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domingo, 1 de julho de 2012

Convenções partidárias: o Tambaqui está fora da chapa


Tanto em Belém como em Santarém nunca vi um quadro pré-eleitoral tão chulo, tão sem alternativas. As convenções são o exato espelho da nossa vida partidária, partidos que nada mais são do que amontoados de grupos de interesse, dedicados de tempo integral à intriga e aos conchavos os mais estapafúrdios e anti-sociais. (resende.com.br) Neste fim de semana de convenções partidárias o popular tambaqui está a 12 reais o quilo no principal centro de abastecimento de Santarém. O pirarucu, a despeito da grande fartura da espécie, está por inacreditáveis 25 reais o quilo. Um dos preferidos dos eleitores mais pobres, o aracu, variando entre 10 e 12 reais no Mercadão 2000. É óbvio que estes temas assim "rasteiros" não entram nas pautas dos partidos. Nem dos governos. Só interessam à massa dos eleitores pobres, cada vez com mais dificuldades de se alimentar de modo sadio, consumindo produtos de que a região é riquíssima: o pescado. Assim como as convenções não tratam destes assuntos "vulgares", não se interessam pelos assuntos de fundo, não tratam das questões básicas do povo, como a alimentação caríssima, a falta de limpeza da cidade, o abandono do interior, não têm um projeto de sociedade, enfim. Se não pensam no presente, como pensar o futuro da educação, do saneamento, da saúde pública, da autoestima do zé-povo? As convenções partidárias são o exato espelho da nossa vida partidária, partidos que nada mais são do que amontoados de grupos de interesse, dedicados de tempo integral à intriga e aos conchavos os mais estapafúrdios e anti-sociais. E assim esses grupos chegam ao governo e às assembleias, para desenvolver projetos que beneficiam a si próprios e fazer discursos dizendo uma coisa para, nas cozinhas das câmaras e assembleias fazer aquilo que os motiva: vantagens a si próprios. Capazes de fazer qualquer negociação à revelia dos eleitores, promovem alianças entre deus e o diabo, prova de que seus interesses pessoais valem muito mais do que o respeito ao povo que os sustenta com seu trabalho e seus impostos. Tanto em Belém como em Santarém nunca vi um quadro pré-eleitoral tão chulo, tão sem alternativas. Moro em Belém e voto em Santarém. Se votasse na capital, talvez por birra escolheria o pior dentre os que têm alguma chance de ir ao segundo turno: José Priante, do PMDB. Seria a segunda vez que votaria nesse partido. A primeiro foi logo após o fim da ditadura, quando votei em Jáder para governador, o tio do Priante. Naquele momento ainda nos enganávamos que estávamos votando em alguém que se contrapôs ao regime militar. Triste engano: meses depois da posse a Polícia de Jáder deu, literalmente, um pisão no peito de dom Erwin Krautler, o lutador de Altamira. Qual a diferença com o regime durante o qual tantos nos ludibriaram, passando de democratas da boca para fora? Como sou eleitor de Santarém, não identifico um nome sequer em quem votar. Talvez vote no Tambaqui, ou no Aracu. Quem sabe a Cangoia! Como a esperança é última que morre, quem sabe da próxima vez alguém se lembre de levá-los às convenções, pelo simbolismo do que representam: os anseios populares por governos com um mínimo de decência, com um mínimo de sinceridade no que falam. Mas isso só pode ser obra coletiva da sociedade. Dia chegará em que, ao menos, teremos, nós eleitores, um mínimo de possibilidade de influir na escolha dos candidatos e que não sejamos apenas obrigados a votar em indivíduos e grupos escolhidos por eles mesmos, na escuridão da ilegitimidade. FONTE: http://blogmanueldutra.blogspot.com.br/2012/07/convencoes-partidarias-o-tambaqui-esta.html

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