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segunda-feira, 9 de abril de 2012

CORRIDA AO FIES APÓS O JURO CAIR

URO MENOR PROVOCA CORRIDA RUMO AO FIES
Correio Braziliense - 07/04/2012



Com o corte de 9% para 3,4% ao ano na taxa do crédito educativo, a expectativa do governo é de que o número de contratos fechados com a Caixa e o Banco do Brasil supere 152,4 mil de 2011 e chegue a 350 mil em 2012



Governo corta de 9% para 3,4% ao ano o custo do financiamento estudantil. Total de contratos bate recorde

O estudante Phillipe Lima, 23 anos, é daqueles que contam os centavos na hora de gastar o suado dinheiro. Desde a infância, aprendeu valorizar a luta dos pais para lhe dar o melhor. Ele sabia, porém, que, quando crescesse, teria de batalhar para bancar o curso de direito que tanto almejava. Encaixar as mensalidades no apertado orçamento da família seria quase impossível. "Só pensava no crédito educativo", conta. O problema estava nas regras impostas pelo governo para o financiamento estudantil. Juros, prazo de pagamento curto demais, tempo para dar entrada nos documentos. Tudo dificultava os seus planos.

Do ano passado para cá, depois de muita insistência dos estudantes, o horizonte se abriu para Lima e milhares de jovens que, sem apoio de uma linha de crédito acessível, não têm a menor condições de chegar à universidade. O governo, que havia facilitado a vida dos que queriam comprar a casa própria e o carro zero, decidiu fazer do financiamento estudantil uma arma para tirar o Brasil do atraso na educação.

Não só reduziu as taxas de juros do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), de 9% para 3,4% ao ano, como ampliou o prazo para a quitação da dívida e passou a oferecer empréstimos o ano interior e não apenas no início do período letivo. Resultado, nunca tantos estudantes se renderam ao crédito educativo.

A perspectiva é de que, apenas nos quatro primeiros meses deste ano, o volume de financiamentos por meio do Fies supere os 152,4 mil contratos assinados em todo 2011. Até o fim de março, 127 mil universitários já haviam sido beneficiados e 36 mil estavam à espera do sinal verde do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, responsáveis pelas linhas de crédito. A meta do governo é de que o ano feche com 350 mil jovens contemplados. E Lima estará entre eles. "Sem o apoio do Fies, tudo seria diferente. A mensalidade do meu curso de direito custa R$ 1.173,75. É muito dinheiro", diz.

Vantagens
O futuro advogado ressalta que a redução da taxa de juros foi preponderante na hora de optar pelo financiamento. "As taxas de juros caíram sensivelmente. Com os encargos anteriores, eu pagaria muito além do valor do meu curso somente em juros", destaca. O rapaz ressalta, no entanto, que, mesmo com todas as vantagens, a universidade ainda lhe sairá caro. "Mas tenho absoluta certeza de que valerá a pena, pois o mercado de trabalho está cada vez mais seletivo. Tenho consciência de que, não fosse o crédito educativo, eu não estaria estudando", completa. As estimativas dos bancos mostram que, dos jovens que têm entrado no curso superior apoiados por linhas de crédito, 80% são os primeiros de suas famílias a chegarem à universidade.

Lima também foi beneficiado pela ampliação do prazo de pagamento. Antes de 2010, ele pagaria o empréstimo em, no máximo, duas vezes o tempo do curso almejado. No seu caso, como optou por direito, teria 10 anos para quitar os cinco de estudo — do ingresso à formatura. Agora, no entanto, ele tem até 16 anos para pagar o Fies, ou seja, o triplo do tempo de curso mais um ano. Essas mudanças, por sinal, fizeram, segundo o Ministério da Educação, dobrar o número de alunos que procuram financiamento.

Nos cálculos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em 2009, 32 mil estudantes foram contemplados pelo Fies. Um ano depois, o número subiu para 75,6 mil. Em 2011, atingiu 152,4 mil. "Neste ano, esperamos um novo salto. Além das 127 mil operações já oficializadas, outras 36 mil ainda estão em andamento", explica o diretor de Gestão de Fundos e Benefícios do FNDE, Antônio Corrêa Neto.

Inadimplência
Segundo o diretor de Empréstimos e Financiamentos do Banco do Brasil, Marcelo Augusto Dutra Labuto, a instituição já fechou mais de 65 mil operações de Fies neste ano. "Inicialmente, a expectativa era de encerrarmos 2012 com um estoque de 120 mil contratos, considerando o acumulado desde 2010. Com o desempenho do primeiro trimestre, contudo, elevamos a estimativa para 150 mil", afirma. O BB pretende desembolsar R$ 5 bilhões neste ano, mais do que o dobro do total desembolsado nos dois anos anteriores, de R$ 1,7 bilhão. Até 2010, a única operadora do Fies era a Caixa, que não quis se pronunciar sobre o assunto.

Apesar de positivo para a educação brasileira, Corrêa Neto, do FNDE, reconhece que o grande salto no número de estudantes que ingressam nas faculdades por meio do Fies pode representar um risco para o fundo, que bancará R$ 2,5 bilhões dos financiamentos neste ano. Motivo: a disparada da inadimplência, um problema para o FNDE e para as instituições educacionais, que assumem, juntos, o a responsabilidade pelo não pagamento das dívidas.

"Mas temos de arcar com os riscos, inerentes a qualquer negócio", pondera o diretor do FNDE. O país, admite ele, precisa urgentemente de profissionais qualificados para sustentar o crescimento econômico. Por isso, o governo deve investir pesado em educação. "De qualquer forma, acreditamos que a inadimplência será baixa, tendo em vista as prestações mais acessíveis com o novo programa", acrescenta. Ele projeta um índice de atrasos abaixo de 5%, taxa considerada aceitável, segundo o mercado financeiro. "Ainda é muito cedo para termos uma ideia concreta da inadimplência, já que os estudantes que adotaram o Fies com as novas adaptações não se formaram", afirma.

Baixa capacitação

A baixa qualificação profissional é um dos principais gargalos do Brasil. A média de escolaridade no país é de apenas 7,2 anos de estudo. Para tentar mudar esse quadro, o Plano Nacional de Educação exige que 33% dos jovens de 18 a 24 anos estejam no ensino superior até 2020. Significa inserir pelo menos mais 5 milhões de pessoas nas faculdades e universidades.

VIA: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/7/corrida-ao-fies-apos-o-juro-cair

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