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domingo, 15 de julho de 2012

ACCEPT WHAT IS


Eu sou sobrevivente de uma época em que reclamar os seus direitos lesados era considerado no mínimo "ousado demais", "perigoso demais", e no máximo era ser subversivo mesmo. O conformismo era a regra, o ufanismo era o sentimento que a mídia nos infligia goela abaixo. Pão e circo! Afinal de contas, era a época do "milagre financeiro", vivíamos num país que vai prá frente. Ame-o ou deixe-o, diziam. E nós, engolindo, engolindo, engolindo... Ai de quem ousasse botar o pescocinho para fora do engradado! Contestar? Quem era maluco?! Dar uma de Vandré, de Chico Buarque, de Vladimir Herzog? Eu heim... Naquela época, eu confesso que vivia bem alienadinha. Via o bicho pegando, mas fingia que não era comigo. Afinal de contas, eu não era "uma daquelas". Eu conhecia meio que literariamente, através de leituras secretas e de conversas à meia voz, a temática da luta de classes, da exploração do oprimido pelos grandes e desenvolvidos, confesso que era até simpatizante daquela gente jovem e corajosa, daqueles barbudos estilo Che Guevara, moços e moças idealistas que eram dizimados pelo "poder". Mas ficava nisso. Ia para os meus bailinhos, seguia a moda ditada pela mídia, amava os Beatles e os Rolling Stones. Se pá, até confessei e comunguei. Mas, porém, todavia e contudo, o tempo passa. As coisas mudam. La tortilla se dió la volta. Quem estava embaixo, agora está no "puder". Lula, Fernando Henrique, Serra, Dilma, Gabeira, outros tantos aí. Gente que levou pau, que fugiu a toque de caixa, que viveu no exílio (enquanto eu bebia Cuba Libre nos bailinhos da vida). Mais que isso: está começando a nascer uma consciência de classe no povão. De pertencimento, de inclusão social, e, consequentemente, um crescente conhecimento dos direitos - e não só dos deveres, como era antigamente. O fato de eu ser CONSUMIDOR é que faz a indústria, o comércio os serviços, tudo andar prá frente. Não existe mágica: consumo, logo sou. É por essas e por outras que o consumidor exerce o seu sagrado direito de reclamar, de alertar os outros consumidores sobre o bom e o mau produto. É o sagrado "jus esperniandi" dos juristas, o direito de espernear. De botar a boca no trombone, e formar a opinião - e não se apenas dirigido pela opinião da mídia.
MODIFICADO DE: http://casosligeiros.blogspot.com.br/

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