de um PIB em frangalhos, ademais de autorizar o saques de fábricas e da então poderosa marinha mercante germânica.

A pilhagem associada à crise mundial de 29 esfarelou a moeda alemã e exauriu a poupança das famílias.O desespero e a hiperinflação pavimentaram a c hegada de Hitler ao poder, em 1933: a ascensão nazista jogou o mundo na Segunda Guerra Mundial.

Negociador pelo lado britânico em Versalhes, Keynes renunciou à missão em protesto contra o massacre. Em 1920 escreveria 'As Consequências Econômicas da Paz', antecipando o desastre em marcha. O que se decidiu em Bruxelas neste 21 de fevereiro de 2012 conecta as gerações gregas do presente e do futuro a um implacável sistema de transfusão que as condena a servir aos credores até a morte. Todo o dinheiro do 'socorro' acertado (130 bi de euros) - liberado em troca de demissões em massa, corte de salários e aposentadorias, vendas de patrimônio público, supressão de serviços essenciais e até de medicamentos à rede pública de saúde - não poderá ser tocado pelo Estado grego.

Depositado em conta bloqueada e supervisionada por um diretório do euro, o recurso será destinado prioritariamente ao pagamento de juros aos credores. Troca-se assim um desconto de 53% sobre papéis que enfrentam desvalorização de mercado superior a isso, por juros sagrados. Ao aceitar a lógica da coação, Atenas renunciou ainda à soberania orçamentária. A partir de agora, as contas do país passam à condição de protetorado de uma junta da troika sediada fisicamente no coração do Estado grego, com poder de veto sobre decisões de governo.

Dentro de dois meses a Grécia vai às urnas eleger um novo parlamento; a esquerda tem 40% das intenções de voto e mais de um centurião do governo alemão já sugeriu adiar o pleito, para o bem do ajuste. O que se acertou em Bruxelas nesta madrugada foi ainda pior: a troika arrancou de Atenas a promessa de que o acordo está acima do que decidirem as urnas em abril. Em outras palavras, a elite política grega comprometeu-se também a ceder a soberania democrática aos mercados, tornando inalteráveis os termos do arrocho. Ao reduzir uma nação a uma entidade excretora de juros, expropriada de soberania orçamentária e política, Bruxelas, involuntariamente, emitiu a mais pedagogica e contundente
convocação à resistência contra a agenda ortodoxa dominante na UE. De agora em diante fica claro que a escolha é resistir nas ruas ou render-se à servidão financeira.

Postado por Saul Leblon
MODIFICADO DE:http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=895

Padres de vários países visitam área de conflito em Alhandra

Os índios que estão acampados no assentamento Mucatu, em Alhandra,um dia depois de serem despejados pela polícia de dois lotes, que pertenceriam ao coronel da PM,Lima Irmão, receberam a visita de muitos padres brasileiros e estrangeiros que estavam participando de um encontro em Campina Grande. Entre eles, estavam o bispo da Diocese de Nova Iguaçu, da Comissão de Direitos Humanos, no Rio de Janeiro, Dom Luciano Bergamin, e Frei Beda,que desenvolve trabalhos sociais em vários estados brasileiros.
Dom Luciano classificou a ação como falta de sensibilidade das autoridades em relação à luta por terra e contra o capitalismo. Ele disse que é incrível o que está acontecendo no local. “Tantos lugares, com tanta terra nesse estado e mesmo assim reprimem índios e trabalhadores que estão lutando pela sobrevivência de suas famílias”, disse.
Segundo o deputado estadual Frei Anastácio (PT), que está apoiando a luta dos índios e dos assentados, a comitiva que lotou dois ônibus, foi prestar solidariedade aos tabajaras e aos trabalhadores que foram feridos com balas de borracha durante a operação de despejo realizada pela polícia, na noite de quinta-feira. “Com essa visita, a luta contra a instalação da fábrica de cimento na grande Mucatu,ficou conhecida em diversos países, já que padres e missionários de várias nacionalidades conheceram de perto os motivos das ocupações na área”, disse o deputado.
O deputado disse que algumas das cápsulas de balas de borracha de espingarda calibre 12, disparadas durante a operação, foram recolhidas e serão entregues a Ouvidoria Nacional do INCRA, para que as providências jurídicas em relação à operação sejam tomadas. “As pessoas feridas também estão prontas para prestar depoimento, em relação a essa ação de despejo que foi realizada à noite, de forma ilegal”,disse Frei Anastácio.
As causas do conflito em Alhandra
Os trabalhadores e os índios descobriram que o ex-comandante da PM, coronel Lima Irmão estaria vendendo dois lotes, que ele adquiriu no assentamento, para a Cerâmica Elizabeth, que está planejando implantar uma fábrica de cimento no local. Ao terem informação da transação de possível venda, os trabalhadores e índios realizaram a ocupação do local, no dia 26/01, já que os lotes estariam nas mãos do coronel, de forma ilegal, segundo eles, sem nenhum registro no INCRA.
Frei Anastácio disse que essa é mais uma ação conjunta, entre trabalhadores e índios, contra a implantação da fábrica de cimento na grande Mucatu,uma área de assentamentos da reforma agrária, que atinge os municípios de Conde,Alhandra e Pitimbu, no litoral sul da Paraíba.
Primeiro despejo foi no ano passado
A primeira ocupação ocorreu no mês de dezembro do ano passado, em dois lotes, que teriam sido vendidos por assentados para a cerâmica. Através de decisão judicial, os manifestantes foram despejados, mas permanecem acampados numa área próxima. Os índios alegam que no momento em que terras da reforma agrária são vendidas perdem sua função social. Com isso, os lotes que forem vendidos serão reivindicados por eles, que estão lutando pela demarcação de 10 mil hectares na área.
FUNAI nacional pediu providências
O deputado explica que além da presença física dos trabalhadores e índios, com apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o caso ganhou reforço da FUNAI,INCRA e Procuradoria da República. “A FUNAI nacional já fez gestão para que o processo contra a ocupação da área seja transferido da justiça comum para a justiça federal. Dessa forma, a FUNAI quer o embargo da área para evitar qualquer ação de implantação da fábrica, até que a conclusão do processo de demarcação das terras indígenas, cerca de 10 mil hectares, que estão sendo reivindicadas pelos tabajaras. O INCRA já tem processo formalizado, para investigar se a transação de compra e venda de dois lotes, entre Elizabeth e assentados e está fazendo levantamento para formalizar processo sobre os lotes do coronel da PM ,”explicou o deputado.
Situação dos cinco assentamentos da Grande Mucatu
O deputado estadual Frei Anastácio (PT) está contestando as informações repassadas à imprensa pelo advogado da cerâmica Elizabeth, de que a área da grande Mucatu, em Alhanda,Conde e Pitimbu não é de assentamentos da reforma agrária, e que seria um paraíso de granjeiros. “O advogado está usando de má fé, ou não tem conhecimento sobre aquelas terras. Eu fiz um levantamento de toda área, no INCRA, e constatei que dos 201 lotes da grande Mucatu,apenas 40,8% estão emancipados,ou seja, já receberam o título definitivo da terra”, disse Frei Anastácio.
O parlamentar explica que isso significa que apenas 82 famílias já pagaram o que deviam ao INCRA, mas, mesmo assim, os lotes não perderam a designação de assentamento. Dessa forma, a grande maioria ainda está totalmente ligada ao INCRA e trabalha de sol a sol para tirar o sustento da família. “Dizer que a área é um reduto de granjeiros, significa uma afronta às famílias que trabalham duro para sobreviver”, afirma o parlamentar.
“É bom lembrar que enquanto um lote não é emancipado, o assentado não pode realizar qualquer negócio com ele. Se houver venda, as duas partes ficarão no prejuízo, já que o lote é retomado pelo INCRA e tanto quem vendeu,como quem comprou irá responde a processo na justiça. Essa é a realidade de quase 60% dos assentados da grande Mucatu, que não podem fazer nenhum tipo de negócios com os lotes”destacou Frei Anastácio..
Diante do levantamento, Frei Anastácio também rebate as notícias de que 70% dos lotes já teriam sido vendidos na grande Mucatu. “As informações que temos dão conta de que num universo de 201 lotes apenas oito pessoas venderam, que foram Luiz Marinheiro, Manuel Araújo, João Barbeiro, Mário Firmino, Hildo Capitulino,Pedro Virginio e José Cosme.Isso representa apenas 3,9%,longe do percentual de 70%”,enfatizou.
O parlamentar disse que a Paraíba é o único estado no Brasil onde uma área de assentamento da reforma agrária está sendo alvo do interesse da administração pública, com destino ao capital privado. “Mais de 10 mil famílias serão atingidas com as fábricas, que estão sendo planejadas para a área. E se algumas famílias estão vendendo suas terras para a cerâmica Elizabeth, a grande maioria não quer fazer nenhum tipo de negócio, nem quer sair da área. E eu estou ao lado dessas famílias que chegaram até a derramar sangue na luta por aquelas terras, que foram as primeiras áreas a serem desapropriadas para reforma agrária na Paraíba, na década de 70”, destacou.

MODIFICADO DE: http://showdamanhapb.blogspot.com/2012/01/padres-de-varios-paises-visitam-area-de.html