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domingo, 1 de julho de 2012

Memórias do Saque


Há dez anos, a Argentina vivia uma grande revolta popular. O presidente Fernando de la Rúa, eleito em 1999 com promessas de mudanças, apenas dera continuidade à política econômica de seu antecessor, Carlos Menem, que afundava o país em uma grave crise econômica e social. O desemprego e a pobreza aumentavam assustadoramente, e em dezembro de 2001 eram registrados saques a supermercados em diversas cidades. Em resposta, no dia 19 o governo decretou estado de sítio para tentar controlar a situação. O efeito foi oposto: o povo decidiu sair às ruas e desafiar a medida autoritária de um governo a cada dia mais impopular. Batendo panelas (o famoso cacerolazo, ou “panelaço”), em Buenos Aires milhares de pessoas tomaram a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino. No dia seguinte, 20 de dezembro, nem a feroz repressão policial que deixou mais de 30 mortos foi capaz de desocupar a Praça de Maio. Desesperado, De la Rúa chegou a propor que a oposição peronista passasse a integrar um governo de “união nacional”. A proposta foi recusada, e sem apoio político nem popular, o presidente renunciou, deixando a Casa Rosada de helicóptero. Uma boa ideia no dia em que a derrubada de De la Rúa pelo povo completa dez anos é assistir ao documentário “Memórias do Saque” (Memorias del Saqueo), de Fernando Solanas. O filme mostra como se deu o endividamento e o consequente empobrecimento da Argentina – que adotou um programa “anticrise” semelhante ao que hoje é aplicado nas economias europeias mais frágeis como a Grécia, um remédio que apenas piorou a “doença”. Pois salvar os bancos não significa que o povo passará a viver melhor – muito antes pelo contrário.
FONTE: http://caouivador.wordpress.com/2011/12/20/memorias-do-saque/

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